terça-feira, 11 de outubro de 2022

Chega, Zé!

José Roberto Guimarães assumiu a Seleção Feminina de Vôlei em 2003... E permanece
 até hoje (imagem extraída de web.facebook.com/confederacaobrasileiradevoleibol)!



Fiquei um bom tempo sem acompanhar vôlei -não vejo uma partida desde 2016 quando foram realizados os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Durante estes dias, contudo, me deparei com notícias de que a Seleção Feminina está disputando o Mundial realizado na Holanda e na Polônia. E o que mais me chamou a atenção foi o fato de que o treinador ainda é o mesmo daquela época, o ex-levantador José Roberto Guimarães!

Zé Roberto assumiu a Seleção Feminina em 2003 após uma passagem bem sucedida pelo masculino -venceu os Jogos Olímpicos de Barcelona em 1992 e a Liga Mundial em 1993.

O paulista, que já havia demonstrado as suas qualidades à frente do time masculino, explodiu de vez no feminino. Foram nada menos do que treze conquistas junto com nossas meninas, sendo as mais relevantes a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim (2008) e de Londres (2012).

Zé Roberto, portanto, está prestes completar 20 anos no comando da Seleção Feminina, uma marca impressionante em qualquer modalidade esportiva. Todo esse tempo à frente da Seleção Brasileira, contudo, nos leva ao questionamento: não está na hora do treinador considerar sua aposentadoria?



Imagem extraída de web.facebook.com/confederacaobrasileiradevoleibol



Eu sempre defendo que os treinadores tenham respaldo e continuidade em seus cargos. Tanto que considero as constantes trocas de técnicos em nome do imediatismo um dos males em nosso esporte. Comandantes necessitam de tempo para implantarem seus métodos e corrigirem seus erros para colherem resultados adiante. 

O excesso de tempo, contudo, causa acomodação (tanto do elenco quanto do treinador), as jogadas tornam-se previsíveis para os rivais e o técnico ainda corre o risco de manchar seu nome caso deixe de conquistar títulos. Basta lembrar-nos de Arsène Wenger que entrou para a história do futebol ao vencer a Premier League de forma invicta em 2004 mas saiu bastante desgastado com seu torcedor em 2017 pela evidente decadência de seus métodos.

As equipes de Zé Roberto ainda vem apresentando bons desempenhos, afinal a Seleção ainda se mantêm competitiva e consegue ficar entre os três primeiros colocados em campeonatos, argumentos suficientes para a CBV manter o treinador no cargo. O Brasil, porém, não conquista um título desde 2017, quando faturou o seu último Grand Prix.

O treinador provavelmente reluta em se aposentar porque deseja conquistar os títulos que lhe faltam em sua coleção e o Mundial é justamente o mais relevante destes. Outro motivo possivelmente foram as Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro, quando o Brasil não conseguiu sequer a medalha de bronze enquanto o masculino ficou com ouro -Zé provavelmente busca se "redimir" do vexame antes de pendurar a prancheta. Isso sem mencionar o orgulho pessoal para provar a todos que não está "ultrapassado" apesar do tempo.

A Seleção, por sua vez, também precisa de novas ideias. O vôlei evolui como qualquer outra modalidade esportiva e acomodar-se é fatal em um meio competitivo. Uma eventual mudança nesse cenário não seria fácil. Basta ver a instabilidade apresentada  pelo time masculino comandado por Renan Dal Zotto após anos com Bernardinho. Algum dia, porém, Zé Roberto também vai parar e o Brasil precisa estar preparado para isto.

Zé Roberto é um dos maiores treinadores de todos os tempos e ele não precisa provar isto para ninguém. Todos os títulos que conquistou em ambas as Seleções Brasileiras falam pelo técnico. O comandante, porém, deveria realmente considerar a aposentadoria visto que uma queda acentuada de rendimento poderia manchar o seu vitorioso currículo e até "queimá-lo" com a torcida, assim como aconteceu com Arsène Wenger.



Imagem extraída de web.facebook.com/confederacaobrasileiradevoleibol




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