sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

24

Imagem extraída de www.facebook.com/Kobe/



-"Vinte e quatro aqui não"! -Declarou o diretor de futebol do Corinthians, Duílio Monteiro Alves, no dia 10 de janeiro de 2020 durante a apresentação do meia Victor Cantillo sobre a possibilidade do colombiano utilizar a camisa de número 24. O dirigente, horas depois, se desculpou pela brincadeira.

O número 24 possui uma conotação pejorativa aqui ni Brasil. No jogo do bico, o número é atribuído ao animal veado, termo também utilizado para ofender homossexuais.

Quiz o destino, no entanto, que o número 24 recebesse outra conotação duas semanas após a infeliz declaração de Duílio. Um significado totalmente doloroso em virtude da morte do ex-jogador de basquete Kobe Bryant.

O ex-astro do Los Angeles Lakers ficou eternizado pelas camisas de número 8 e 24. O clube aposentou os dois números quando o atleta deixou as quadras, mas sem dúvida foi o 24 que marcou a vitoriosa carreira do jogador.



Imagem extraída de www.facebook.com/ecbahia



A morte de Bryant gerou uma comoção mundial. E o Brasil não foi exceção com várias pessoas e entidades ligadas ao meio esportivo prestando homenagens ao atleta.

Uma das homenagens, por acaso, foi justamente o uso do número 24, o mesmo tão odiado pela nossa cultura homofóbica. Vários times e atletas disputaram partidas utilizando camisas com o número que Bryant eternizou.

Foi bonito, ainda que tenha sido apenas durante o momento do luto, que os brasileiros tenham esquecido o significado pejorativo atribuído àquele número e colocado a memória de Bryant acima de qualquer ódio ou preconceito.



Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc/


Foi muito mais bonito a reação do torcedor, justamente aquele que mais fica incomodado por temer que seu clube de coração se torne motivo de chacota para os rivais. O publico em geral abraçou as homenagens a Bryant independente de qualquer significado pejorativo atribuído àquele número. Visitei perfis nas redes sociais durante o período de luto a Bryant e as reações às homenagens foram todas positivas.

Seria excelente que ódio e preconceito não mais existissem. O Brasil ainda está longe de ser um exemplo na luta contra a homofobia, mas deu uma demonstração de humanidade e solidariedade nesta semana marcada por uma tragédia que abalou o mundo esportivo.

Ainda há esperança para o Brasil. E Cantillo já pode utilizar seu número preferido sem temer a reação dos torcedores.



Imagem extraída de www.facebook.com/Kobe/


quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Fantasmas

Imagem extraída de www.facebook.com/santosfc/



O treinador do Santos, Jesualdo Ferreira, se irritou durante entrevista coletiva após comparações com o antecessor Jorge Sampaoli. O lusitano, entre outros argumentos, declarou que tem apenas duas partidas pelo Peixe e que sua equipe não será igual à do argentino.

O fato é que, embora Sampaoli tenha deixado a Vila Belmiro há quase dois meses, seu fantasma continua assombrando o Santos. Os torcedores se acostumaram com o estilo do argentino que mistura leveza técnica com intensidade física. Mais do que isso, o antigo treinador fez um verdadeiro "milagre" ao levar o time praiano ao vice-campeonato brasileiros apesar do elenco limitado e dos salários atrasados. Isso sem mencionar que o hermano era bastante próximo do torcedor -o técnico era visto pedalando pelas ruas da cidade e frequentemente convidava meninos para assistirem aos treinos.

A expectativa para Jesualdo era alta. Esperava-se que o treinador repetisse o sucesso do antecessor e também do compatriota Jorge Jesus. O técnico havia dado poucas pistas de como utilizaria o elenco santista -as referências eram seus trabalhos anteriores em Portugal e o time que herdou de Sampaoli- o que aumentou ainda mais o hype pelo seu trabalho.

O treinador, porém, obteve resultados modestos em suas duas primeiras partidas oficiais -um empate em 0X0 contra o "novo rico" Bragantino na Vila Belmiro, e uma vitória por 2X1 no sufoco diante do Guarani no Brinco de Ouro.

Podemos argumentar em defesa de Jesualdo que o elenco está enfraquecido com relação a 2019 (saíram Gustavo Henrique, Victor Ferraz e Jorge, além de Soteldo que está com a Seleção Venezuelana) e que o treinador teve pouco tempo para conhecer o elenco -o português demorou para chegar à Vila Belmiro porque o Santos negociava com outros treinadores antes do lusitano e o comandante teve pouco mais de 15 dias para conhecer o time na pré-temporada.

Tais argumentos, porém, acabam sendo refutados pelo fantasma de Sampaoli, afinal o argentino recebeu praticamente o mesmo elenco limitado, teve os mesmos 15 dias de pré-temporada e entregou grandes resultados apesar do caos na Vila Belmiro.



Imagem extraída de www.facebook.com/santosfc/


São totalmente compreensíveis as tentativas de comparação de Jesualdo com Sampaoli. Todos esperavam que o "milagre" de 2019 se repetisse no ano seguinte, ainda mais com o time classificado de forma direta para a Libertadores e com mais dinheiro das cotas de televisão.

A crise no Santos, porém, obriga que o clube tenha de cortar ainda mais gastos. Foi por esse motivo que Sampaoli não permaneceu na Vila Belmiro -o treinador exigiu mais reforços enquanto os dirigentes desejavam negociar ainda mais titulares e utilizar os atletas da base para a temporada.

Jesualdo chegou ao Santos ciente de que o clube passa por um momento financeiro delicado e que dificilmente chegarão reforços para a temporada. Ainda que o antecessor tenha tirado leite de pedra com um elenco sem muitas opções, é necessário compreender que o Peixe em 2019 foi um ponto totalmente fora da curva. Como expliquei em minha análise, o time praiano estaria lutando contra o rebaixamento nas condições apresentadas.

Vale mencionar que um treinador estrangeiro não oferece nenhuma garantia de títulos ou "milagres". O português Paulo Bento e o argentino Ricardo Gareca, por exemplo, não conseguiram livrar Cruzeiro e Palmeiras de suas respectivas crises.

O que Jesualdo vai conseguir com o Santos só o tempo dirá. Não adianta esperar que o português seja um novo Sampaoli. O argentino deixou a Vila Belmiro magoado com os atuais dirigentes e dificilmente retorna.

O treinador, porém, só conseguirá se livrar em definitivo do fantasma de Sampaoli com resultados. E eles só virão com o tempo, assim que treinador e elenco estiverem remando juntos na mesma direção. Isto é, se a pressão e o imediatismo não atrapalharem o trabalho de Jesualdo. 



Imagem extraída de www.facebook.com/santosfc/




quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Alta Tensão

Imagem extraída de www.facebook.com/FlamengoOficial/



Estamos na última semana da janela de transferências do mercado europeu. As transferências nesta época não costumam ser grandiosas no Velho Continente uma vez que os clubes buscam apenas contratações pontuais para repor atletas lesionados. Há exceções obviamente, como as contratações milionárias de Phillippe Coutinho (Barcelona) e Virgil Van Dijk (Liverpool), ambas realizadas em janeiro de 2018.

Os clubes brasileiros, no entanto, costumam realizar grandes negócios nesta época do ano. Como a temporada no Brasil se encerra em dezembro e se inicia na metade de janeiro, os times daqui costumam realizar suas principais contratações e vendas neste período. Grandes vendas como Gabriel Jesus e Lucas Moura foram efetuadas no mencionado período.

O problema, porém, é que a temporada no Brasil se inicia enquanto a janela de transferências de inverno (lembrando que é inverno no hemisfério norte) ainda está aberta e existe a possibilidade de mais jogadores deixarem o país, o que atrapalharia bastante o planejamento dos clubes daqui.

A janela de transferência de inverno é curta e muitas contratações acabam sendo feitas às pressas, muitas vezes com atletas sendo negociados por valores inflacionados. Em virtude disso, o mercado sul-americano acaba sendo uma excelente alternativa para os clubes europeus uma vez que os atletas daqui são mais baratos.

Tais fatos explicam a insistência do Arsenal no zagueiro Pablo Marí (foto acima). O defensor tem o perfil quase perfeito para o momento: é um bom jogador, não custaria caro para os padrões europeus e é nascido na Espanha o que facilitaria qualquer trâmite burocrático. Flamengo e Gunners não haviam chegado a um acordo inicialmente, mas a necessidade do clube londrino mais a vontade do atleta de retornar à Europa prevaleceram.

Não será surpresa se algum clube europeu levar mais algum outro destaque de nosso futebol nos próximos dias devido a urgência em que as negociações são realizadas neste período. Isso traria alívio financeiro aos nossos endividados times mas também muitos problemas, uma vez que o planejamento teria de ser refeito caso algum atleta importante saia e as equipes daqui teriam de correr para repor a perda com a temporada rolando.

Talvez nem mesmo a sincronia de nossa temporada com a dos europeus ajudasse neste caso, uma vez que os clubes do Velho Continente também realizam as negociações de inverno com o bonde andando, mas se não houvessem os inúteis estaduais, haveria mais tempo hábil para os nossos times refazerem o planejamento e também buscar reposições com menos pressa.

Enquanto não há uma solução definitiva para se amenizar os danos causados pela janela de transferência de inverno, os clubes daqui vivem a expectativa de perderem seus principais jogadores sem poderem fazer nada uma vez que é praticamente impossível concorrer financeiramente com os europeus.

Pablo Marí foi para o Arsenal, Cebolinha pode trocar o Grêmio pelo Everton, Antony pode acertar com o Ajax, e assim por diante. Até o dia 31, os clubes daqui poderão sofrer novas e inesperadas baixas.

Pobre futebol brasileiro.



Imagem extraída de www.facebook.com/FlamengoOficial/



SELEÇÃO PRÉ-OLÍMPICA X CLUBES BRASILEIROS

Com sofrimento, a Seleção Pré-Olímpica passou pela Bolívia (placar 5X3) e assegurou sua classificação no quadrangular final, onde os dois primeiros colocados irão à Tóquio. A notícia é excelente para o nosso futebol porque a modalidade ficou mais próxima de conquistar uma vaga para as olimpíadas, mas é péssima para os nossos clubes que perderão seus jogadores sub-20 por mais algumas rodadas. Pedrinho, Antony, Igor Gomes e Bruno Guimarães são alguns que vinham sendo titulares por seus clubes e continuarão desfalcando seus times até o dia 9 de fevereiro.



PAULISTINHA

O Campeonato Paulista não é o melhor parâmetro para se avaliar os clubes, mas tem ficado óbvio que os grandes times ainda precisam de ajustes se quiserem brigar pelos títulos. Os treinadores deveriam aproveitar que a competição tem pouca relevância e realizar mais testes, mas a pressão por resultados e o imediatismo impedem que nossos comandantes tenham essa liberdade. Basta lembrar de quantos técnicos já caíram por causa da competição.




terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Ainda Dá para Acreditar em Löw?

Imagem extraída de www.facebook.com/DFBTeam/



Custa-me acreditar até hoje como a Alemanha de Joachim Löw, que me encanta desde a Copa 2010, tenha feito uma campanha tão pífia em 2018 quando caiu ainda na fase de grupos. E os adversários estavam longe de serem considerados complicados -Suécia, México e Coréia do Sul.

A imprensa, em geral, havia creditado a má atuação na Rússia devido a ausência do meia-atacante Leroy Sané. O jogador do Manchester City era visto como um driblador e capaz de desequilibrar uma partida, mas o atleta teria se desentendido com o treinador Joachim Löw e sido vetado em decorrência do suposto incidente. E o corte do ponteiro teria tumultuado o vestiário. Mas observei alguns outros problemas.

Löw cometeu os mesmos erros da Itália em 2010 e da Espanha em 2014: as duas seleções não haviam se preocupado em renovar seus elencos após conquistarem o título, chegando à copa seguinte com equipes manjadas e envelhecidas. Jogi utilizou praticamente a mesma equipe de 2014 (excetuando os jogadores aposentados) e os adversários sabiam exatamente o que cada alemão faria em campo. Não obstante, a Mannschaft atuou na Rússia com uma equipe totalmente apática e desinteressada exceto, talvez, por Marco Reus, Timo Werner e Toni Kroos.

Também parece ter faltado a liderança de jogadores como Klose, Podolski, Schweinsteiger e, principalmente, Lahm. O lateral, aliás, foi o atleta mais difícil de se substituir visto que poucos jogadores possuem sua versatilidade e qualidade. Tanto a Seleção Alemã quanto o Bayern demonstram sentir muita falta de seu capitão em campo. Um camisa 9 também tem feito falta ao time.



Ascensão, apogeu e queda: Seleção Alemã em 2010, 2014 e 2018, respectivamente. Joachim Löw iniciou uma equipe
jovem para o ciclo de 2010, obteve a maturidade em 2014 e parece não ter respeitado o seu "prazo de validade" em 2018.
O time foi praticamente o mesmo durante os três mundiais, sempre em 4-2-3-1 (obtido via www.footballuser.com/).



Minha decepção ficou ainda maior pelo fato de Löw ser um treinador ousado e sem medo de experimentar. O técnico passou todo o ciclo para a Copa 2018 testando dezenas de atletas até então pouco conhecidos. Bellarabi, Tah, Leroy Sané, Rüdiger, Rudy e tantos outros que foram utilizados em amistosos ou mesmo em partidas eliminatórias para a Euro 2016 ou para a Copa 2018.

O ápice da ousadia de Löw havia sido disputar a Copa das Confederações 2017 com uma equipe predominantemente jovem e com pouquíssimos remanescentes da Copa 2014. A equipe não deu um show de bola devido à inexperiência e a falta de entrosamento do elenco, mas o título veio sem grandes problemas.

Tudo indicava que a renovação do elenco estava encaminhada e que teríamos muitas surpresas ousadas no elenco para o mundial, mas o treinador preferiu a zona de conforto.



Alemanha na final da Copa das Confederações 2017:
Joachim Löw utiliza uma equipe totalmente alternativa
no 3-4-3 que cometeu erros, mas trouxe o inédito troféu sem
grandes problemas (obtido via www.footballuser.com/).



O treinador tratou de arregaçar as mangas e agir para justificar sua permanência no cargo após o vexame na Rússia. Comunicou que atletas como Boateng e Müller não mais estavam em seus planos e passou a realizar novos testes com mais atletas jovens.

A primeira experiência, na Liga das Nações 2018, não foi muito bem sucedida com a equipe fazendo campanha fraca e quase sendo rebaixada, se a UEFA não tivesse alterado os critérios de permanência na divisão principal. Nas eliminatórias para a Euro 2020, a Alemanha se classificou sem muitas dificuldades, mas as críticas ao treinador continuaram fortes.

A Alemanha vem para o ciclo da Copa 2022 cercada de desconfiança e incertezas. Joachim Löw encantou o mundo ao mudar o estilo de jogo físico da Mannschaft para um mais técnico e utilizar atletas jovens pouco conhecidos.

A fórmula do treinador apresentou visíveis sinais de desgaste e poucas ideias novas. Löw, porém, ainda tem a confiança dos dirigentes da DFB por ter tirado a Alemanha da fila em 2014.

Se Jogi irá corresponder à confiança de seus dirigentes, nós descobriremos em junho deste ano, quando será realizada a Eurocopa 2020.



Imagem extraída de www.facebook.com/DFBTeam/




segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Pecado Capital




O Choque-Rei na tarde quente de Araraquara acabou em um morno 0X0.

O destaque acabou sendo o zagueiro são-paulino Arboleda que cometeu poucas falhas, garantindo um clean sheet ao goleiro Tiago Volpi.

Arboleda, porém, não estava chamando atenção exatamente pelo jogo seguro em Araraquara. Havia uma expectativa muito grande sobre o defensor que vinha sendo pesadamente hostilizado e até ameaçado nas redes sociais.

Seu erro? Foi flagrado durante as férias vestindo a camisa do rival Palmeiras (foto acima), justamente o adversário de ontem.

Torcedores passaram a exigir a saída do equatoriano. O atleta apagou a foto de suas redes sociais e pediu desculpas pelo gesto, mas a relação entre atleta e torcida nunca mais foi a mesma.

O incidente ocorreu na mesma época quando o caso do goleiro Jean veio à tona. Muitos torcedores, porém, pareciam mais revoltados com o caso do defensor do que com o do arqueiro, mesmo sabendo-se que o ex-camisa 1 havia cometido um crime.



Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc/



Sim, Arboleda desrespeitou o São Paulo Futebol Clube, a instituição que representa e que paga os seus salários.

Sim, o zagueiro faltou com o respeito em relação ao torcedor quando vestiu em público a camisa de um grande rival.

Sim, o equatoriano cometeu um erro e precisa ser punido -o clube declarou que o defensor foi multado e que o problema foi resolvido "internamente".

Arboleda, porém, não cometeu nenhum crime. Nada que justificasse o ódio de torcedores.

Há pessoas que confundem o ato de torcer com fanatismo, supostos torcedores que veneram doentiamente o próprio clube e agem com intolerância qualquer desrespeito àquilo que consideram "sagrado".

Arboleda, para esses supostos torcedores, cometeu um "pecado mortal", comparável a vilipendiar uma imagem religiosa.

O zagueiro faltou com o profissionalismo, algo bem diferente de cometer um crime. E, mesmo que tivesse cometido, não deveria ser punido com agressão física ou verbal. Temos leis e um sistema judiciário que não são perfeitos mas existem justamente para este tipo de situação.

O defensor, curiosamente, foi um dos melhores em campo apesar dos insultos do próprio torcedor e das provocações de palmeirenses. Se o atleta estava em dívida com o torcedor, pagou impedindo que o Palmeiras ameaçasse o gol de Tiago Volpi.

Futebol é esporte, não religião.



Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc/




domingo, 26 de janeiro de 2020

Adeus, Kobe Bryant

Imagem extaída de www.facebook.com/Kobe/



Nunca fui um grande fã de basquete. Se eu disser que já assisti a alguma partida, foram uma ou duas.

Nunca acompanhei a NBA, sei apenas que é a maior liga de basquete do mundo.

Nunca vi Kobe Bryant jogar, sei apenas que foi um grande jogador de basquete, multicampeão e que já foi comparado à lenda Michael Jordan.

Eu gostaria de voltar a escrever sobre outras modalidades esportivas, mas não desta maneira.

Eu adoraria escrever sobre esportes com mais alegria, mas as circunstâncias não me permitem.

Alguém que nunca foi fã de basquete sentiu a morte de Kobe Bryant, a quem eu nunca vi jogar.

Recebi com muito espanto a notícia de seu falecimento.

Talvez pela lenda que ele é, talvez pela gravidade do acidente, talvez pela maneira que ele morreu, de maneira tão rápida, inesperada e repentina.

Esta é a vida, tão efêmera, tão passageira e tão surpreendente.

Nunca vi Kobe Bryant jogar e agora não terei mais a oportunidade, a não ser pelos vídeos de seus lances geniais.

Descanse em paz, Kobe Bryant. E obrigado por tudo o que fez ao basquete.



Imagem extaída de www.facebook.com/Kobe/




Sonhos Estilhaçados

Imagem extraída de www.facebook.com/copinha




Antes de mais nada, gostaria de parabenizar o Internacional pela conquista do título e os garotos que participaram da 51ª edição da Copa São Paulo de Futebol Júnior. Que todos os aspirantes tenham muita boa sorte daqui pra frente afinal nem mesmo a conquista do título oferece garantias de que o garoto conseguirá vingar e se profissionalizar no esporte.

Lembremo-nos dos casos de Boquita, Bruno Bertucci, Lucas Gaúcho, Negueba, Muralha e tantos outros que venceram a competição. Todos foram aclamados pela torcida e chegaram a atuar entre os profissionais. Nenhum deles, no entanto, se firmou e todos foram esquecidos aos poucos até desaparecerem completamente do futebol.

A transição das divisões de base para o profissional é mais uma peneira na vida de um juvenil e muitos acabam ficando para trás por mais esforço ou sucesso que tenham feito.

A maioria dos treinadores necessita de resultados a curto prazo e, por isso, não tem tempo (e nem paciência) para testar ou ensinar garotos, preferindo adquirir o talento pronto ou contratar seus jogadores de confiança com quem trabalhou em outros clubes.

Mais importante, porém, é a diferença entre o futebol profissional para o amador: muitas crianças aprendem a jogar bola cedo com os amigos, são descobertos por olheiros e começam a treinar nas categorias de base de algum clube.

Quando são efetivados a uma equipe principal, porém, precisam agir com profissionalismo e responsabilidade, sobretudo no futebol atual onde a preparação física e a imagem são tão importante quando vencer os jogos. Bem diferente quando o garoto joga sua bolinha com os amigos sem nenhum compromisso e depois todos saem pra tomar um lanche juntos.

Isso sem falar naqueles que se perdem por más influências, aproveitadores ou pela pura falta de preparo psicológico.



Imagem extraída de www.facebook.com/scinternacional/



O futebol profissional está cada vez mais "profissional". O choque de realidade quando um garoto é efetivado é quase o mesmo de quando um aluno sai da escola ou da faculdade e ingressa no mercado de trabalho.

O esporte atual também está cada vez mais competitivo e a necessidade de resultados imediatos dificulta que atletas recém formados nas categorias de base consigam se firmar. O processo de transição é lento e clubes e/ou treinadores nem sempre estão dispostos a bancar a aposta. Mesmo os clubes europeus têm preferido contratar a efetivar, inclusive o Barcelona que tanto se orgulhava de sua cantera.

Os clubes, ainda assim, deveriam oferecer algo aos jovens jogadores. Se as entidades esperam que os garotos deem seu melhor em campo e conquistem títulos, os aspirantes também esperam algo dos clubes mesmo que seja apenas um plano de carreira.

Um aspirante está abrindo mão de muita coisa em prol do sonho de ganhar a vida fazendo o que mais gosta que é jogar bola. Ele poderia estar se dedicando aos estudos ou se divertindo, afinal a juventude é passageira e a vida adulta é longa. Ninguém gostaria de perder a melhor fase de sua vida para a troco de nada.

É compreensível o lado dos clubes ao não utilizarem tantos jogadores formados em suas bases, mas não é compreensível iludir tantos jovens e tirar sua adolescência a troco de nada.

Se for para formar tantos jogadores para não utilizá-los, seria melhor não haver categorias de base. Pelo menos, um garoto não irá perder seu tempo para ter seus sonhos estilhaçados pelo futebol que só pensa em resultados a curto prazo.



Imagem extraída de www.facebook.com/scinternacional/




sábado, 25 de janeiro de 2020

E os Outros Esportes?




Para quem acompanha o Farma Football desde o início do blog provavelmente deve estar sentindo falta dos posts a respeito de outras modalidades esportivas.

O futebol masculino, obviamente, sempre recebeu uma atenção especial por ser a modalidade preferida do autor e também pela facilidade de se encontrar material para textos. Não por acaso, o blog foi nomeado "Farma Football".

Procurei, no entanto, dedicar alguns textos a outras modalidades, seja pela afinidade do autor por elas, seja para ajudar na divulgação de categorias pouco exploradas no Brasil em detrimento ao futebol.

Foram publicados ao longo destes quase sete anos do blog textos esporádicos sobre futebol feminino, basquete, automobilismo, lutas, handebol, ginástica, futsal e, principalmente, vôlei que era uma das paixões do autor.






O autor, porém, passou por alguns problemas que o levaram a se afastar do meio esportivo. Durante o tempo em que o blog esteve sem atualização, deixei de acompanhar praticamente qualquer tipo de esporte. Assisti apenas a algumas finais da Champions League e a alguns jogos da última Copa do Mundo.

Fiquei ainda mais desatualizado com relação às demais modalidades esportivas. Não faço mais ideia de como está a situação dos clubes ou das seleções. Estou alheio até mesmo à situação do nosso vôlei, que eu tanto gostava.

Os periódicos e sites esportivos do Brasil também dedicam mais espaço ao futebol masculino por ser a modalidade mais popular do país e, portanto, a que mais gera audiência, acessos ou vendas de jornal. Assim como este blog, eles dedicam menos espaço a outras categorias e, por isso, ficou difícil obter notícias a respeito dos outros esportes enquanto eu estive afastado.





Gostaria de pedir desculpas ao querido leitor e leitora pela ausência dos textos a respeito de outras modalidades esportivas. Já tem sido difícil compor textos a respeito de futebol, quanto mais escrever a respeito de categorias menos divulgadas aqui no Brasil.

A falta de ritmo do autor ainda tem pesado apesar de passado quase um mês que o blog retornou às atividades, mas garanto que estou me esforçando para que tenhamos pelo menos um texto por dia novamente e também para manter o querido leitor e leitora entretidos com os posts.

O retorno às outras modalidades esportivas será lento e gradual devido à maior dificuldade em se encontrar material ou ideias para posts, mas fiquem ligados que o blog voltará a apresentar textos sobre outros esportes.

Muito obrigado pela compreensão e um abraço!

Equipe Farma Football







sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Riscos Desnecessários

Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc/



Acabou a primeira das 12 rodadas (sem considerar a fase final) do longo e inútil Campeonato Paulista, tão importante quanto qualquer um dos incômodos estaduais. Todas competições desnecessárias que hoje servem apenas para enriquecer as federações de futebol.

Os estaduais não têm mais a mesma importância ou relevância de antigamente. São competições longas, com jogos de baixo nível técnico (salvo raríssimas exceções) e que espremem ainda mais o calendário de nosso futebol.

As emissoras de TV, após anos, finalmente perceberam isso e não dão mais relevância aos estaduais. Tanto que a Rede Globo, que possui a exclusividade dos jogos na TV aberta, deixou de exibir a maioria dos jogos do Paulistão -deverá exibir apenas as fases finais e, talvez, os clássicos.

Por causa dos inúteis estaduais, os jogadores têm as férias reduzidas, a pré-temporada das equipes fica prejudicada e a CBF é obrigada a agendar rodadas do Brasileirão em datas FIFA para acomodar os campeonatos regionais, o que causa conflitos entre clubes e a Seleção Brasileira quando jogadores que atuam no Brasil são convocados.

Os jogadores, por causa do grande número de jogos por ano, ficam ainda mais propensos às lesões. Caso um time paulista chegue a todas as finais possíveis na temporada (Paulistão, Copa do Brasil e  Libertadores) e dispute todas as 38 rodadas do Brasileirão, o atleta poderá ser obrigado a atuar em até 74 partidas, sendo que 16 delas correspondem ao Campeonato Paulista.



Imagem extraída de www.facebook.com/Palmeiras/



Os títulos não acrescentam mais nada aos grandes clubes. Por causa do baixo nível técnico, o resultado é sempre previsível e os troféus conquistados servem apenas para enganar o torcedor. A realidade sempre aparece durante o Brasileirão: basta lembrar-nos de quantos times sofreram ou mesmo acabaram rebaixados no Campeonato Brasileiro no mesmo ano em que faturaram um estadual.

Os times que perdem quase sempre acabam pressionados por causa das derrotas ou eliminações, principalmente durante os clássicos. Quantas demissões de treinadores ou protestos violentos de torcedores foram motivadas por tais situações ocorridas durante um inútil campeonato estadual? Pior é a incompetência de nossos dirigentes que acabam rasgando planejamentos inteiros por causa de uma competição dessa importância, se é que um regional possui isso.

Mais inteligente seria seguir o exemplo do Athlético Paranaense ou do Flamengo, que disputam os campeonatos estaduais com equipes reservas ou com o time sub-20. Isso permite que as equipes principais tenham uma preparação mais adequada, férias mais longas e mais fôlego para as competições que realmente importam: Brasileirão, Copa do Brasil e Libertadores (ou Sulamericana).

Você, como torcedor, tem todo o direito de torcer e acompanhar seu time de coração durante o campeonato estadual. Mas tenha consciência de que essas competições não valem mais nada e só servem para prejudicar o seu clube.



Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc/



PRECISA CONTRATAR I?

O namoro do Flamengo com o atacante Pedro já é antigo -o Rubro Negro já havia tentado contratar o jogador ainda em 2019 quando ele defendia o rival Fluminense. Quase um ano depois, enfim o casamento saiu, mas cabe a reflexão: com tantos atacantes à disposição, o Fla precisava realmente contratar o atleta, ou está apenas fazendo pirraça com o Flu? Pedro é um jogador muito promissor, mas tem um histórico apreciável de lesões e não se firmou na Fiorentina.



PRECISA CONTRATAR II?

Corinthians e Palmeiras estão travando um verdadeiro Dérbi Paulistano para tirar o meia-atacante Rony do Athlético Paranaense. O Timão o deseja por indicação do treinador Tiago Nunes (que trabalhou com o jogador no próprio Furacão) enquanto o Verdão acredita que o atleta seria melhor do que Raphael Veiga para atuar no lado esquerdo do ataque. Rony tem suas qualidades, é fato, mas será que é tão diferenciado assim para motivar a disputa entre dois rivais? Ou estariam os grandes rivais paulistanos meramente tentando dar "chapéu" um no outro?



PRECISA CONTATAR III?

Renato Gaúcho demonstrou interesse em trazer os meias Diego Souza e Thiago Neves para o Grêmio. Diego teve uma excelente passagem pelo Imortal em 2007 (foi vice-campeão da Libertadores pelo clube) enquanto Thiago já trabalhou com Renato pelo Fluminense (foi vice-campeão da Liberadores em 2008). Porém, tanto Diego quanto Thiago já estão com 34 anos e tiveram muitos problemas nos últimos clubes que defenderam. Será que valem o risco?




quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

O que Esperar da Seleção em 2020?

Imagem extraída de www.facebook.com/CBF/



Hoje é o nosso último post da série que avalia as expectativas dos quatro grandes times de São Paulo e da Seleção Brasileira para a temporada. E finalizamos com a análise de nosso selecionado nacional.

A Seleção Brasileira era vista como "incontestável" há dois anos atrás. A campanha arrasadora nas Eliminatórias da Copa 2018 fez com que Neymar e o técnico Tite fossem endeusados pela imprensa e torcedor.

A realidade, porém, veio durante o último Mundial, com a eliminação diante da Bélgica. Não foi humilhante como os 7X1 diante da Alemanha, mas aquela derrota manchou a imagem de Tite e de Neymar. Outrora adorados, hoje treinador e atleta são pesadamente cobrados até mesmo hostilizados.

Tite ganhou uma segunda chance apesar da eliminação, mas a relação com torcedor e imprensa nunca mais foi a mesma. Nem o título da Copa América em 2019 serviu para limpar a imagem do treinador. E os recentes resultados da Seleção em amistosos só serviram para aumentar a desconfiança.

2020 será um ano definitivo para a Seleção. O Brasil terá a Copa América no meio do ano e também as Eliminatórias da Copa 2022. Um eventual fracasso deve custar o emprego de Tite e causar uma profunda reformulação na equipe.



COMO FOI A TEMPORADA ANTERIOR?



Formação adotada na final da Copa América 2019: Brasil
no 4-1-4-1/4-3-3 dependendo do posicionamento dos pontas
(obtido via www.footballuser.com/)



Mesmo após o fracasso na Rússia em 2018, Tite manteve-se fiel às suas convicções: o Brasil continuou atuando no mesmo 4-1-4-1 que o gaúcho adotava no Corinthians e a base foi mantida apesar dos pedidos para que o treinador renovasse o elenco.

O Brasil, inicialmente, conseguiu se restabelecer obtendo bons resultados mas com a ressalva de que eram poucos os adversários de nível técnico bom. Veio o título da Copa América, com a Seleção vencendo mas encontrando alguma dificuldade. Após o título, a equipe aparentemente se acomodou, não mais apresentando a mesma vontade de vencer ou de buscar mais títulos, como se a missão desta geração já estivesse cumprida após o troféu conquistado em 2019.

A Seleção Brasileira terminou o ano sob desconfiança. Não há mais aquela expectativa de que o Brasil vencerá a Copa América 2020 e, tampouco, de que se classificará com tranquilidade para o próximo Mundial.

Neymar, o principal jogador do Brasil, pouco atuou devido às lesões. Ele sequer pôde disputar a Copa América.

Tite, por sua vez, está pressionado no cargo por causa dos resultados recentes.



COMO FICA A EQUIPE PARA 2020?



Seleção escalada em 4-1-4-1/4-3-3
(obtido via www.footballuser.com/).


Tite não deve promover alterações radicais na equipe a curto prazo. O treinador, inclusive, deixou pistas que seus veteranos ainda têm chances de jogar a Copa 2022 no Catar. Isto teria motivado os retornos de Daniel Alves, Rafinha e Filipe Luís ao Brasil uma vez os laterais já não eram mais vistos como titulares absolutos pelos grandes clubes europeus.

A sensação é que Tite parece mais preocupado com suas convicções do que com os troféus. O treinador age como se o grupo que disputou a Copa 2018 tivesse sido injustiçado e que os atletas, assim como o treinador, também merecessem uma segunda chance.

Injustiça ou não, é fato que os veteranos dificilmente poderão ajudar a Seleção em 2022. Daniel Alves, por exemplo, estará com 39 anos quando o próximo mundial for realizado. Com o futebol cada vez mais físico e intenso, é pouco provável que ainda consigam contribuir dentro das quatro linhas por mais talento que possuam.

A defesa é o setor que mais carece de renovação. Thiago Silva, Miranda e Geromel já estavam com 33 anos ou mais durante o último Mundial. Tite vem apostando em Marquinhos, Felipe (Atlético de Madrid) e Militão (Real Madrid), mas faltam mais opções para a posição.

Um meia-armador para disputar posição com Coutinho também seria bem-vindo -Paquetá e Felipe Anderson ainda não mostraram ser esse jogador.

O mais importante, porém, seria que Tite tratasse um jogo amistoso realmente como um jogo amistoso: para a realização de testes no elenco e buscar mais opções ou alternativas até 2022. Porém, como o treinador está pressionado no cargo, ele certamente irá optar pelo "caminho seguro" em busca dos resultados a curto prazo.



O QUE TITE PODE OFERECER À SELEÇÃO BRASILEIRA?



Imagem extraída de www.facebook.com/CBF/



Explicamos em outro post as influências e os esquemas táticos de Tite.

O treinador, que havia encantado durante as eliminatórias para a Copa 2018, não é mais unanimidade.

Tite está ameaçado no cargo ainda que de maneira velada. A contratação da técnica sueca Pia Sundhage na Seleção Feminina e os sucessos de Jorge Jesus e de Jorge Sampaoli no futebol brasileiro são indicativos sutis de que a CBF poderia abrir suas portas a um estrangeiro no comando da Seleção. A saída de seus auxiliares, Sylvinho e Edu Gaspar, também enfraqueceram o gaúcho.

Faltam ideias novas a Tite. Mesmo os conhecimentos que ele adquiriu em seu estágio com Ancelotti já não têm a mesma eficácia de outrora. O gaúcho parece ignorar o fato de que já se passaram quase seis anos que o italiano venceu a Champions League com o Real Madrid. O futebol mudou muito de 2014 pra cá e é necessário acompanhar as transformações do esporte.

Tite, como explicado anteriormente, também precisa decidir se sua prioridade é a conquista do hexa ou a manutenção de sua "família". É inevitável que um líder se apegue a alguns subordinados, mas o treinador precisa ser profissional e entender que está sendo pago para ganhar competições, não para ser pai de jogador.

O treinador, ao menos, deixou de priorizar atletas que comandou no Internacional e do Corinthians, equipes por onde conquistou muitos títulos há alguns anos atrás. Muitos atletas eram convocados muito mais por terem trabalhado com o técnico no passado do que por méritos.

Tite também acertou ao não desejar assumir a Seleção Olímpica. O treinador seria obrigado a trabalhar com atletas totalmente diferentes da Seleção Principal. Além disso, uma eventual derrota poderia causar ainda mais desgaste.



EXPECTATIVAS



A Copa América 2020 será crucial para se decidir os rumos que a Seleção seguirá. Se Tite deseja seguir no cargo até 2022, precisa vencer a competição. E ainda apresentar resultados positivos durante as Eliminatórias.

O Brasil, ao menos, é favorito para vencer a competição e também para se classificar à Copa 2022 mesmo com os tropeços recentes uma vez que ainda contamos com bons jogadores embora não pareça. Ademais, os principais rivais também enfrentam problemas -Uruguai e Argentina estão renovando o elenco, o Chile está relutando em abandonar sua fantástica geração bicampeã sulamericana e o Peru está no auge mas com o time envelhecendo.

Tite possivelmente vencerá a Copa América e terminará o ano em uma posição confortável nas Eliminatórias, mas precisa ter em mente que na Copa do Mundo a história é outra. A eliminação diante da Bélgica, ainda que não tenha sido humilhante, está aí como prova.



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quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

O que Esperar do Santos em 2020?

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Inicia-se hoje o Campeonato Paulista 2020. E junto com o início da competição, estamos publicando a análise do último grande clube paulista para a temporada, o Santos.

O Peixe, contra todas as chances, fez uma grande temporada em 2019. Convivendo com uma forte crise político-econômica, valendo-se de um elenco limitado e com salários atrasados; o time praiano era visto até como candidato ao rebaixamento.

O treinador Jorge Sampaoli conduziu o Santos ao vice-campeonato brasileiro e finalizou a temporada com chave de ouro aplicando uma goleada por 4X0 sobre o poderoso Flamengo de Jorge Jesus.

O destino, porém, foi cruel com o Peixe em 2020. Os dirigentes e o treinador argentino não chegaram a um acordo de renovação, o que causou a saída conturbada de Sampaoli da Vila Belmiro. Não o obstante, o clube perdeu alguns titulares e não há perspectivas para grandes contratações em virtude da crise econômica.

O Santos tenta evitar que a crise nos bastidores chegue aos gramados. E deposita toda sua confiança no treinador Jesualdo Ferreira e nos Meninos da Vila.



COMO FOI A TEMPORADA ANTERIOR?



Santos escalado em 4-3-3
( obtido via www.footballuser.com/)



Milagre. Essa é a palavra que define o que Jorge Sampaoli fez com o Santos durante a temporada 2019. Sempre afirmo que são os jogadores que decidem as partidas, mas é inegável que o treinador argentino foi o grande responsável pela campanha surpreendente do Peixe durante o ano passado. Fosse algum outro treinador, o time da Vila Belmiro estaria lutando para não cair. Duvida?

Quem isolou o elenco da crise política?

Quem motivou a equipe a se aplicar em campo apesar dos salários atrasados?

Quem fez o curto e limitado time do Santos chegar a um ótimo segundo lugar no Brasileirão, além de ter feito a equipe liderar durante algumas rodadas?

Quem lutou para que o Santos continuasse mandando jogos na Vila Belmiro enquanto o presidente desejava atuar no Pacaembu em nome do lucro? 

Quem manteve a equipe próxima de seu torcedor em todos os sentidos?

Quem assumiu a bronca e cobrou os dirigentes quando foi necessário?

Claro que a resposta para todas as perguntas é Jorge Luis Sampaoli Moya. Sua saída da Vila Belmiro foi um prejuízo inestimável para o Santos.

O time contava com poucos destaques individuais (apenas a habilidade de Soteldo e a raça de Sánchez se sobressaíam), mas Sampaoli repetiu a fórmula utilizada na Universidad de Chile e na Seleção Chilena: jogo coletivo, toque de bola, a raça sul-americana e muita intensidade em campo.

A equipe só não fez uma temporada melhor devido às limitações do elenco e à falta de opções no banco de reservas. Sampaoli, aliás, cansou de pedir reforços ao presidente José Carlos Peres, mas não houve muitas possibilidades devido à falta de verbas. E das poucas contratações que vieram, muitas não vingaram -casos de Cueva, Uribe e Aguilar.



COMO FICA A EQUIPE PARA 2020?



Santos escalado em 4-3-3
( obtido via www.footballuser.com/)



O novo treinador, Jesualdo Ferreira, não deu muitas pistas de como irá escalar a equipe mas a tendência é de que ele inicialmente utilize a base já estabelecida.

A temporada mal começou e o técnico já terá dois desfalques certos: o zagueiro Lucas Veríssimo (lesionou-se durante a pré-temporada) e o meia atacante Soteldo (servindo à seleção pré-olímpica da Venezuela -e há o risco do atleta desfalcar o Peixe novamente durante o meio do ano caso a Vinotinto se classifique para as olimpíadas).

Três titulares deixaram a equipe: o zagueiro Gustavo Henrique (transferiu-se para o Flamengo), o lateral direito Vítor Ferraz (está no Grêmio) e o lateral esquerdo Jorge (fim de empréstimo junto ao Mônaco). Além deles, o goleiro Vanderlei também acertou com o Grêmio.

Dois atletas chegaram: o lateral direito Madson (envolvido na ida de Vitor Ferraz para o Grêmio) e o atacante Raniel (trocado com o São Paulo por Vitor Bueno).

O Santos busca mais reforços, mas a falta de dinheiro tem sido um grande empecilho para a contratação de novos atletas (a prioridade é um lateral esquerdo para suprir a saída de Jorge). A tendência é de que jogadores formados no próprio clube sejam efetivados para compor o elenco. Porém, a base santista não tem feito bons campeonatos nos últimos anos o que gera desconfiança com relação à atual geração de Meninos da Vila.

Devido à crise econômica, mais jogadores podem ser negociados.


O QUE JESUALDO PODE OFERECER AO SANTOS?



Imagem extraída de www.facebook.com/santosfc/



O veterano Manuel Jesualdo Ferreira não é muito conhecido por aqui, mas ele já dirigiu praticamente todos os grandes clubes de Portugal, incluindo Benfica, Porto, Braga e Sporting. Aos 73 anos, o experiente português é treinador desde 1981. Ele já estava para se aposentar mas aceitou o desafio de comandar o Santos.

O melhor momento de sua carreira foi durante a segunda metade da década de 2000 quando conquistou vários títulos pelos Dragões. Nessa época ele contou com muitos jogadores que hoje são conhecidos internacionalmente, incluindo Falcao García, Hulk, Guarín, Raul Meireles e Bruno Alves.

Jesualdo foi contratado após muitas especulações na Vila Belmiro. Os dirigentes, em princípio, tentaram renovar com Sampaoli, mas os frequentes conflitos entre treinador e o presidente José Carlos Peres minaram as chances de permanência do argentino. Foram ventilados os nomes de Mircea Lucescu, Rogério Ceni e Miguel Ángel Ramírez. O Peixe, porém, optou pelo português pelo fato dele estar sem clube. Possivelmente, o sucesso do compatriota Jorge Jesus no Flamengo também motivou a escolha.

Não houve muitas pistas da equipe ou do estilo de jogo que Jesualdo adotará no Santos, mas podemos esperar uma equipe ofensiva e com três atacantes, algo que era tradição no Porto na época em que o treinador comandava os Dragões.

Eu, inicialmente, não considerei Jesualdo a opção ideal para o Santos. Acreditava que Dorival Júnior ou Emerson Leão fossem opções mais adequadas para o momento: ambos têm identificação com o Peixe, ambos tiveram muito sucesso na Vila Belmiro ao promoverem atletas formados nas categorias de base e ambos estavam sem clube.

Jesualdo, porém, pode contribuir da mesma forma que Jesus ou Sampaoli ao trazer novos conhecimentos para o futebol brasileiro. Como estamos cada vez mais estagnados e sem ideias novas dentro das quatro linhas, o lusitano pode ajudar a romper a bolha futebolística que se formou ao redor de nosso esporte.



EXPECTATIVAS



Sendo bastante honesto, o Santos dificilmente conquistará algum título em 2020. O elenco com deficiências, a falta de opções no banco, os salários atrasados e a crise nos bastidores impedem que o Peixe possa sonhar alto neste ano.

É preciso ser realista. Todos os fatores que dificultam o Santos de lutar efetivamente por títulos seriam ingredientes comuns para a receita do rebaixamento. O Cruzeiro, por acaso, cometeu todos os erros mencionados e mais alguns. Isso não significa que o Peixe lutará necessariamente contra o rebaixamento, mas o torcedor também precisa ter consciência de que as expectativas para a temporada são baixas. Uma vaga na Libertadores já seria muito comemorada.

O Santos, por outro lado, conta com um treinador bastante experiente com ideias que podem fazer a diferença em nosso futebol cada vez mais atrasado.

Os Meninos da Vila também podem ajudar de certa forma. O clube está sempre obcecado em buscar novos Robinhos, Diegos, Neymares e Gansos em suas bases. Obviamente, nem todos acabam vingando, mas é sabido que a Vila Belmiro é um verdadeiro celeiro de craques. E o raio que já caiu duas vezes no mesmo lugar poderia cair uma terceira.

O histórico do Santos diante das crises é muito bom. As temporadas de 2002 e de 2010 são uma lembrança constante de que equipes de baixo orçamento e formadas por jovens pouco conhecidos podem, sim, render títulos, muitos títulos.



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terça-feira, 21 de janeiro de 2020

O que Esperar do Palmeiras em 2020?

Imagem extraída de www.facebook.com/Palmeiras/



Estamos em nosso terceiro post da série de cinco textos que avaliarão o desempenho na temporada anterior e as expectativas para 2020 dos quatro maiores clubes de São Paulo mais a Seleção Brasileira. E hoje é a vez do Palmeiras.

O Verdão, como se sabe, firmou uma parceria com o banco Crefisa em 2015. Desde então, o clube tem investido pesado em contratações com o objetivo de conquistar o Mundial de Clubes e acabar de vez com as piadas dos rivais. Além dos recursos da parceira, o Palestra ainda conta com os lucros de seu moderníssimo Allianz Parque, do programa de sócio-torcedor e das cotas de televisão (o clube assinou com o Esporte Interativo e ainda dobrou a Globo, obrigando a emissora carioca a aumentar o repasse de verbas).

O que deveria ser uma bênção, contudo, tornou-se também um fardo para o Palmeiras. Seus torcedores e a imprensa tornaram-se ainda mais exigentes com o clube sob o argumento de que o Verdão precisava "justificar" todo aquele investimento. O aumento da pressão tem feito os dirigentes tomarem decisões precipitadas e as equipes acabaram sucumbindo em momentos decisivos.

O resultado é que o Palmeiras conseguiu poucos títulos oficiais durante os cinco anos de parceria (foram dois Brasileirões e uma Copa do Brasil). O bicampeonato da Libertadores e o sonhado título mundial ficaram distantes durante esse período.



COMO FOI A TEMPORADA ANTERIOR?



Palmeiras escalado em 4-2-3-1
(obtido via www.footballuser.com/)



O Palmeiras iniciou o ano com Luiz Felipe Scolari (demitido após a eliminação da Libertadores), passou por Mano Menezes (demitido após uma derrota em casa diante do Flamengo) e terminou com o interino Andrey Lopes. O diretor de futebol, Alexandre Mattos, também caiu em meio a crise.

Foram muitos os problemas do Verdão durante a temporada anterior.

As cobranças de torcedores, imprensa e chapas oposicionistas minaram o ambiente no clube, tornando a equipe instável nos momentos decisivos.

Os treinadores também tiveram sua parcela de responsabilidade ao apostarem em ideias das duas décadas anteriores quando deveriam aprender com os rivais estrangeiros (Jorge Jesus e Sampaoli).

As grandes contratações realizadas para a temporada tiveram muitos problemas físicos e pouco puderam ajudar a equipe. Casos de Ricardo Goulart, Luiz Adriano, Henrique Dourado e Ramires.

A equipe também careceu de um armador para abastecer seus atacantes. Lucas Lima e Gustavo Scarpa decepcionaram em 2019, enquanto Hyoran e Zé Rafael tiveram apenas um ou outro lance genial. O atacante Deyverson, após uma boa temporada em 2018, caiu de rendimento e não conseguiu compensar mais a falta de um camisa 10 no meio-de-campo.

A decepção final se deu com a perda do vice-campeonato para o Santos, que tinha um orçamento modesto e um elenco limitadíssimo comparado ao do Palmeiras.



COMO FICA A EQUIPE PARA 2020?



Palmeiras escalado em 4-2-3-1
(obtido via www.footballuser.com/)



O Palmeiras, em princípio, não fará contratações para a temporada. Alguns nomes como Rony, Orejuela, Dodô e Kanemann foram ventilados mas ainda não há nada concreto. Sob a justificativa de que o clube precisa cortar gastos, os dirigentes afirmaram que efetivarão atletas formados no próprio Verdão, como Veron, Angulo e Gabriel Menino. A ideia, embora arriscada à primeira vista, foi muito bem recebida pelo autor. A atual geração de garotos palmeirenses é boa, com o Palestra faturando muitos títulos pelas categorias de base.

As saídas, por outro lado, foram muitas. Vários atletas foram negociados ou emprestados visando enxugar o elenco e a folha salarial. Entre os que deixaram o clube estão Deyverson, Henrique Dourado, Hyoran, Prass, Artur, Guerra, Borja, Antônio Carlos e Carlos Eduardo. Há a possibilidade do meia Gustavo Scarpa deixar o clube (ele é pretendido por um time espanhol), mas ainda não houve acerto.

A mudança mais significante no time titular foi o recuo do volante Felipe Melo para a zaga no lugar de Vitor Hugo. O atleta, em princípio, será o novo capitão da equipe.

Quanto às necessidades, seria interessante que o Palmeiras investisse em um camisa 10. De preferência, que fosse um meia moderno, sendo capaz de armar o jogo, com presença de área e com boa recomposição. Lucas Lima ainda não mostrou ser esse jogador e Gustavo Scarpa terminou a temporada em baixa e ainda tem chances de deixar o clube.



O QUE LUXEMBURGO PODE OFERECER AO VERDÃO?



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Muito se falou a respeito de um treinador estrangeiro comandar o Palmeiras em 2020. O sucesso de Jorge Jesus e de Jorge Sampaoli motivou, em princípio, o Verdão a investir em um técnico nascido no exterior. O espanhol Miguel Ángel Ramírez e o próprio Sampaoli foram os nomes ventilados na Academia de Futebol.

O Palmeiras, porém, optou pelo retorno de Vanderlei Luxemburgo em sua quarta passagem pelo Verdão. Luxa, após alguns anos desempregado e sendo taxado como "ultrapassado", recuperou-se no Vasco onde ajudou uma equipe limitada e com salários atrasados a sobreviver na Série A. O treinador ficou livre no mercado ao final de 2019 após não chegar a um acordo de renovação com os dirigentes cruz-maltinos.

Luxemburgo, de fato, já viveu dias melhores. Ele dirigiu muitas equipes memoráveis nos anos 90 e 2000, incluindo o Palmeiras de 93-94, o Corinthians de 98, o Cruzeiro de 2003 e o Santos de 2004, além de ter passado pelo Real Madrid e Seleção Brasileira. Mas o tempo foi passando, o treinador não conseguiu acompanhar as mudanças no futebol e o carioca foi esquecido pelos grandes clubes de futebol. O retorno ao Palestra é a sua chance de ouro para dar a volta por cima.

O Palmeiras, a meu ver, foi conservador na escolha de seu treinador. Poderia ter feito uma aposta ousada como o Flamengo e o Santos, mas optou por um caminho já trilhado. A favor de Luxemburgo, porém, estão a motivação do treinador em voltar aos holofotes (ele já demonstrou que ainda tem lenha para queimar ao arrancar um empate por 4X4 diante do Flamengo) e sua capacidade de tirar os jogadores da zona de conforto (Luxa, por ser um treinador experiente e vencedor, tem estofo para cobrar até os líderes do elenco).



EXPECTATIVAS



O ponto forte do Palmeiras continua sendo o elenco robusto. Há opções de sobra para o treinador variar esquemas táticos ou revezar atletas para a extensa temporada brasileira. Que Luxemburgo faça bom proveito do que tem em mãos.

O Palmeiras, sobre a possibilidade de títulos, é favorito a conquistar o Paulistão (é a equipe que possui o elenco mais forte do campeonato) e a Copa do Brasil (Luxemburgo é um treinador que sabe jogar com o regulamento e ele conhece bem o caminho das pedras nesta competição).

Será difícil, no entanto, ganhar a Libertadores. Flamengo, Grêmio e as equipes argentinas elevaram demais o nível da competição. O Palmeiras, porém, pode levar vantagem novamente pelo elenco robusto uma vez que terá mais opções que seus rivais para cobrir eventuais desfalques.

O Brasileirão é possível, mas será necessário evitar os erros de 2019. O treinador precisa aproveitar a robustez do elenco, evitar priorizar uma única competição e isolar o elenco das crises.

Havendo harmonia entre elenco, treinador, dirigentes e torcida; o Palmeiras voltará a ser o Alviverde Imponente cantado em verso e prosa através do hino do clube.



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