quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

O que Esperar da Seleção em 2020?

Imagem extraída de www.facebook.com/CBF/



Hoje é o nosso último post da série que avalia as expectativas dos quatro grandes times de São Paulo e da Seleção Brasileira para a temporada. E finalizamos com a análise de nosso selecionado nacional.

A Seleção Brasileira era vista como "incontestável" há dois anos atrás. A campanha arrasadora nas Eliminatórias da Copa 2018 fez com que Neymar e o técnico Tite fossem endeusados pela imprensa e torcedor.

A realidade, porém, veio durante o último Mundial, com a eliminação diante da Bélgica. Não foi humilhante como os 7X1 diante da Alemanha, mas aquela derrota manchou a imagem de Tite e de Neymar. Outrora adorados, hoje treinador e atleta são pesadamente cobrados até mesmo hostilizados.

Tite ganhou uma segunda chance apesar da eliminação, mas a relação com torcedor e imprensa nunca mais foi a mesma. Nem o título da Copa América em 2019 serviu para limpar a imagem do treinador. E os recentes resultados da Seleção em amistosos só serviram para aumentar a desconfiança.

2020 será um ano definitivo para a Seleção. O Brasil terá a Copa América no meio do ano e também as Eliminatórias da Copa 2022. Um eventual fracasso deve custar o emprego de Tite e causar uma profunda reformulação na equipe.



COMO FOI A TEMPORADA ANTERIOR?



Formação adotada na final da Copa América 2019: Brasil
no 4-1-4-1/4-3-3 dependendo do posicionamento dos pontas
(obtido via www.footballuser.com/)



Mesmo após o fracasso na Rússia em 2018, Tite manteve-se fiel às suas convicções: o Brasil continuou atuando no mesmo 4-1-4-1 que o gaúcho adotava no Corinthians e a base foi mantida apesar dos pedidos para que o treinador renovasse o elenco.

O Brasil, inicialmente, conseguiu se restabelecer obtendo bons resultados mas com a ressalva de que eram poucos os adversários de nível técnico bom. Veio o título da Copa América, com a Seleção vencendo mas encontrando alguma dificuldade. Após o título, a equipe aparentemente se acomodou, não mais apresentando a mesma vontade de vencer ou de buscar mais títulos, como se a missão desta geração já estivesse cumprida após o troféu conquistado em 2019.

A Seleção Brasileira terminou o ano sob desconfiança. Não há mais aquela expectativa de que o Brasil vencerá a Copa América 2020 e, tampouco, de que se classificará com tranquilidade para o próximo Mundial.

Neymar, o principal jogador do Brasil, pouco atuou devido às lesões. Ele sequer pôde disputar a Copa América.

Tite, por sua vez, está pressionado no cargo por causa dos resultados recentes.



COMO FICA A EQUIPE PARA 2020?



Seleção escalada em 4-1-4-1/4-3-3
(obtido via www.footballuser.com/).


Tite não deve promover alterações radicais na equipe a curto prazo. O treinador, inclusive, deixou pistas que seus veteranos ainda têm chances de jogar a Copa 2022 no Catar. Isto teria motivado os retornos de Daniel Alves, Rafinha e Filipe Luís ao Brasil uma vez os laterais já não eram mais vistos como titulares absolutos pelos grandes clubes europeus.

A sensação é que Tite parece mais preocupado com suas convicções do que com os troféus. O treinador age como se o grupo que disputou a Copa 2018 tivesse sido injustiçado e que os atletas, assim como o treinador, também merecessem uma segunda chance.

Injustiça ou não, é fato que os veteranos dificilmente poderão ajudar a Seleção em 2022. Daniel Alves, por exemplo, estará com 39 anos quando o próximo mundial for realizado. Com o futebol cada vez mais físico e intenso, é pouco provável que ainda consigam contribuir dentro das quatro linhas por mais talento que possuam.

A defesa é o setor que mais carece de renovação. Thiago Silva, Miranda e Geromel já estavam com 33 anos ou mais durante o último Mundial. Tite vem apostando em Marquinhos, Felipe (Atlético de Madrid) e Militão (Real Madrid), mas faltam mais opções para a posição.

Um meia-armador para disputar posição com Coutinho também seria bem-vindo -Paquetá e Felipe Anderson ainda não mostraram ser esse jogador.

O mais importante, porém, seria que Tite tratasse um jogo amistoso realmente como um jogo amistoso: para a realização de testes no elenco e buscar mais opções ou alternativas até 2022. Porém, como o treinador está pressionado no cargo, ele certamente irá optar pelo "caminho seguro" em busca dos resultados a curto prazo.



O QUE TITE PODE OFERECER À SELEÇÃO BRASILEIRA?



Imagem extraída de www.facebook.com/CBF/



Explicamos em outro post as influências e os esquemas táticos de Tite.

O treinador, que havia encantado durante as eliminatórias para a Copa 2018, não é mais unanimidade.

Tite está ameaçado no cargo ainda que de maneira velada. A contratação da técnica sueca Pia Sundhage na Seleção Feminina e os sucessos de Jorge Jesus e de Jorge Sampaoli no futebol brasileiro são indicativos sutis de que a CBF poderia abrir suas portas a um estrangeiro no comando da Seleção. A saída de seus auxiliares, Sylvinho e Edu Gaspar, também enfraqueceram o gaúcho.

Faltam ideias novas a Tite. Mesmo os conhecimentos que ele adquiriu em seu estágio com Ancelotti já não têm a mesma eficácia de outrora. O gaúcho parece ignorar o fato de que já se passaram quase seis anos que o italiano venceu a Champions League com o Real Madrid. O futebol mudou muito de 2014 pra cá e é necessário acompanhar as transformações do esporte.

Tite, como explicado anteriormente, também precisa decidir se sua prioridade é a conquista do hexa ou a manutenção de sua "família". É inevitável que um líder se apegue a alguns subordinados, mas o treinador precisa ser profissional e entender que está sendo pago para ganhar competições, não para ser pai de jogador.

O treinador, ao menos, deixou de priorizar atletas que comandou no Internacional e do Corinthians, equipes por onde conquistou muitos títulos há alguns anos atrás. Muitos atletas eram convocados muito mais por terem trabalhado com o técnico no passado do que por méritos.

Tite também acertou ao não desejar assumir a Seleção Olímpica. O treinador seria obrigado a trabalhar com atletas totalmente diferentes da Seleção Principal. Além disso, uma eventual derrota poderia causar ainda mais desgaste.



EXPECTATIVAS



A Copa América 2020 será crucial para se decidir os rumos que a Seleção seguirá. Se Tite deseja seguir no cargo até 2022, precisa vencer a competição. E ainda apresentar resultados positivos durante as Eliminatórias.

O Brasil, ao menos, é favorito para vencer a competição e também para se classificar à Copa 2022 mesmo com os tropeços recentes uma vez que ainda contamos com bons jogadores embora não pareça. Ademais, os principais rivais também enfrentam problemas -Uruguai e Argentina estão renovando o elenco, o Chile está relutando em abandonar sua fantástica geração bicampeã sulamericana e o Peru está no auge mas com o time envelhecendo.

Tite possivelmente vencerá a Copa América e terminará o ano em uma posição confortável nas Eliminatórias, mas precisa ter em mente que na Copa do Mundo a história é outra. A eliminação diante da Bélgica, ainda que não tenha sido humilhante, está aí como prova.



Imagem extraída de www.facebook.com/CBF/




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