segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Choque de Realidade

O Estadio Mario Kempes não ficou muito mais cheio do que isto na final da
Sulamericana (imagem extraída de www.facebook.com/copasudamericana)... 



A CONMEBOL obteve três grandes descobertas durante o mês de outubro: a América do Sul não é a Europa, a Copa Sulamericana não é a Europa League e a Libertadores não é a Champions League. Tudo isto ficou evidente com a baixa procura por ingressos para as finais, o que levou a um Estadio Mario Alberto Kempes praticamente vazio no dia 1º de outubro e a uma consequente liquidação de bilhetes para a decisão do próximo sábado.

A federação havia adotado o modelo de final única em 2019, assim como ocorre nas competições europeias. Os dirigentes acreditavam que a procura por ingressos seria muito maior com a mudança, além da óbvia tentativa de tornar a Libertadores mais parecida com a Champions League -ou a Sulamericana mais parecida com a Europa League.

A federação, porém, esqueceu-se de adequar as suas competições à realidade da América do Sul, principalmente sob o ponto de vista econômico. O preço dos ingressos tornou-se inviável para a maioria dos torcedores comuns -os bilhetes para a final da Libertadores custam cerca de R$ 1.282,45 enquanto o salário mínimo do brasileiro é de R$ 1.212,00.

O torcedor, ademais, teria outras despesas incluindo deslocamento, hospedagem, alimentação e os trâmites legais para se ingressar em outro país. Não obstante, nem todas as cidades do continente possuem infraestrutura adequada para comportar eventos deste porte.



Imagem extraída de www.facebook.com/copasudamericana



Houve ainda o próprio desinteresse dos cidadãos locais em acompanhar times de outros países. Na final da Sulamericana se enfrentaram o São Paulo do Brasil e o Independiente del Valle do Equador. Os habitantes de Córdoba (Argentina), porém, compareceram em pouco número no Estadio Mario Alberto Kempes, palco da decisão, o que foi agravado pelo preço dos ingressos -cerca de R$ 986,77.

O mesmo vem acontecendo para a final da Libertadores, a ser realizada na cidade de Guayaquil, Equador. Pouquíssimos equatorianos se interessaram em acompanhar o embate entre dois times brasileiros (Flamengo e Athletico Paranaense), o que motivou a CONMEBOL a liquidar os ingressos para a decisão.

A tendência é o retorno da final em duas partidas diante dos fatos aqui apresentados. A tentativa da CONMEBOL em imitar os europeus foi mal sucedida. A federação esperava lucrar ainda mais com as mudanças propostas mas acabou amargando um prejuízo visto que os preços dos ingressos e o próprio desinteresse dos habitantes das cidades-sede resultaram em estádios vazios.

A CONMEBOL tentou "europeizar" a Libertadores e a Sulamericana mas descobriu que a América do Sul não é a Europa. A realidade financeira para maioria dos nossos cidadãos ainda é muito diferente para aqueles que habitam o Velho Continente.



Imagem extraída de www.facebook.com/copasudamericana



LEIA MAIS:

Cosme Rímoli- "Conmebol doa ingressos para final de Libertadores. Venda de entradas no Equador para Flamengo e Athletico é um fracasso": esportes.r7.com/prisma/cosme-rimoli/conmebol-doa-ingressos-para-final-de-libertadores-venda-de-entradas-no-equador-para-flamengo-e-athletico-e-um-fracasso-23102022





Nenhum comentário:

Postar um comentário