segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Tenha Ciência




Os times precisam lidar com os problemas físicos de seus jogadores a cada temporada. Lesões, cansaço, fraturas e tantos outros. Aqui na América do Sul também são recorrentes os problemas relacionados à altitude quando nossas equipes precisam jogar em países como Colômbia, Peru, Bolívia e Equador.

Boa parte desses problemas poderiam ser amenizados ou mesmo evitados investindo-se em pesquisas científicas. Métodos de preparação física, nutrição/suplementação, prevenção e recuperação podem ser desenvolvidos e aperfeiçoados em laboratórios, hospitais e/ou universidades.

Conversei com um amigo em 2015 e soube que clubes como o Liverpool e o Lille firmam parcerias com universidades ou hospitais e realizam pesquisas científicas em conjunto. Não consegui informações suficientes para comprovar os retornos de tais investimentos, mas assistindo aos jogos dos Reds, pude notar o quanto seus jogadores conseguem manter a intensidade em campo durante os noventa minutos sem se cansarem. Certamente a instituição desenvolveu algum método de preparação física que permitisse aos seus atletas suportar toda a carga exigida pelo estilo de Jürgen Klopp. 

Outro exemplo prático foi explicado por um outro amigo, um fisioterapeuta, durante o ano de 2013. O colega, na ocasião, me contou que um atleta demorava cerca de um ano para se recuperar de uma ruptura do ligamento cruzado anterior, lesão semelhante à sofrida pelo zagueiro Virgil van Dijk. O companheiro demonstrou que pesquisas científicas aprimoraram os tratamentos para tal lesão e jogadores hoje levam cerca de seis meses para voltarem a campo, metade do tempo estimado de outrora.






O investimento em pesquisas científicas, porém, possui três desvantagens que nós brasileiros não costumamos tolerar: os custos são elevados (são necessários infra-estrutura, mão-de-obra qualificada, equipamentos caros e insumos muitas vezes importados), é necessário tempo e os resultados de todo este esforço nem sempre são os esperados. Podemos utilizar como exemplo o desenvolvimento de uma vacina para o coronavírus que está esbarrando justamente neste tipo de situação.

Nossos clubes, que agem muito mais pela pressa do que pelo raciocínio, dificilmente aplicariam recursos em algo tão dispendioso, demorado e sem garantia de retorno. Seria mais fácil importar os métodos prontos no exterior ao invés de se buscar a inovação por conta própria. Ademais, a própria situação deficitária de nosso futebol dificulta os investimentos em pesquisas científicas.

Um olhar a longo prazo, porém, elucida as vantagens de se correr tais riscos. Quando um clube tem em mãos algo inovador, tal instituição obtêm vantagens com relação aos concorrentes. E qualquer vantagem sempre é um diferencial em um meio competitivo como o esporte. No caso de pesquisas, há a possibilidade se se patentear e obter a exclusividade sobre um método, tornando-o inacessível aos rivais. Ou então, pode-se explorar comercialmente a metodologia possibilitando retorno financeiro.

As pesquisas científicas, certamente, são mais um diferencial dos clubes europeus em relação aos nossos.  Se o Liverpool de Jürgen Klopp consegue atuar noventa minutos ou mais em alta intensidade e sem se cansar, certamente há algum método inovador de preparação física por trás disto, devidamente desenvolvido e aprimorado por cientistas.







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