segunda-feira, 12 de setembro de 2022

A África no Catar

O Senegal, atual campeão da CAN, é a seleção africana que mais chega
badalada ao Mundial (imagem extraída de www.facebook.com/TheAFCON)



Cinco seleções irão representar a África na Copa do Mundo. Camarões, Gana, Marrocos, Senegal e Tunísia tentarão levar o troféu até o continente. Coincidentemente, irão ao Catar as três equipes africanas que tiveram o melhor desempenho em Mundiais: Camarões (em 1990), Senegal (em 2002) e Gana (2010); todas conseguindo chegar às quartas-de-final da competição durante os anos mencionados.

A África já revelou inúmeros craques de renome mundial. Eto'o, Drogba, Kuffour, Okocha, Weah, ... Poderíamos fazer uma lista enorme de atletas africanos bem sucedidos. A última edição da Copa Africana de Nações (CAN -realizada entre janeiro e fevereiro deste ano) também nos brindou com futebol de bom nível técnico e serviu para empolgar os fãs, esperançosos para que as seleções do continente consigam ir mais longe na edição 2022 do Mundial.

Muitas das seleções africanas, porém, eram boas no papel ou no videogame mas não funcionavam como equipes. Mesmo contando com grandes gerações de jogadores, nem sempre os atletas conseguiam fazer a diferença juntos em campo. Ademais, não foram raros os problemas internos nas equipes.



O Marrocos conta com uma boa geração de atletas e tem potencial
para surpreender (imagem extraída de www.facebook.com/TheAFCON)



Outro problema apresentado é bem conhecido por nós, sul-americanos: dependência do futebol europeu. Por melhores que estejam as ligas locais, hoje é praticamente obrigatório buscar os astros que estejam brilhando na Europa para que as seleções sejam competitivas. Nem todos os jogadores, porém, criam identificação com os países que representam ou com o estilo de futebol do continente visto que muitos deles são formados nos costumes do Velho Continente.

Há, inclusive, a possibilidade de jogadores nascidos na África representar algum país europeu, visto que eles acabam se identificando muito mais com a Europa. A França, por exemplo, hoje conta com três jogadores nascidos no continente africano: o goleiro Steve Mandanda, o zagueiro Samuel Umtiti e o volante Eduardo Camavinga.

Há jogadores que, por outro lado, deixam as suas raízes africanas falarem mais alto e optam por representar a África ao invés de alguma nação europeia. Kalidou Koulibaly, Whabi Khazri, Eric Choupo-Moting,  Munir El Haddadi e Iñaki Williams nasceram no Velho Continente mas optaram por defender algum país africano profissionalmente.



Camarões conta com muitos jogadores que estão fazendo sucesso
na Europa (imagem extraída de www.facebook.com/TheAFCON)



Um último problema é a classificação destas seleções no ranking da FIFA. Poucos times africanos conseguem triunfar diante de rivais europeus ou sul-americanos de peso. Em decorrência disto, acabam mal colocadas em tal tabela e quase sempre caem em chaves difíceis nos Mundiais, o que dificulta as pretensões de tais equipes.

O Marrocos, por exemplo, terá pela frente a forte Bélgica e a atual vice-campeã Croácia. Gana vai encarar o Uruguai e Portugal, dois rivais de respeito. E Camarões cruzou o caminho de Brasil, Sérvia e Suíça; três adversários com gerações bastante fortes. Tunísia e Senegal caíram em chaves um pouco mais acessíveis.

Isto explica porque é ainda mais difícil para as seleções africanas avançar às oitavas-de-final. Mesmo um segundo lugar na chave é uma tarefa muitas vezes hercúlea. Os treinadores sequer conseguem poupar seus titulares para os mata-matas visto que praticamente todas as partidas na fase de grupos são decisivas.



Com alguns poucos remanescentes da histórica geração de 2010, Gana tenta
renovar seu elenco (imagem extraída de www.facebook.com/TheAFCON)



As possibilidade de título para as seleções africanas, portanto, são remotas. Os problemas enfrentados por tais equipes justificam os desempenhos modestos em Mundiais e porque chegar às quartas-de-final já é um motivo para que estes times entrem para a história do futebol.

Os times africanos, por outro lado, podem jogar sem o peso do favoritismo e entrar em campo sem muito a perder, bem ao contrário das equipes consideradas favoritas. Como diz aquele ditado, "quanto mais alto, maior a queda".

Ainda será muito difícil vermos alguma seleção africana erguer o troféu dadas as dificuldades apresentadas neste texto. A boa safra de jogadores e o bom futebol exibido durante a CAN, no entanto, permite aos africanos sonhar em ao menos igualar as boas campanhas de 1990, 2002 ou 2010.



Das seleções africanas, a Tunísia é a que possui o elenco mais modesto mas
é a que menos terá a pressão por resultados e também a chave mais acessível
(imagem extraída de www.facebook.com/TheAFCON)




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