O que Esperar do São Paulo em 2020?

Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc/

A partir de hoje, o blog Farma Football inicia uma série de cinco posts analisando os quatro grandes clubes de São Paulo e a Seleção Brasileira. Vamos avaliar a temporada anterior, o elenco e a expectativa para a temporada baseando-se nas avaliações.

Começaremos com o São Paulo, clube de grande tradição mas que não vem honrando o nome que carrega nas últimas temporadas com administrações mais preocupadas em manutenção de poder do que em ganhar títulos. E os erros cometidos pelos dirigentes vêm se refletindo nos gramados, com time bastante instáveis, bem diferente da década passada quando o Tricolor contava com equipes seguras e que tinham atitude em campo.

COMO FOI A TEMPORADA ANTERIOR?

São Paulo em 2019 escalado em 4-2-3-1
(obtido via www.footballuser.com/)

O São Paulo está na fase de grupos da Libertadores muito mais por sorte do que por méritos. A equipe sentiu bastante as eliminações e as constantes mudanças de treinador o que resultou em um time muito instável. Não fossem os títulos do Flamengo na Libertadores e do Athetico Paranaense na Copa do Brasil, o Tricolor estaria nos playoffs da Libertadores convivendo com o fantasma da eliminação diante do Talleres.

As contratações de 2019 também apresentaram rendimento abaixo do esperado. Nomes como Raniel, Willian Farias e Calazans não deixaram saudades do Morumbi. Pablo, Pato e Hernanes, que deveriam ser as grandes contratações da temporada, passaram mais tempo lutando contra as lesões do que contra os adversários, Isso sem falar nos muitos outros desfalques causados por problemas físicos, incluindo Everton, Toró e Rojas.

Houve, porém, alguns méritos. O São Paulo acertou ao enxugar o elenco após liberar alguns veteranos como Nenê, Bruno Peres e Diego Souza tornando, assim, a equipe mais leve e intensa. O técnico Fernando Diniz foi uma aposta arriscada mas teve muitos méritos na reta final da temporada (veja abaixo). Méritos também à defesa Tricolor (Volpi, Arboleda, Bruno Alves e Reinaldo) que há anos não apresentava tamanha segurança sendo a menos vazada do Brasileirão. E, por fim, palmas à politica do clube de se aproveitar mais garotos formados no C.T. de Cotia.

COMO FICA A EQUIPE PARA 2020?

Possível formação do São Paulo em 4-2-3-1 para as
primeiras rodadas do Paulistão em virtude dos desfalques
(obtido via www.footballuser.com/)

O São Paulo terá problemas já nas rodadas iniciais do Paulistão uma vez que três jogadores (Igor Gomes, Antony e Walce -este último lesionado) estão com a Seleção Brasileira sub-23 e não poderão participar dos primeiros jogos do Tricolor.

Não houve, por enquanto, contratações efetivas. O São Paulo apenas exerceu a compra de três atletas que estavam emprestados na temporada anterior: o goleiro Tiago Volpi, o lateral Igor Vinícius e o meia-atacante Vitor Bueno. Por outro lado, o Tricolor acertou as saídas de Hudson, Raniel e Jean. E mais atletas devem deixar o clube nos próximos dias.

A ideia do clube é preservar ao máximo possível a base de 2019 e enxugar a folha salarial. Como o São Paulo fechou 2019 em déficit financeiro, não estão descartadas negociações de atletas.

A principal deficiência do clube é o ataque que ficou devendo bastante na temporada anterior. Os jogadores da posição -Pato, Pablo, Raniel e Toró- apresentaram problemas físicos e não retornaram bem. O São Paulo procura atletas para a posição mas não deve fazer contratações grandiosas.

Um zagueiro também seria bem-vindo uma vez que o time só tem três opções para o momento: Arboleda, Bruno Alves e Anderson Martins. A ideia inicial seria utilizar algum atleta da base uma vez que o jogador viria apenas para compor elenco, mas não estão descartadas contratações se alguma oportunidade interessante surgir.

O elenco atual está mais enxuto que o de 2019 mas é individualmente superior ao de 2016 (ano em que o Tricolor chegou às semifinais da Libertadores). Pode-se dizer que a equipe é "suficiente" para a disputa das quatro competições (Paulistão, Copa do Brasil, Brasileirão e Libertadores), mas dificilmente briga pelos títulos. Caso a equipe avance ao mata-mata da Libertadores e da Copa do Brasil, o São Paulo certamente terá de priorizar algum dos campeonatos.



O QUE FERNANDO DINIZ PODE OFERECER AO TRICOLOR?

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Não concordei, em princípio, com a contratação de Fernando Diniz em setembro de 2019 por considerá-lo muito inexperiente para atuar como "bombeiro" no Morumbi. Ademais, o treinador é conhecido por ser um ofensivista convicto, com as equipes atacando bem mas defendendo mal. Ele dizia se inspirar em Guardiola, mas estava mais para um adepto de Zdeněk Zeman.

Diniz, porém, me surpreendeu logo em sua estreia diante do Flamengo de Jorge Jesus, com o São Paulo jogando mais sem a bola do que com ela, sabendo "sofrer" em campo e até catimbando em alguns momentos. O treinador mostrou que aprendeu com seus erros no Fluminense e no Athletico Paranaense, quando insistia desnecessariamente com a pressão no ataque e com a marcação alta nos momentos em que deveria ser mais conservador.

O treinador também demonstrou controle sobre o elenco ao barrar os medalhões Pato e Hernanes, justamente aqueles que deveriam ser as principais contratações de 2019. A equipe, mesmo sem os dois ídolos, manteve a regularidade e conseguiu os resultados necessários para conseguir a vaga direta para a fase de grupos da Libertadores 2020.

Diniz também sinalizou com a possibilidade de utilizar ainda mais jogadores formados no próprio clube, o que é uma ótima notícia tanto para o São Paulo (que precisa diminuir as despesas) quanto para o torcedor (que vem pedindo mais espaço para os garotos da base). Shaylon e Brenner, que estavam emprestados, já estão sendo testados durante a pré-temporada.

Acredito que a sua manutenção no cargo foi um raro acerto dos dirigentes são-paulinos.



EXPECTATIVAS



O São Paulo tem chances reais de ganhar apenas o Campeonato Paulista. Para as demais competições, seria necessário mais amadurecimento tanto do treinador quanto dos jogadores, além de um elenco um pouco mais robusto para suportar a extensa temporada. Para o Brasileirão, a conquista de uma nova vaga direta para Libertadores é viável.

Não haverá pausa para a Copa América (como ocorreu em 2019) e tampouco para os Jogos Olímpicos, o que é uma péssima notícia pelo fato do São Paulo ter aproveitado muito bem a pausa para a competição continental durante a temporada passada. Outro agravante é que o clube corre o risco de sofrer desfalques para as duas competições -Daniel Alves e Arboleda têm grandes chances de serem convocados para suas respectivas seleções enquanto os garotos da base devem ser chamados para as Olimpíadas.

O mais importante, contudo, é que a diretoria faça a sua parte. Os dirigentes precisam isolar o elenco das questões políticas e parar de jogar para a torcida os problemas do time. Boa parte da instabilidade da equipe se deveu à incompetência da diretoria de se resolver os problemas de forma interna. É preciso criar um ambiente tranquilo se o clube deseja voltar a conquistar títulos ou os troféus continuarão apenas na lembrança.

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