quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Instabilidade

Imagem extraída de www.facebook.com/independientedelvalle



Acabou o sonho do palmeirense de contar com o treinador Miguel Ángel Ramírez. O espanhol aceitaria assumir o Verdão apenas após o término da temporada no Equador. Dirigentes palestrinos desejavam contratar o técnico para início imediato mas pesou a lealdade do comandante ao Independiente Del Valle.

Ramírez, segundo jornalistas, receberia um salário muito maior no Palmeiras e ainda teria direito a contratações -o lateral Ángelo Preciado e o meia Moisés Caicedo, ambos do próprio Independiente, seriam algumas das indicações. O espanhol, contudo, sempre demonstrou pouca vontade de deixar o Equador. Uma matéria publicada na ESPN explicava que o técnico aprecia trabalhar em clubes onde há estabilidade no cargo, algo que ele sempre desfrutou na altitude de Sangolquí.

O futebol brasileiro está longe de oferecer a estabilidade desejada por Ramírez. Treinadores são demitidos com apenas três ou quatro jogos disputados ao menor sinal de crise. Mesmo clubes considerados "grandes" trocam de técnico como se estivessem trocando de roupa.



Imagem extraída de www.facebook.com/independientedelvalle



A negativa de Ramírez nos faz refletir a respeito de algumas das mazelas enraizadas na cultura de nosso futebol. A própria falta de estabilidade dos treinadores é um mal em nossos times mas é algo tão rotineiro que não nos causa indignação alguma. A lealdade do técnico ao Independiente também nos mostra que é preciso enxergar mais do que os lucros ao fechar algum negócio -eu sempre deixo claro que, profissionalmente, não é errado mudar de clube em nome do dinheiro mas é preciso considerar outros aspectos além dos financeiros nas tomadas de decisões.

O espanhol, se aceitasse a proposta do Palmeiras (ou de qualquer outro clube brasileiro), trocaria a estabilidade no Independiente Del Valle pela pressão por resultados imediatos e a falta de planejamento típica de nossas instituições. Uma eventual eliminação ou uma sequência de derrotas certamente custaria a cabeça do técnico.

O futebol brasileiro não irá mudar a curto prazo até porque não há interesse da maior parte dos envolvidos mas a atitude de Ramírez demonstra que precisamos repensar a respeito de nossa cultura futebolística.

Gostaria, para finalizar, de citar uma frase escrita pelo jornalista Leonardo Miranda em seu Twitter e que resume bem a atitude de Ramírez diante de nosso caótico e aleatório futebol:

"A falta de um plano esportivo sério começa a cobrar seu preço".



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