sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Dunga e a Revolução que Não Deu Certo

Imagem extraída de www.facebook.com/CBF



Lembremo-nos, antes de mais nada, o contexto da admissão do então inexperiente Dunga pela Seleção Brasileira em 2006: o Brasil havia jogado a Copa daquele ano de "barriga cheia" por ser o atual campeão. Os títulos da Copa América 2004 e da Copa das Confederações 2005 só aumentaram a ilusão de que o hexa cairia no colo dos brasileiros. Até que veio a dura realidade diante da França de Zidane.

O treinador gaúcho assumiu a Seleção não apenas com o objetivo de renovar o grupo mas também mudar a mentalidade da equipe. Dunga precisava acabar com a acomodação demonstrada na Copa 2006 e também com a farra das estrelas -durante aquele Mundial, vazaram fotos de jogadores fumando e indo a festas em meio aos treinos.

Dunga, então, barrou Ronaldo, Roberto Carlos, Cafu e Dida; além de ter diminuído consideravelmente o espaço de Adriano, Kaká e Ronaldinho Gaúcho. Sua equipe seguiu a tendência do São Paulo e do Internacional daquela época, ambos campeões mundiais com equipes "operárias" e de mais transpiração do que inspiração.

Eu mesmo critiquei muito o futebol da Seleção durante aquela época -e era um jogo muito feio mesmo- bem como as convocações. Dunga, não obstante, chegou a se desentender com profissionais da imprensa durante o período, o que serviu para aumentar a rejeição pelo ex-volante.

Dunga, porém, conseguiu os mesmos títulos obtidos pelo antecessor Parreira (Copa América em 2007 e Copa das Confederações em 2009) além da medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Pequim. Mesmo que aos trancos e barrancos, o treinador teve méritos pelas suas conquistas e também conseguiu levar o Brasil à África do Sul com folga nas eliminatórias sul-americanas.



Imagem extraída de www.facebook.com/CBF



O estilo "guerreiro" de Dunga, porém, se voltou contra o próprio treinador durante o Mundial de 2010: a sua equipe era muito faltosa e a expulsão de um jogador era uma bola cantada, o que acabou acontecendo com Felipe Melo durante o fatídico confronto contra a Holanda. Não obstante, faltava um camisa 10 para abastecer os atacantes e descomplicar o jogo durante situações como aquela. E, por fim, a inexperiência pesou para o técnico quando ele ficou com apenas dez homens em campo e não encontrou alguma solução para correr atrás do prejuízo.

Dunga ainda teria uma segunda chance em 2014 mas o seu desempenho foi tão ruim (foi eliminado nas quartas-de-final na Copa América 2015 e caiu já na fase de grupos na edição seguinte) que o treinador acabou substituído por Tite em 2016. Com os resultados obtidos durante o mencionado período, ficou difícil sair em defesa do ex-volante.

O gaúcho, embora fosse uma escolha contestável, foi uma tentativa da CBF de tirar a Seleção do comodismo. Dunga conseguiu acabar com a apatia do time ao optar por uma equipe "operária" e abrir mão do talento das estrelas. Esqueceu-se, porém, de que o futebol não se vence apenas pela força: são necessário outros recursos para surpreender o adversário ou para "soltar as amarras" em um duelo parelho.

Dunga, em sua primeira passagem pela Seleção, nem de longe fez um trabalho ruim. As conquistas e o desempenho do time falam pelo treinador. A execução, porém, apresentou falhas que custariam a Copa do Mundo justamente no momento mais agudo da competição.



Imagem extraída de www.facebook.com/CBF




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