sábado, 29 de outubro de 2022

Sem Paciência

Serge Gnabry (com o troféu na mão): pouco utilizado no Arsenal, sucesso
no Bayern (imagem extraída de www.facebook.com/SergeGnabry).



Eu me lembro quando o meia-atacante Serge Gnabry surgiu no Arsenal durante a década de 2010. O jogador teve poucas oportunidades nos Gunners e foi sendo emprestado até que voltou à Alemanha, o seu país natal, onde explodiu. O camisa 7 chegou à Seleção Alemã e foi fundamental para a conquista da Tríplice Coroa pelo Bayern München em 2020.

Tive o prazer de ver Gnabry brilhar novamente durante a última quarta-feira. O jogador participou dos três gols diante do Barcelona e provou mais uma vez que o Arsenal errou ao não oferecer mais oportunidades ao atleta alemão.

Casos como o de Gnabry são comuns no futebol: os clubes revelam algum jogador ou contratam alguma promessa mas não lhes oferecem muitas oportunidades em nome do imediatismo. O jovem, então, acaba cedido para algum outro time e brilha por lá, muitas vezes até chegando à seleção e faturando títulos.

O Chelsea, por exemplo, contratou os então jovens Kevin de Bruyne e Mohamed Salah também durante a década de 2010 mas não ofereceu muitas chances à dupla e os dois atletas acabaram brilhando em equipes rivais -Manchester City e Liverpool, respectivamente.



Salah teve poucas oportunidades no Chelsea e acabou brilhando no
rival Liverpool (imagem obtida de www.facebook.com/momosalah).



Há sempre muita pressa no futebol. Os clubes sempre necessitam de resultados a curto prazo para se manterem na briga pelos títulos, ou então terminam eliminados e/ou rebaixados das competições. Os jogadores, da mesma forma, precisam deslanchar o quanto antes visto que a carreira de um futebolista é efêmera e um atleta com 30 anos já é considerado "velho".

Os clubes, porém, precisam ter paciência com atletas jovens para não perderem craques. O Arsenal poderia apresentar desempenhos melhores em campo com Gnabry, ou mesmo valorizar ainda mais o jogador para vendê-lo por valores mais elevados. E se o Chelsea esperasse o desenvolvimento de De Bruyne e Salah? Talvez os Blues não tivessem de esperar até 2021 para faturarem o bicampeonato da Champions.

Promessas, ademais, são "promessas": são realizadas a longo prazo e, infelizmente, nem todas se cumprem. Lidar com atletas jovens é diferente de jogadores experientes: nem todos aceitam bem a mudança da base para o profissional, ou de uma liga menos competitiva para uma Premier League. Os anseios por resultados a curto prazo, porém, dificultam que os garotos tenham espaço nas equipes consideradas grandes.

Melhor para a concorrência que pode adquirir atletas jovens encostados a preços módicos e desenvolvê-los para obterem resultados a longo prazo. Gnabry, De Bruyne e Salah estão aí para provar o quanto a impaciência dos clubes com promessas pode ser um erro.



O Chelsea não quis esperar o desenvolvimento de Kevin de Bruyne. Melhor
para o City (imagem extraída de www.facebook.com/KevinDeBruyne).




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