sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

24

Imagem extraída de www.facebook.com/Kobe/



-"Vinte e quatro aqui não"! -Declarou o diretor de futebol do Corinthians, Duílio Monteiro Alves, no dia 10 de janeiro de 2020 durante a apresentação do meia Victor Cantillo sobre a possibilidade do colombiano utilizar a camisa de número 24. O dirigente, horas depois, se desculpou pela brincadeira.

O número 24 possui uma conotação pejorativa aqui ni Brasil. No jogo do bico, o número é atribuído ao animal veado, termo também utilizado para ofender homossexuais.

Quiz o destino, no entanto, que o número 24 recebesse outra conotação duas semanas após a infeliz declaração de Duílio. Um significado totalmente doloroso em virtude da morte do ex-jogador de basquete Kobe Bryant.

O ex-astro do Los Angeles Lakers ficou eternizado pelas camisas de número 8 e 24. O clube aposentou os dois números quando o atleta deixou as quadras, mas sem dúvida foi o 24 que marcou a vitoriosa carreira do jogador.



Imagem extraída de www.facebook.com/ecbahia



A morte de Bryant gerou uma comoção mundial. E o Brasil não foi exceção com várias pessoas e entidades ligadas ao meio esportivo prestando homenagens ao atleta.

Uma das homenagens, por acaso, foi justamente o uso do número 24, o mesmo tão odiado pela nossa cultura homofóbica. Vários times e atletas disputaram partidas utilizando camisas com o número que Bryant eternizou.

Foi bonito, ainda que tenha sido apenas durante o momento do luto, que os brasileiros tenham esquecido o significado pejorativo atribuído àquele número e colocado a memória de Bryant acima de qualquer ódio ou preconceito.



Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc/


Foi muito mais bonito a reação do torcedor, justamente aquele que mais fica incomodado por temer que seu clube de coração se torne motivo de chacota para os rivais. O publico em geral abraçou as homenagens a Bryant independente de qualquer significado pejorativo atribuído àquele número. Visitei perfis nas redes sociais durante o período de luto a Bryant e as reações às homenagens foram todas positivas.

Seria excelente que ódio e preconceito não mais existissem. O Brasil ainda está longe de ser um exemplo na luta contra a homofobia, mas deu uma demonstração de humanidade e solidariedade nesta semana marcada por uma tragédia que abalou o mundo esportivo.

Ainda há esperança para o Brasil. E Cantillo já pode utilizar seu número preferido sem temer a reação dos torcedores.



Imagem extraída de www.facebook.com/Kobe/


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