domingo, 26 de janeiro de 2020

Sonhos Estilhaçados

Imagem extraída de www.facebook.com/copinha




Antes de mais nada, gostaria de parabenizar o Internacional pela conquista do título e os garotos que participaram da 51ª edição da Copa São Paulo de Futebol Júnior. Que todos os aspirantes tenham muita boa sorte daqui pra frente afinal nem mesmo a conquista do título oferece garantias de que o garoto conseguirá vingar e se profissionalizar no esporte.

Lembremo-nos dos casos de Boquita, Bruno Bertucci, Lucas Gaúcho, Negueba, Muralha e tantos outros que venceram a competição. Todos foram aclamados pela torcida e chegaram a atuar entre os profissionais. Nenhum deles, no entanto, se firmou e todos foram esquecidos aos poucos até desaparecerem completamente do futebol.

A transição das divisões de base para o profissional é mais uma peneira na vida de um juvenil e muitos acabam ficando para trás por mais esforço ou sucesso que tenham feito.

A maioria dos treinadores necessita de resultados a curto prazo e, por isso, não tem tempo (e nem paciência) para testar ou ensinar garotos, preferindo adquirir o talento pronto ou contratar seus jogadores de confiança com quem trabalhou em outros clubes.

Mais importante, porém, é a diferença entre o futebol profissional para o amador: muitas crianças aprendem a jogar bola cedo com os amigos, são descobertos por olheiros e começam a treinar nas categorias de base de algum clube.

Quando são efetivados a uma equipe principal, porém, precisam agir com profissionalismo e responsabilidade, sobretudo no futebol atual onde a preparação física e a imagem são tão importante quando vencer os jogos. Bem diferente quando o garoto joga sua bolinha com os amigos sem nenhum compromisso e depois todos saem pra tomar um lanche juntos.

Isso sem falar naqueles que se perdem por más influências, aproveitadores ou pela pura falta de preparo psicológico.



Imagem extraída de www.facebook.com/scinternacional/



O futebol profissional está cada vez mais "profissional". O choque de realidade quando um garoto é efetivado é quase o mesmo de quando um aluno sai da escola ou da faculdade e ingressa no mercado de trabalho.

O esporte atual também está cada vez mais competitivo e a necessidade de resultados imediatos dificulta que atletas recém formados nas categorias de base consigam se firmar. O processo de transição é lento e clubes e/ou treinadores nem sempre estão dispostos a bancar a aposta. Mesmo os clubes europeus têm preferido contratar a efetivar, inclusive o Barcelona que tanto se orgulhava de sua cantera.

Os clubes, ainda assim, deveriam oferecer algo aos jovens jogadores. Se as entidades esperam que os garotos deem seu melhor em campo e conquistem títulos, os aspirantes também esperam algo dos clubes mesmo que seja apenas um plano de carreira.

Um aspirante está abrindo mão de muita coisa em prol do sonho de ganhar a vida fazendo o que mais gosta que é jogar bola. Ele poderia estar se dedicando aos estudos ou se divertindo, afinal a juventude é passageira e a vida adulta é longa. Ninguém gostaria de perder a melhor fase de sua vida para a troco de nada.

É compreensível o lado dos clubes ao não utilizarem tantos jogadores formados em suas bases, mas não é compreensível iludir tantos jovens e tirar sua adolescência a troco de nada.

Se for para formar tantos jogadores para não utilizá-los, seria melhor não haver categorias de base. Pelo menos, um garoto não irá perder seu tempo para ter seus sonhos estilhaçados pelo futebol que só pensa em resultados a curto prazo.



Imagem extraída de www.facebook.com/scinternacional/




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