domingo, 9 de outubro de 2022

Jogo Imaginário

Eu tive uma experiência bizarra relacionada ao futebol no interior desse edifício
(imagem extraída de www.facebook.com/profile.php?id=100054231981440)!



Dezembro de 2002. Fui ao bairro do Tatuapé, Zona Leste da cidade de São Paulo, para prestar o vestibular da UNESP. Também era o dia da final do Campeonato Brasileiro (a competição era decidida em turno único e mata-mata na época) a ser realizada entre Corinthians e Santos.

Eu nem me importava muito com futebol na época mas confesso que sentia uma pequena vontade de assistir à partida entre o favorito Corinthians -que contava com alguns remanescentes do time que venceu o Mundial de 2000- e o surpreendente Santos -que se classificou na "bacia das almas" graças aos então garotos Robinho e Diego Ribas. Minha prioridade, porém, era uma vaga em uma universidade pública.

A Zona Leste, acreditava eu, deveria ser o reduto dos corinthianos. Conclui que se houvesse fogos nas redondezas, provavelmente seriam torcedores do Timão comemorando algum gol sobre o Peixe. Eu poderia, portanto, "estimar" o placar do jogo com base na agitação nas ruas.

Cheguei bem cedo ao local da prova -o prédio da Universidade Cidade de São Paulo na Rua Cesário Galeno- e encontrei diversos colegas de cursinho. Alguns deles, inclusive, eram concorrentes pela mesma carreira do que eu mas levava a rivalidade na esportiva. Conversei um pouco com eles e desejei boa sorte a todos na esperança de que fôssemos colegas de faculdade no ano seguinte. E entrei no edifício para fazer a prova.



Enquanto eu fazia a prova, acontecia uma verdadeira batalha do
lado de fora (imagem extraída de www.facebook.com/santosfc).



Começa a prova e a toda a sala entra em um silêncio fúnebre. Se não me engano, não era permitido o uso de relógio durante o exame e perdi toda a noção do tempo. Eu, aliás, nem me lembrava que o jogo começaria às 16h.

O primeiro rojão não tardou a ser disparado. "Deve ser gol do Corinthians", pensei enquanto passava as minhas respostas para o cartão de leitura. Logo, um verdadeiro foguetório teve início. Eu acreditava que o Timão estava confirmando o seu favoritismo e goleando o Peixe.

Saí da prova quase às 18h -eu sempre aproveitava o tempo disponível o máximo possível. Encontrei a minha mãe e perguntei pelo resultado do jogo enquanto rumava à estação de metrô. Para o meu espanto, o surpreendente Santos havia batido o favorito Corinthians pelo placar de 3x2. Então, o que era todo aquele foguetório na Zona Leste que, teoricamente, seria reduto dos corinthianos?

As consequências da partida podiam ser notadas no metrô. Encontrei diversos corinthianos desolados e com cara de poucos amigos. Eu estava ansioso para saber detalhes da partida mas fiquei em silêncio para não arrumar uma briga dentro do coletivo. Tive que chegar em casa e esperar pelo noticiário esportivo para ver o que havia acontecido.

Ficaram várias lembranças divertidas daquele vestibular da UNESP. Até hoje agradeço aos professores do meu cursinho, o Anglo Osasco, pelas aulas e também por nos manter relaxados mesmo diante de um momento de tamanha tensão. Tanto que eu conversava animadamente com os colegas (e concorrentes) antes das provas sem pensar muito no desafio que viria.

Ficou também a lembrança daquela partida bizarra que não vi uma imagem sequer e tentei "estimar" seu resultado com base nos rojões lançados. Nunca pensei que haveria "anti-corinthianos" em pleno Tatuapé!



Eu poderia imaginar qualquer coisa de dentro do prédio, exceto
esta cena (imagem extraída de www.facebook.com/santosfc)!




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