terça-feira, 17 de novembro de 2020

Fomos Injustos com Tite?

Imagem extraída de www.facebook.com/CBF



Quem acompanhava o blog antes daquela pausa entre 2016 e 2020 deve se lembrar de como eu era crítico e até injusto com a Seleção Brasileira e seus treinadores. Questionava convocações, escalações e táticas sempre com argumentos bastante contundentes.

Hoje, contudo, vejo que fui injusto em muitos textos que escrevi no passado. Há, obviamente, muito a se questionar sobre as atitudes de Tite e também da CBF. Mas também temos de nos esforçar para tentar enxergar pelo ponto de vista do treinador, algo que muitos profissionais da imprensa e torcedores não fazem antes de sair chamando o técnico de "burro".

Não assisti ao jogo contra a Venezuela, realizado na última sexta-feira e que foi válido pelas Eliminatórias da Copa 2022. Vi através de programas e sites esportivos que o Brasil fez uma exibição muito fraca diante da apenas esforçada Vinotinto, que é considerada a pior seleção do continente.

O Brasil venceu pelo magro placar de 1x0 (gol do atacante Roberto Firmino), apresentou um futebol burocrático, o meio-de-campo teve pouca criatividade (Tite mandou a campo dois volantes e um meia mais defensivo) e torcedores pediram a cabeça de Tite após esta exibição sem brilho da Seleção.

A nossa Seleção, ainda assim, lidera a competição com 100% de aproveitamento. O Brasil ainda não perdeu jogos nesta eliminatória mas as críticas seguem de forma bastante contundentes a despeito dos resultados, algo um tanto contraditório visto que, culturalmente, nos preocupamos mais com os placares do que com o futebol praticado. Ou será que Dome e Diniz estavam errados em suas entrevistas recentes?



Imagem extraída de www.facebook.com/CBF



Comecemos pelo óbvio: os desfalques. Tite precisou cortar oito de seus convocados por lesão ou COVID-19. Neymar, Rodrigo Caio, Philippe Coutinho e muitos outros ficaram de fora contra a Venezuela. Os jogadores tiveram problemas de entrosamento, algo difícil de se obter com menos de uma semana de treinos. O treinador, ademais, não contava com muitos de seus atletas de confiança o que justificou uma formação mais cautelosa mesmo diante de um rival frágil.

Tite também realizou duas coisas que profissionais da imprensa e torcedores vivem pedindo: testes e também ofereceu oportunidades a jogadores que atuam no Brasil. Éverton Ribeiro, Cebolinha, Pedro, Ederson e Paquetá foram alguns que receberam chances durante a partida contra a Venezuela. O desempenho talvez não tenha sido dos melhores devido à falta de entrosamento ou ao nervosismo da estreia e é fato que alguns deles jogaram apenas em virtude dos desfalques, mas não deixa de ser uma tentativa de se agradar aos críticos.

Tite, por fim, entrega exatamente o que o brasileiro vive pedindo: resultados. O torcedor vive afirmando que prefere que o time vença jogando mal do que perder jogando bem. O treinador gaúcho sabe mais do que ninguém como montar equipes resultadistas e que sabem jogar com o regulamento, embora tenha vivido uma fase mais ofensiva em sua última passagem pelo Corinthians. Ademais, o técnico está preocupado com seu emprego. Ele sabe que perdeu o respaldo de fãs e dirigentes após a eliminação diante da Bélgica em 2018. O comandante, portanto, precisa ser produtivo por mais que isto signifique atuar com pragmatismo e cautela excessiva.

Cabe, por fim mencionar, que foi o próprio torcedor quem pediu Tite na Seleção em 2016. O técnico foi endeusado de tal maneira que o brasileiro o enxergava até como "presidente do Brasil" para 2018. Mas o treinador gaúcho não é infalível, não é um deus, não é um super-herói. É um ser humano que, entre erros e acertos, tenta conseguir os tão desejados resultados.



Imagem extraída de www.facebook.com/CBF




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