sábado, 10 de outubro de 2020

O Grito

Imagem extraída de www.facebook.com/cruzeirooficial



"Eu respeito muito o torcedor. Estou aqui há dezesseis anos, e sou cobrado em todos os lugares que vou. Sei a dor que o torcedor está sentindo, pois o Cruzeiro faz parte da minha vida. São dezesseis anos aqui. Mas a gente está colhendo o que a gente plantou".

"Estou batendo nessa tecla desde o ano passado. Os caras acham que a gente tem a caneta e pode resolver. A gente é simples funcionário do clube. O que é possível fazer dentro do campo, eu faço. Luto, me dedico, como todos os que entraram em campo aí hoje querendo a vitória. Infelizmente, ela não veio".

"A gente sabia que ia ser difícil há muito tempo. Desde janeiro a gente sabia que a situação não ia ser fácil, em todos os aspectos. Teve a pandemia e a gente sabia que ia ser mais difícil, ainda mais quando perdeu os 6 pontos".

"O torcedor está muito sentido, e eu entendo isso. Mas são coisas que foram plantadas lá atrás. Os títulos esconderam muita coisa. Estourou agora em quem está aqui, em quem abriu mão de um monte de coisa para ficar aqui e quer fazer o clube voltar para a Série A. Os outros, que fizeram um monte de coisa errada, sumiram".

"A responsabilidade agora é nossa. Ninguém está se escondendo. Todo mundo está colocando a cara e eu estou aqui, de peito aberto. Se a gente não se unir, vai ser pior para o Cruzeiro. Não adianta quebrar portão, quebrar a Toca... A situação está aí. Quem não pagou a Fifa? Quem perdeu 6 pontos? Agora, a gente está se matando aqui. Chega um, chega outro (jogador) e não pode ser inscrito...".

"Os mais antigos estão aqui dando o máximo, mas, às vezes, as coisas não acontecem. A gente plantou lá atrás e agora está colhendo. E quem fez as coisas erradas no Cruzeiro está em casa".

Palavras de Fábio, goleiro do Cruzeiro em entrevista pós-jogo concedida ao canal ESPN.



Imagem extraída de www.facebook.com/cruzeirooficial



Demorei para escrever um texto sobre a situação do Cruzeiro. Li dezenas de matérias em jornais e sites esportivos mas não conseguia compreender ao certo o que fez a Raposa despencar. O clube mineiro era visto como exemplo de administração com o bicampeonato brasileiro em 2013 e 2014, mas hoje amarga a segunda divisão e ainda periga de descer para a terceira. 

Os erros que o Cruzeiro cometeu, infelizmente, são rotineiros entre a grande maioria dos clubes brasileiros, mas quase sempre há aquela soberba de que "time grande não cai" e a história sempre se repete.

Administrações amadoras, gastos acima do teto, endividamento, salários atrasados, demissões de treinadores em curtos espaços de tempo, ameaças de torcedores, ... Mesmos erros cometidos por tantos outros clubes brasileiros além da Raposa.

Embriagados pelas conquistas recentes e pelo fato de nunca terem sido rebaixados, cruzeirenses -dirigentes, torcedores e jogadores- provavelmente acreditaram que esse dia nunca iria chegar.

As palavras de Fábio deixam evidente que o clube se excedeu em todos os sentidos. Acabou pagando com o descenso para a Série B e agora ameaça afundar ainda mais, atolado em dívidas e problemas judiciais.

Não há perspectivas para o Cruzeiro a curto prazo. O time não consegue reagir mesmo na fraca Série B. A equipe está pressionada em todos os sentidos e os salários estão atrasados.

Que a situação do Cruzeiro conscientize os demais clubes, mas provavelmente isto não irá aconteces. Muitas outras agremiações continuam a cometer os mesmos erros da Raposa e brincam com a própria sorte o tempo todo.

Mas a sorte uma hora pode acabar.



Imagem extraída de www.facebook.com/cruzeirooficial



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