quinta-feira, 1 de abril de 2021

Müller, o Injustiçado

Imagem extraída de www.facebook.com/es.muellert



Quem acompanha o blog desde 2013 sabe que na Alemanha eu simpatizo com o Borussia Dortmund, mas admiro muitos jogadores identificados com o arquirrival Bayern München. E o meia-atacante Thomas Müller é um deles.

Vi Müller jogar pela primeira vez durante a Copa 2010. O jogador, então com apenas 20 anos, tinha a responsabilidade de substituir o capitão Michael Ballack, cortado por lesão. O atleta não sentiu o peso da camisa 13 e, atuando aberto pela direita (ele joga centralizado no Bayern), o meia fez um gol atrás do outro. Conseguiu um bom terceiro lugar naquele mundial, foi um dos artilheiros da competição e foi eleito revelação do campeonato.

O ciclo seguinte seria ainda melhor para o alemão. Após a decepção na Champions League de 2012, quando viu o Chelsea erguer a "Orelhuda" em plena Allianz Arena; Müller conquistou a tríplice coroa com o Bayern em 2013 e a Copa do Mundo pela Alemanha no ano seguinte. Ok, esta última lembrança não é muito agradável para nós brasileiros mas temos de reconhecer os méritos da Mannschaft e do meio-campista.

Boas fases, infelizmente, não duram para sempre e o rendimento de Müller caiu no ciclo seguinte, sobretudo entre 2017 e 2018 quando o meia quase foi negociado com o Barcelona. Não obstante, seu desempenho na Copa 2018 foi pífio, quando o jogador apenas correu em campo e a Alemanha foi eliminada ainda na fase de grupos para a Coréia do Sul. O alemão, porém, deu a volta por cima, faturou a sua segunda tríplice coroa com o Bayern e seu nome voltou a ser pedido na Nationalelf pelos torcedores.



Imagem extraída de www.facebook.com/es.muellert



Müller é um jogador completo: possui talento, técnica, velocidade, tamanho e ainda pode desempenhar várias funções em campo. Seu currículo, como pudemos ver no texto, é recheado de conquistas. Tantas virtudes e troféus nos fazem questionar: por que o alemão nunca esteve sequer entre os três melhores jogadores do mundo?

Não foi por falta de publicidade ou carisma que Müller nunca esteve entre os três melhores. O alemão é presença frequente nas redes sociais, possui dezenas de patrocinadores, é simpático nas entrevistas e é até zoeiro -o meia já foi flagrando soltando palavrões durante uma reportagem e seu amigo Dante o "acusa" de fazer bullying até hoje pelo 7x1.

Reconheço que nos anos em que o Bayern conquistou a tríplice coroa, havia destaques individuais melhores que Müller -em 2013 Robben e Ribéry foram melhores, enquanto em 2020 Neuer e Lewandowski tiveram mais destaques. O meia alemão, no entanto, poderia ao menos ficar entre os três finalistas pela Bola de Ouro em alguma ocasião, sobretudo em 2014 quando foi fundamental para a conquista do tetracampeonato. Há anos, porém, a Copa do Mundo não é mais levada em consideração na eleição para o melhor jogador do mundo.

Talvez a razão pela qual Müller nunca tenha figurado entre os três melhores do mundo seja justamente uma de suas qualidades, a de jogar muito mais pela equipe do que por ele mesmo. Em uma era em que o jogo coletivo faz muito mais a diferença do que as individualidades, temos cada vez menos protagonistas em campo. O alemão, apesar dos muitos gols anotados, nunca foi "fominha" e, provavelmente, isto diminuiu os holofotes sobre ele.

Müller nunca precisou de uma Bola de Ouro para provar que é um grande jogador. Seus feitos e qualidades em campo falam por ele, mas o alemão sem dúvida merecia, ao menos ficar entre os três finalistas pelo prêmio.



Imagem extraída de www.facebook.com/es.muellert




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