domingo, 11 de outubro de 2020

Ônus

Robinho foi contratado pelo Santos apesar da acusação de
estupro (imagem extraída de www.facebook.com/santosfc)



Eu costumo reservar os domingos para postagens mais alegres. Havia programado, em princípio, a publicação de uma crônica mais divertida envolvendo o autor, mas optei por postergar em respeito ao falecimento de um amigo. Deixarei, portanto, o post para a próxima semana.

O Santos anunciou ontem o retorno do atacante Robinho. Será a quarta passagem do Rei das Pedaladas pela Vila Belmiro. O Peixe, em princípio, relutou em contratar o jogador em virtude de uma acusação de estupro na Itália -o atleta foi condenado em primeira instância mas ainda cabe recurso- mas o clube acabou cedendo diante da necessidade de reforços. A reação dos torcedores, em sua maioria, foi bastante negativa e internautas não perdoaram.

O clube, ao repatriar o jogador, assume o risco de perdê-lo caso o atleta atue em algum país que tenha acordo de extradição com a Itália. Provavelmente, o Santos não utilizará Robinho em jogos internacionais (Libertadores e Sulamericana) para que não haja tal problema.


Imagem extraída de www.facebook.com/santosfc



O retorno de Robinho à Vila Belmiro se dá em um contexto muito semelhante às suas duas passagens anteriores: o jogador, em baixa no exterior, retorna ao clube que o revelou visando reerguer sua carreira.

O jogador, aos 36 anos, já encaminha para o final de sua carreira e, em princípio, viria à baixada para encerrar sua trajetória no futebol.

Há, contudo, a acusação do crime supostamente cometido em 2013 em solo italiano -estou utilizando as palavras "acusação" e "supostamente" porque ainda cabe recurso. Robinho foi praticamente expulso do Atlético Mineiro em 2017 quando a condenação em primeira instância saiu. O Santos e o São Paulo (a pedido do então treinador Dorival Júnior) abriram as portas ao jogador, mas tiveram de recuar diante das negativas dos torcedores e o atacante foi buscar refúgio na Turquia.

O peso da condenação parece ser maior que a idolatria neste momento. Os dirigentes santistas já haviam sentido há três anos atrás que Robinho não era bem-vindo à Vila Belmiro, mas decidiram arriscar devido à necessidade de reforços e à falta de verbas -o Rei das Pedaladas assinaria de graça e receberia um salário simbólico de apenas dez reais.

As consequências podem ser ainda mais pesadas a longo prazo, sobretudo com o advento da internet. Não foram raras campanhas de boicotes promovidas nas redes sociais contra clubes ou patrocinadores em situações semelhantes. E o Santos, em dificuldades financeiras, não está em posição de abrir mão de anunciantes.

O ônus pela contratação de Robinho pode ser muito maior que o bônus. A conferir.



Imagem extraída de www.facebook.com/santosfc




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