terça-feira, 27 de outubro de 2020

Teu Passado te Condena

Imagem extraída de www.facebook.com/scinternacional



O Internacional vive um excelente momento. O Colorado divide a liderança com o Flamengo no Brasileirão (fica na frente pelos critérios de desempate) e está vivo nas outras duas competições, a Copa do Brasil e a Libertadores. Tais feitos são ainda mais admiráveis diante das limitações financeiras do clube e do elenco curto. Méritos do treinador Eduardo Coudet e da união do grupo.

Há um ano atrás o Inter vivia uma situação bastante semelhante: praticamente o mesmo elenco curto mantinha-se brigando por uma vaga no G-6 do Brasileirão, estava vivo na Libertadores e também na Copa do Brasil. A pausa para a Copa América, porém, quebrou o ritmo da equipe e as eliminações vieram junto com a queda de rendimento no Campeonato Brasileiro. A falta de opções no banco também cobrou o seu preço na reta final da temporada e o treinador Odair Hellmann acabou demitido -de forma injusta em minha opinião.

Vale também resgatar o ano de 2015, quando o Inter chegou às semifinais da Libertadores mas caiu diante do Tigres, quando times mexicanos ainda participavam da competição. Dias depois, o treinador Diego Aguirre foi dispensado -também injustamente em minha opinião. O capitão D'Alessandro declarou em entrevistas posteriores que a demissão do uruguaio foi um erro durante aquela temporada.

Eduardo Coudet, apesar da boa fase, passou por uma jornada nada tranquila até chegar aqui. O argentino foi pesadamente criticado pelas oscilações da equipe ao longo da temporada e também pelos desempenhos ruins diante do arquirrival Grêmio -o Inter não venceu nenhum Gre-Nal em 2020. Torcedores e comentaristas chegaram a pedir a cabeça do comandante em virtude dos ocorridos.



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O jornalista André Rocha escreveu um texto há algumas semanas explicando o "erro" que o treinador Ramon Menezes cometeu à frente do Vasco. Segundo o articulista, o bom início de Ramon aumentou, e muito, as expectativas com relação ao cruz-maltino. O elenco curto, porém, cobrou seu preço. Não havia muitas opções no banco para criar variações de jogadas e o binômio Benítez-Cano logo se tornou manjado pelos adversários. A decepção devido à queda de rendimento foi tão profunda que causou a demissão do comandante.

O Inter, tanto na temporada de 2015 quanto na de 2019, não tinha tantas ambições com relação a títulos mas o bom momento do time em ambas as ocasiões deixou o torcedor eufórico e criou-se a expectativa de que seria possível conquistar algo mais do que o estadual. As frustrações com Aguirre e Odair, contudo, foram duras chamadas à realidade. A decepção com as eliminações somada à queda de rendimento custaram o emprego dos treinadores.

O Inter, cabe também mencionar, sofre do mesmo mal que o São Paulo, conforme expliquei em texto recente: muitos fãs colorados se acostumaram às grandes conquistas da década passada. A queda de rendimento com relação àquele período não foi bem aceita pelos torcedores "modinhas" e a tolerância com fracassos passou a ser menor.

A decepção nas temporadas de 2015 e 2019 foram grandes mas não justificavam a demissão dos treinadores que entregaram resultados muito acima dos esperados. Os dois técnicos mereciam mais tempo no comando pelo que apresentaram. O Inter agiu como um time desesperado, brigando contra o rebaixamento, e não por títulos, quando apresentou o bilhete azul aos dois comandantes.

O Inter de 2020 não conta com um grupo muito melhor que o da temporada anterior. O elenco permanece curto apesar dos reforços e provavelmente o time terá de priorizar alguma das competições se quiser brigar por algum título. E o calendário está mais apertado do que nunca em virtude dos jogos adiados devido à pandemia obrigando o treinador a poupar ainda mais os jogadores em muitas partidas.

Eduardo Coudet faz um trabalho excelente, digno de aplausos e elogios. Mas o treinador também criou uma armadilha para si próprio ao elevar as expectativas para o seu grupo. E o Inter já demitiu dois técnicos em situações muito semelhantes à do argentino. Que os dirigentes colorados tenham bom senso e não repitam com Coudet a injustiça que cometeram com Aguirre e Odair no caso de um eventual fracasso.



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