quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Feijão com Arroz

Imagem extraída de www.facebook.com/FlamengoOficial



Não me recordo quem escreveu isso mas algum jornalista afirmou em seu blog que Dorival Júnior havia resolvido os problemas do Flamengo e levado o Rubro-Negro aos títulos de 2022 realizando algo simples: colocando os seus jogadores para atuarem da maneira que mais gostam. Sim, afinal uma das muitas reclamações atribuídas ao antecessor Paulo Sousa era de que o português "inventava demais" em campo e que isto estava prejudicando o desempenho dos atletas.

Os livros A Arte da Guerra de Sun Tzu e O Livro dos Cinco Anéis de Miyamoto Musashi contém passagens afirmando que uma das melhores maneiras de derrotar um adversário é surpreender o rival. Treinadores europeus -muitos deles influenciados pela escola holandesa de futebol- gostam de jogadores versáteis capazes de desempenhar mais de uma função em campo e, com isso, tornar suas equipes imprevisíveis. Isto ficou evidente com o quarteto ofensivo do Manchester United trocando de posição o tempo todo visando confundir a marcação do Barcelona.

Nem todos os jogadores, porém, conseguem assimilar tal mentalidade. Gabigol, por exemplo, não se adaptou à Internazionale e se desentendeu com o treinador Frank de Boer porque sentia dificuldades em atuar em mais de uma posição em campo. Ademais, o atacante estava acostumado com o restante do time jogando em sua função, algo inimaginável na Europa sobretudo para um jovem recém-chegado.

Os treinadores europeus, cabe lembrar, possuem muito mais autoridade e menos proximidade dos jogadores em relação ao futebol brasileiro. Guardiola, por exemplo, não teve piedade em dispensar atletas que não se encaixavam em seu estilo de jogo independente do talento ou da história no clube. O catalão, desta forma, mandou embora Ronaldinho Gaúcho do Barcelona e Bastian Schweinsteiger do Bayern München.



Imagem extraída de www.facebook.com/FlamengoOficial



Paulo Sousa, com parcos quinze dias de pré-temporada, não conseguiria implantar uma mentalidade tão "revolucionária" em tão pouco tempo. Com isso, os resultados não vieram e a demissão do português era mais do que esperada. E foi nesse cenário que Dorival Júnior deixou o Ceará (onde fazia um bom trabalho) para assinar com o Flamengo.

Dorival, com um estilo paternalista e respeitando as vontades de seu elenco, teve o sucesso que o antecessor Paulo Sousa não havia alcançado. E isso apesar do Flamengo ter perdido Arão, Lázaro e Gustavo Henrique para o futebol europeu na metade do ano.

O treinador paulista, porém, acabou injustamente dispensado ao final da temporada apesar dos títulos conquistados. Foi um erro enorme dos dirigentes e que teve influência no desempenho do Flamengo neste início de ano. Provavelmente os cartolas desejavam algum técnico "de grife" para comandar o time no Mundial e que também pudesse surpreender os rivais com alguma ousadia na escalação, algo que Dorival dificilmente poderia oferecer por seu estilo simples.

A ousadia e a imprevisibilidade são elementos que contribuem para a vitória afinal muitas equipes vencedoras acabam derrotadas posteriormente porque se acomodam e se tornam manjadas para os rivais. Dorival, porém, nos provou que o futebol ainda tem espaço para o feijão com arroz, sem grandes invenções em campo.



Imagem extraída de www.facebook.com/FlamengoOficial




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