terça-feira, 6 de setembro de 2022

O (Ex-)Clube do Luxo

Imagem extraída de www.facebook.com/PSG



A cultura francesa sempre foi associada à exuberância e à elegância. Enquanto Portugal, Espanha e Itália saíram na frente durante as Grandes Navegações; a França encontrou um nicho que se tornaria uma marca registrada do país: comercializar artigos de luxo. Assim, o país europeu passou a lucrar durante o período graças a seus vinhos, joias, perfumes, roupas de grife, culinária e até aulas de etiqueta.

O proprietário do Paris Saint-Germain, Nasser Al Khelaifi, mencionou o luxo francês em um texto publicado no jornal Lance entre 2012 e 2013. O empresário relacionava Paris à elegância e almejava criar um time à altura da Cidade Luz. E isto viria na forma de um elenco impecável, com vários jogadores midiáticos (e caros) em todas as posições de seu onze inicial.

O empresário catariano é obcecado em conquistar a Champions League desde a aquisição do clube em 2012. E o acionista não mediu esforços na busca pelos melhores e mais caros jogadores do planeta para atingir tal objetivo. A maior demonstração de sua ambição -e também de seu poderio financeiro- se deu em 2017 quando o Paris Saint-Germain tirou Neymar do Barcelona.

Khelaifi, porém, deveria ter se questionado por que o Real Madrid enfrentou uma forte crise durante a segunda metade da década de 2000 e, também, por que o Chelsea têm feito contratações bem mais modestas em relação aos anos anteriores. A resposta: elencos com muitas estrelas têm muitos egos e, muitas vezes, os confrontos motivados pela vaidade são inevitáveis.



Imagem extraída de www.facebook.com/PSG



O primeiro indício se deu quando Neymar e Cavani se desentenderam quem seria o "cobrador oficial de pênaltis" do time em 2017. E o assunto veio à tona novamente durante a atual temporada, mas desta vez envolvendo Mbappé e o brasileiro. O atacante francês alegou durante entrevista que o assunto "já estava resolvido" embora muitos comunicadores insistam que ainda haja rusgas entre as duas estrelas.

O Paris Saint-Germain está mudando a sua mentalidade de trabalho. Várias estrelas como Draxler e Di María vêm dando lugar à jovens promessas como Vitinha e Ekitike, a exemplo do que vem ocorrendo no Chelsea. O mesmo acontece no comando: nada de treinadores estrelados como Zidane ou Pochettino. Ao invés deles, assume o disciplinador Christophe Galtier com a missão de controlar os egos dos jogadores.

O clube francês vem amadurecendo seu projeto após anos de tentativas e fracassos. Elencos muito luxuosos impressionam à primeira vista mas nem sempre entregam resultados. Ademais, vivemos a era do futebol coletivo onde um grupo coeso e unido faz muito mais a diferença do que talentos individuais.

Confesso que a única mudança que não concordei foi a escolha de Galtier no comando, que possui pouca experiência na Champions League mas que se notabilizou por levar elencos modestos ao top 3 da Ligue 1. Vale, porém, a aposta na filosofia do treinador que já teve sua prova de fogo neste começo de temporada ao controlar os egos de Mbappé e Neymar.

Não sabemos se as mudanças propostas pelo Paris Saint-Germain darão frutos mas os seus proprietários entenderam que o luxo nem sempre entrega resultados. A França pode ter encontrado seu nicho o comercializar exuberância durante as Grandes Navegações mas o clube parisiense não teve o mesmo êxito.



Imagem extraída de www.facebook.com/PSG




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