sábado, 3 de setembro de 2022

Voltas em Círculos

Imagem extraída de www.facebook.com/Gremio



Renato Gaúcho está de volta ao Grêmio pouco mais de um ano após ter sido demitido pelo mesmo clube. Será a quarta passagem do ex-atacante ao Tricolor Gaúcho e com a missão de levar a equipe de volta à Série A. O treinador substitui novamente Roger Machado que amargava uma sequência de quatro jogos sem vitória, assim como havia sido em 2016.

O roteiro da demissão de Roger e do regresso de Renato é o mesmo de muitos de nossos clubes brasileiros: contrata-se algum treinador jovem e de ideias arrojadas no começo da temporada com o objetivo de reformular o time e a filosofia de jogo. Com o tempo, a equipe torna-se manjada pelos adversários, os resultados mínguam, o dirigente é pressionado pelos conselheiros e/ou torcedores, o técnico é demitido, e a instituição recorre a algum medalhão ou a algum velho conhecido para "apagar o incêndio".

Foi assim com Rafael Dudamel e Turco Mohamed no Atlético Mineiro, Fernando Diniz no Athletico Paranaense, Miguel Ángel Ramirez e Cacique Medina no Internacional, Hernán Crespo no São Paulo e tantos outros. O próprio Roger Machado havia passado por situação semelhante no Fluminense em 2021.



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A realidade é de que nossos dirigentes já não têm muita paciência, e isto é ainda mais evidente quando se trata de treinadores jovens. A nossa cultura esportiva valoriza demais os resultados a curto prazo quando deveríamos realizar planejamentos mais duradouros. Os novatos geralmente oscilam demais justamente porque não têm experiência e nem "casca" para enfrentar o elenco durante as adversidades.

Os dirigentes, então, recorrem aos medalhões para acabar com a crise visto que tais treinadores possuem justamente o que os novatos não têm: experiência e estofo. Com o tempo, porém, os experientes se apegam em demasia aos seus elencos e também fica evidente que seus métodos estão "ultrapassados" quando confrontados justamente pelos mais colegas jovens. Ao término da temporada, os cartolas acabam recorrendo a algum outro iniciante e o ciclo se reinicia.

Os clubes, com isso, acabam dando voltas em círculo e nunca saem do mesmo lugar. Eventualmente, encontram algum treinador capaz de levar aos troféus entre uma troca ou outra, mas muito mais por sorte do que por planejamento ou por convicção ao trabalho do técnico.

Tal atitude dos clubes, mais do que ruim, prejudica o desenvolvimento do nosso futebol como um todo porque dificulta o surgimento de novos treinadores e, por consequência, de novas ideias no esporte. Com isso, permanecemos presos às ideias dos anos 90 e 2000 e, posteriormente, sempre questionamos "por que o Brasil está cada vez mais ultrapassado em relação à Europa nos gramados".

O resultado no futebol é muito importante, visto que derrotas significam prejuízos financeiros e quedas nos campeonatos. Mas enquanto os dirigentes não abandonarem a cultura de troca de treinadores a cada crise, continuaremos dando voltas em círculos. E o nosso esporte pagará o preço nos gramados.



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