domingo, 1 de novembro de 2020

Ronaldo, Brilha Muito na Sala de Aula




Era 2011. Eu estava na pós-graduação quando me inscrevi em uma disciplina de ensino de fisiologia endócrina. Ao frequentar as aulas eu poderia gastar boa parte da meta de horas (para quem não sabe, pós-graduandos precisam cumprir uma determinada carga horária em disciplinas) e também estaria apto a participar do programa de monitoria de alunos.

A disciplina funcionava da seguinte maneira: éramos dez alunos e cada um teria de elaborar alguma atividade didática a respeito de alguma glândula do sistema endócrino a ser definida por sorteio. Eu recebi a tireoide. Nós, posteriormente, iríamos aplicar os nossos trabalhos em sala de aula.

O atacante Ronaldo, naquela época, estava anunciando sua aposentadoria. O jogador declarou, na ocasião, que estava acima do peso em decorrência de hipotireoidismo, uma disfunção da glândula que a faz produzir menos hormônio que o normal. O craque afirmou, ainda, que não poderia fazer uso dos medicamentos, que poderiam fazê-lo perder peso, porque isto seria considerado doping. Quando eu vi isso, pensei: por que não unir o útil ao agradável?

Elaborei, então, uma atividade utilizando o caso clínico de Ronaldo como tema. Nem precisei realizar muitas pesquisas a respeito da glândula porque eu trabalhava com metabolismo e eu conhecia dezenas de pessoas que faziam uso de medicamento para tireoide. Minha amiga Karina me ajudou a editar um vídeo com o depoimento do jogador e o trabalho já estava pronto em questão de minutos.



A despedida de Ronaldo me rendeu uma grande ideia para aulas
 práticas (imagem extraída de www.facebook.com/CBF)!



Aplicamos a atividade em uma sexta-feira pela manhã. E os alunos me surpreenderam muito positivamente, utilizando ótimos argumentos em suas respostas a respeito do caso clínico de Ronaldo. Tivemos um debate bastante produtivo em sala de aula.

Pensei, algum tempo depois, como aulas teóricas e expositivas são chatas. Poucas pessoas aguentam ver um sujeito falando direto durante horas por mais que o assunto abordado seja interessante.

O resultado que eu tive com a atividade que eu elaborei me fez refletir muito a respeito dos métodos que aplicamos em sala de aula. Por que não tornar o ensino mais atraente para os alunos utilizando coisas mais práticas, incluindo sua aplicação no cotidiano ou assuntos que eles gostem?

Nós iríamos aplicar nossas atividades em uma turma de educação física. A maioria das pessoas que frequenta o curso aprecia o esporte de alguma forma. Então, por que não utilizar o futebol como tema para aulas? Não escolhi o caso clínico do Ronaldo apenas porque eu gosto do assunto, mas também porque pensei que os alunos também apreciariam. E, pelo que senti em classe, acho que eles curtiram.

O futebol pode ser considerado algo fútil -há quem diga que é o "ópio do povo". Mas o esporte me rendeu uma ideia que, se não foi interessante, pelo menos serviu para aumentar o interesse dos alunos pelas aulas, nem que fosse apenas por alguns momentos.







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