segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Sem Folia

Romário fazia "acordos" com Johan Cruyff  no Barcelona para curtir o
carnaval no Brasil (imagem extraída de www.facebook.com/fcbarcelona).



O carnaval é celebrado em diversos países mas apenas aqui no Brasil a festa possui importância nacional. Tanto que a data é feriado em nosso território e até mesmo as atividades esportivas são suspensas para a realização das festividades.

O futebol europeu, no entanto, não é interrompido para o carnaval e diversos jogos decisivos ocorrem em fevereiro ou março, o que causa um certo estranhamento aos jogadores brasileiros acostumados aos recessos para as festividades. Isto, porém, nunca impediu que alguns de nossos jogadores dessem um jeito de escapar para o Brasil e aproveitar a folia por aqui.

Romário sempre era visto por aqui durante os carnavais mesmo enquanto atuava na Europa. Seu treinador no Barcelona, o falecido Johan Cruyff, contava que fazia "acordos" com o Baixinho para que o atacante pudesse curtir a folia no Brasil. O próprio holandês, em histórias confirmadas pelo carioca, afirmava que liberaria o jogador caso ele anotasse um certo número de gols nas partidas. A estratégia do técnico funcionava como estímulo para o atleta se dedicar em campo e o jogador ganhou muitos prêmios (individuais e coletivos) em sua passagem pela Catalunha apesar da fanfarronice.

O conterrâneo Edmundo, porém, não teve a mesma sorte. Em 1999, a Fiorentina (seu time na época) disputava a liderança da Serie A com a Lazio. O seu parceiro de ataque, Gabriel Batistuta, acabou se machucando no ápice da temporada enquanto o brasileiro deixou a equipe para curtir o carnaval, o que custou pontos preciosos à Viola e culminou em uma crise interna no elenco, além da perda do título que ficou com o Milan.



Edmundo foi responsabilizado pela perda do Scudetto da Fiorentina
em 1999 (imagem extraída de www.facebook.com/ACFFiorentina).



Os jogadores brasileiros, nos dias de hoje, sequer cogitam abandonar suas equipes para curtir o carnaval. O futebol atualmente é muito mais profissional em relação aos anos 90 e os futebolistas precisam se portar como verdadeiros atletas mesmo fora de campo. Dessa forma, não são permitidos excessos como noitadas, álcool, alimentos gordurosos e atividades onde haja riscos de lesões.

As partidas estão ainda mais disputadas e os jogadores precisam se apresentar em condições impecáveis, tanto fisicamente como mentalmente, para não comprometerem o desempenho de suas equipes. Não obstante, os mata-matas da Champions League coincidiram com o carnaval neste ano e mesmo os brasileiros compreendem a necessidade de abrirem mão das festividades em nome do profissionalismo.

Romário e Edmundo certamente não teriam o direito de deixarem suas equipes para curtir o carnaval nos dias de hoje. A mera presença de jogadores em algum camarote durante o auge da temporada europeia seria um grande escândalo e isto certamente teria graves consequências, tanto dentro quanto fora de campo.

Não veremos mais, portanto, astros do futebol europeu curtindo o carnaval aqui no Brasil. Foram-se os tempos em que um ou dois dias de folga a mais não interferiam no desempenho em campo. Hoje um mínimo detalhe pode ser a diferença entre a classificação e a eliminação de um campeonato. O futebol mudou e os jogadores precisam se adaptar à nova realidade nos gramados.



imagem extraída de www.facebook.com/ACFFiorentina




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