domingo, 11 de setembro de 2022

Fogo Amigo




Eu costumava jogar futebol com os colegas do Instituto de Ciências Biomédicas ao final do expediente  -ou ao menos tentava, visto que eu era tão ruim que eu mal conseguia chutar uma laranja. Os jogos, porém, permitiram que eu fizesse muitas amizades e eu conheci muitas pessoas legais em todo o Departamento de Fisiologia onde eu trabalhava.

Um dia duas pós-graduandas vieram ao laboratório onde eu trabalhava para realizar alguns experimentos. Comecei a puxar assunto com elas e, por acaso, começamos a falar de futebol. Uma delas me contou que era formada em educação física e se interessou em jogar bola conosco.

A aluna -ela fazia mestrado no laboratório vizinho ao meu- passou a frequentar as partidas promovidas pela minha equipe. Raramente ela recusava os convites para jogar e ainda levava mais alguns de seus colegas de pós-graduação para bater uma bola conosco.

A mestranda jogava muito bem, sabia proteger a bola como poucos e possuía um chute bastante potente, que eu conheceria da pior maneira possível como vocês verão adiante. Ela também tinha muitas histórias divertidas que contava durante os cafés promovidos pelo instituto.






Uma noite, acho que era 2010, nós estávamos jogando uma partida em times adversários. Eu fui para o gol e tive a péssima ideia de não tirar os óculos. A mestranda deu um chute do meio da quadra e tentei defender. A bola acertou o meu rosto em cheio. Meus óculos voaram e fui para o chão onde fiquei deitado por uns dez minutos.

Um colega me levou de carona de volta para o instituto. Eu estava meio grogue com a bolada e proferi um monte de palavras sem sentido no caminho. Só percebi o tamanho do estrago quando fui ao banheiro e vi o meu olho direito inchado no espelho.

Não levei a bolada por mal apesar do estrago. Até tirei sarro da situação no dia seguinte ao acidente! A mestranda disse que não se lembrava que ela havia chutado a bola e ainda me disse que foi ela que veio me socorrer após o incidente.

Fomos perdendo o contato aos poucos. Com o tempo, ela parou de frequentar o meu laboratório e nossas agendas de experimentos foram se tornando mais intensas, o que inviabilizou as partidas. Eu deixei o instituto em março de 2013 e voltei a trabalhar por lá formalmente em meados de fevereiro de 2014. Não me lembro de tê-la visto novamente desde então.

As redes sociais, felizmente, permitiram que mantivéssemos contato e, de vez enquanto, trocamos algumas mensagens ou interações. Eu, porém, nunca mais falei a respeito da bolada, assunto que eu só resolvi comentar especialmente para a crônica de hoje!







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