domingo, 18 de abril de 2021

Pedido de Demissão




Hoje eu pensei em não contar uma história minha, como se tornou rotina aqui no blog aos domingos. Tive uma semana bastante pesada e não me sentia no clima para contar algo divertido, mas estamos passando por um momento bastante turbulento e resolvi trazer um pouco de entretenimento a despeito de tudo o que aconteceu.

Já contei em outros posts que eu e meus colegas do Instituto de Ciências Biomédicas costumávamos jogar bola de vez em quando. Eu era muito ruim mas ia mesmo assim para me enturmar com os companheiros.

Meu chefe também ia de vez em quando. Ele sempre foi muito ocupado e raramente descia conosco para a quadra. Quando aparecia, geralmente já era quase noite e já estávamos quase todos cansados. Em muitas das ocasiões eu nem me encontrava com ele nas partidas visto que costumava ir em bora por volta das dezoito horas.

Os jogos inicialmente eram restritos ao pessoal do meu laboratório, o 105. O técnico costumava convidar outros funcionários do instituto para jogar e completar o número de jogadores em quadra. Com o tempo, porém, passamos a convidar os vizinhos. E eles eram muito bons, quase todos formados em educação física, com bom preparo físico e muito conhecimento nos fundamentos.

Um desses vizinhos jogava demais. Ouvi dizer que ele chegou a jogar na base de alguns clubes profissionais antes de optar pela pós-graduação. Ele tinha um fôlego digno de um maratonista, ganhava todas as divididas e driblava muito. Era admirável vê-lo em quadra.






Uma vez estavam o meu chefe e esse vizinho em quadra em equipes adversárias. O professor e o pós-graduando dividiram uma bola e o docente foi para o chão. Os dois se desculparam após o incidente e o jogo prosseguiu sem problemas, mas o momento do lance foi acompanhado de muita gritaria e risos contidos.

Quando cheguei no trabalho no dia seguinte ao ocorrido, meus colegas estavam todos rindo e afirmando que o vizinho seria dispensado a qualquer momento. O meu orientador era também chefe de departamento na época e meus amigos diziam em tom de brincadeira que o pós-graduando em questão corria o sério risco de ser demitido por ter derrubado o docente em quadra!

Lembro que encontrávamos o vizinho no corredor e os colegas gritavam: "Aí, vai ser demitido"! A zoeira durou cerca de uma semana com aquela expectativa de que o aluno iria embora a qualquer momento por causa de um jogo de futsal!

Perdi o contato com o vizinho. Eu sequer fiquei sabendo de quando ele defendeu a sua tese. Tínhamos uma proximidade relativa, afinal eu frequentava bastante seu laboratório, tínhamos muitos amigos em comum e sempre conversávamos bastante, seja sobre experimentos, seja sobre futilidades. Acho que a última vez que tive notícias dele foi em 2011 e ele estava dando aulas em uma universidade particular em paralelo com a pós-graduação.

Encontrei com o meu chefe pela última vez em 2016. Soube recentemente que ele deixou o instituto e foi se dedicar a outros tipos de pesquisa. Não falei mais com ele desde então e ainda estou lhe devendo uma visita, que irá demorar ainda mais para ocorrer em razão da pandemia...







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