quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Mudanças

Imagem extraída de www.facebook.com/Botafogo/



Quando comecei a escrever este blog em março de 2013, minha principal inspiração para os textos era o ex-futebolista Paulo César Caju (acima ao centro), que mantinha uma coluna semanal no extinto Jornal da Tarde. Quando o periódico deixou de circular em 2012, resolvi abrir este diário virtual para preencher  o espaço vazio deixado pela coluna de Caju e também compartilhar minhas próprias ideias sobre futebol.

Caju, por muitas vezes, chegava a ser até radical com relação ao futebol. Como o ex-meia viveu a era de ouro de nossa Seleção, ele acreditava que o futebol-arte deveria estar acima de tudo nas quatro linhas. E ele repudiava conceitos que são muito aplicados no futebol atual, como jogadores que se valem mais da força física do que talento ou técnica, o pragmatismo adotado por alguns treinadores e o uso de dados estatísticos para se avaliar atletas.

A medida que fui me aprofundando no futebol, contudo, percebi que nem sempre é possível jogar "bonito" e de forma ofensiva. O futebol atual não é o mesmo praticado nos anos 70 quando Caju era jogador. Muita coisa mudou dentro e fora das quatro linhas durante os quase 50 anos entre a conquista do tricampeonato mundial da Seleção Brasileira e os dias de hoje.

Muitos conceitos que eram aceitáveis em 1970 mas não são mais aplicáveis nos dias atuais. Antes, por exemplo, bastava que o jogador tivesse talento para decidir uma partida. Nos dias de hoje, o futebolista precisa realmente se portar como um atleta: é necessário preparo físico, alimentação adequada, evitar os excessos, manter cuidado com a imagem, ter muita disciplina e muito profissionalismo. Mesmo craques como Mané Garrincha, lembrado pelas farras e pelos problemas com o alcoolismo, talvez não tivessem espaço no futebol atual.

Isso não significa que Caju esteja totalmente errado. O ex-meia, por exemplo, tem toda a razão quando critica alguns de nossos treinadores por estarem mais preocupados com seus empregos do que em buscar resultados ou melhorar o desempenho dos jogadores, o que explica a pobreza de nosso futebol atual.

O talento, da mesma forma, ainda é muito importante para o futebol atual. Quando um jogo está "amarrado" ou desfavorável, é o talento individual que sempre aparece para resolver a situação. Messi e Cristiano Ronaldo, por exemplo, sempre são acionados para se decidir uma partida porque todos sabem que a "Pulga" e a "Máquina" fazem toda a diferença.

Diante dos argumentos aqui explanados, o blogueiro que vos escreve reconhece que errou ao abraçar radicalmente as ideias de Caju e afirma que não mais compactua totalmente com o que o ex-jogador defende. Da mesma forma, o autor deste blog admite que foi injusto com alguns times, atletas e treinadores por defender em demasia a ideia do "futebol-arte", reconhecendo, assim, o mérito de alguns times que triunfaram adotando um estilo mais pragmático de jogo.

O futebol precisa agregar novas ideias e conhecimentos, mas jamais deve virar as costas para os caminhos anteriormente trilhados. O fato do jogo defensivo estar mais em evidência em determinado momento não desmerece os amantes e praticantes do ataque. É uma questão de reconhecer virtudes de outros modelos de jogo e admitir que não existe um estilo infalível no futebol.

Os conflitos entre as diferentes escolas de futebol obrigam os treinadores a saírem de sua zona de conforto e buscarem novas soluções contra o estilo que está em evidência. E isso gera novos conhecimentos para o futebol fazendo com que o esporte continue evoluindo.

O que Caju e outros craques fizeram pelo futebol nunca será esquecido e sempre servirá de referência para as gerações futuras da modalidade.

Não se pode, contudo, tirar os méritos de outros estilos de jogo e, tampouco, negar as mudanças que o futebol vem sofrendo ao longo de sua evolução. Ou ficaremos parados no tempo vivendo do passado.

O futebol evolui, o futebol muda.



Imagem extraída de www.facebook.com/equipedefrance/


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