segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Passagem de Bastão

Imagem extraída de www.facebook.com/Arsenal



Assisti ao embate entre Arsenal e Liverpool, realizado ontem no Emirates Stadium e válido pela 10ª rodada da Premier League. O jogo confrontou a "ascensão" dos Gunners contra o "fim de ciclo" dos Reds, argumentos que muitos dos comentaristas vêm utilizando durante as últimas semanas para justificar o momento dos dois times.

O Arsenal, que pôde descansar seus titulares durante a semana na Europa League, entrou com a equipe praticamente completa -apenas o lateral Zinchenko se ausentou- em 4-3-3/4-1-4-1. Os londrinos tentariam tirar proveito da ofensividade do Liverpool e jogar nos contra-ataques.

O Liverpool entrou em campo bastante desfalcado -Robbo, Keïta e Arthur não puderam jogar. Klopp optou por um 4-2-3-1/4-4-2 com Diogo Jota ora atuando como meia, ora como segundo atacante. Os Reds utilizaram o estilo que os consagraram com muita velocidade, imposição física e o "perde-pressiona".

Os visitantes propuseram o jogo adiantando as linhas e buscando principalmente o lado esquerdo do ataque com Luis Díaz. Salah, que era muito vigiado por Tomiyasu, praticamente não jogou durante todo o primeiro tempo. Darwin Núñez foi o "falso nove" com muita movimentação próxima à área de Ramsdale e tentando abrir espaço para os companheiros.

Os mandantes respondiam trocando passes e buscando também o lado esquerdo do ataque com Gabriel Martinelli. O brasileiro, com muita velocidade e dribles, abriu o placar logo no começo do jogo e continuou incomodando o Liverpool por aquele setor.

O Liverpool, aproveitando que a zaga rival estava mais preocupada com Salah, passou a movimentar Díaz e Jota pelo lado direito, conseguindo assim bagunçar a defesa rival e buscar o empate com Núñez. A alegria, porém, durou pouco e o colombiano pediu substituição logo em seguida -Firmino entrou em seu lugar.

O Arsenal conseguiu desempatar novamente ao final da primeira etapa com mais uma jogada de Martinelli pelo lado esquerdo do ataque e que terminou com gol de Saka pela direita.



Liverpool, em 4-2-3-1/4-4-2, tenta atacar principalmente pela
esquerda com Díaz. Posteriormente, Núñez e Jota, se movimentando
e trocando posições com o colombiano, conseguem vazar Ramsdale.
Arsenal, em 4-1-4-1/4-3-3, contra-ataca trocando passes e buscando
Martinelli também pela esquerda (imagem obtida via this11.com). 



O Arsenal, mesmo com a vantagem, continuou buscando por mais gols. Jürgen Klopp reforçou o lado direito da defesa trocando Alexander-Arnold, Matip e Salah por Gomez, Konaté e Fabinho; respectivamente. O objetivo era tirar o espaço de Martinelli, que estava incomodando bastante por lá. Firmino, em contra-ataque, conseguiu empatar novamente para os visitantes.

Os Gunners, porém, não esmoreceram e seguiram pressionando até que o árbitro viu pênalti de Thiago Alcântara em Gabriel Jesus (eu discordei do lance). Saka bateu e desempatou novamente para os mandantes. Martinelli, agora apoiado por Xhaka pela esquerda, continuou causando problemas ao Liverpool.

Arsenal valoriza a posse da bola e tenta gastar o tempo enquanto o Liverpool, acuado, tenta se impor fisicamente mas acaba cometendo muitas faltas durante o processo.

O Liverpool tentou uma pressão final com Eliott no lugar de Jota. O Arsenal, porém, consegue segurar o ímpeto rival colocando Tierney e Vieira nos lugares de Ødegaard e Saka. Os mandantes recuam as linhas e passam a se livrar da bola durante os minutos finais.



Klopp reforça o lado direito da defesa com Fabinho, Gomez e
Konaté. O Liverpool consegue empatar em contra-ataque de
Firmino, mas o Arsenal aumenta a pressão e consegue um pênalti
(duvidoso) convertido por Saka (imagem obtida via this11.com).



Arsenal vence jogando um futebol bonito além de mostrar a eficiência de uma zaga leve, que consegue se impor na base da técnica ao invés da força ou da brutalidade. Cabe, porém, mencionar que discordei do pênalti de Thiago em cima de Jesus.

Liverpool mostra que o ciclo desta fantástica geração já está realmente chegando ao final. Os trintões, mesmo sendo mais fortes que os rivais do Arsenal, já não conseguiram se impor tão bem como durante anos anteriores e cometeram muitas faltas nas divididas.

O jogo, simbolicamente, foi uma "passagem de bastão" do Liverpool ao Arsenal. O estilo mais físico e acelerado de Klopp já não consegue mais fazer a diferença demonstrada durante os anos anteriores, o que é agravado pelos desfalques e pelo envelhecimento do elenco. Ao mesmo tempo, os Gunners começam a pedir passagem com um estilo mais leve. Não é possível prever se conseguirão algum troféu mas os londrinos já mostram que o caminho pode ser a volta de um jogo menos brutal e mais técnico.



Imagem extraída de www.facebook.com/Arsenal




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