sábado, 28 de novembro de 2020

O Fundo do Poço

Casagrande e Sócrates: irreverentes, contestadores, politicamente ativos e
problemas com drogas (imagem extraída de www.facebook.com/wcasagrandejr)



Tão marcante quanto a morte de Diego Maradona na última quarta-feira, a imagem do ex-atacante Walter Casagrande Júnior se desfazendo em lágrimas não saiu de minha cabeça. Casão chorou muito e não foi apenas por admiração ao argentino. O comentarista tem muita identificação com o Pibe: ambos foram craques com a bola, sempre foram muito questionadores, sempre foram politicamente ativos, tiveram envolvimento com drogas e, principalmente, os dois já chegaram ao fundo do poço em decorrência dos vícios.

O texto que fiz em homenagem a Maradona continha um parágrafo onde mencionava três jogadores com o mesmo perfil do argentino e que também passaram pelo mesmo drama vivido pelo Pibe: Paulo César Caju, Sócrates e o próprio Casagrande. Citei, ainda, o ex-botafoguense Afonsinho, igualmente contestador mas que, felizmente, não apresentou problemas com entorpecentes ao contrário dos demais lembrados.

Não é segredo que Maradona teve uma vida totalmente desregrada ao longo de sua carreira e que todos os seus excessos cobraram o preço. O Pibe apresentou diversos problemas de saúde após sua aposentadoria, além de recaídas com os vícios, exatamente como aconteceu com os três personagens deste texto.



Paulo César Caju (ao centro) vendeu sua medalha de campeão da Copa de 1970
para sustentar seu vício (imagem extraída de www.facebook.com/Botafogo)



Até hoje me lembro quando Casagrande admitiu seus vícios. O comentarista havia se envolvido em um acidente de carro em 2007 e se mostrava bastante alterado durante as entrevistas. O ex-jogador, dias depois, se internou em uma clínica para dependentes químicos e confessou que estava sob efeito de drogas durante o incidente. O ex-atacante escreveu um livro, "Casagrande e Seus Demônios" (da Globo Livros), onde conta suas experiências com os narcóticos.

Paulo César Caju é bem conhecido pelos leitores antigos do blog. Eu sempre menciono que o ex-botafoguense foi uma das minhas inspirações para escrever visto que eu sempre lia sua coluna no extinto Jornal da Tarde. Caju, assim como Maradona e Casagrande, também se envolveu com drogas e chegou a ser internado duas vezes em clínicas para dependentes, como ele mesmo contou em entrevista para a revista Isto É. O ex-meia, mais tarde, confessou em entrevista à emissora Globo News que se desfez da medalha que ganhou na Copa de 70 para sustentar seus vícios. Hoje ele se diz "limpo" e escreve na revista Placar.

Sócrates não teve a mesma sorte de Caju ou Casagrande. O Doutor, que sempre apreciou uma vida boêmia, apresentou complicações em decorrência do alcoolismo em 2011 e foi internado várias vezes até falecer ao final daquele ano.

Foi impossível não correlacionar o drama vivido por Maradona com o de Caju, Sócrates ou Casagrande. Quatro personalidades com o mesmo perfil e que chegaram ao fundo do poço em decorrência de drogas, sejam elas lícitas ou ilícitas.

As lágrimas de Casagrande não foram uma mera busca por audiência. O comentarista conhece muito bem a dor vivida por Maradona e sobreviveu para contar a história. E cabe lembrar que seu melhor amigo, Sócrates, faleceu em decorrência do mesmo problema, ainda que a droga tenha sido lícita.



Sócrates não resistiu após um ano lutando contra complicações causadas 
pelo alcoolismo (imagem extraída de www.facebook.com/corinthians)




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