segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Meu Ídolo, Minha Tristeza

Imagem extraída de www.facebook.com/rsca.be/



Hoje eu acordei sem muita inspiração para compor algum texto, então resolvi dedicar algumas palavras a um dos jogadores que mais admiro -e que também um dos que mais me entristecem.

Samir Nasri, meia nascido na França e de ascendência argelina, como podemos notar pelo seu nome e pelos seus traços árabes. Sua história não é muito diferente de muitos imigrantes ou de filhos de imigrantes africanos que vêm à Europa tentar a sorte e acabam encontrando no futebol uma maneira de vencerem na vida, assim como aconteceu com Zinedine Zidane, Karim Benzema, Kylian Mbappé, Samuel Umtiti, ...

Nasri é um jogador diferenciado a ponto de ter sido comparado ao compatriota Zinedine Zidane, seja pelos lances geniais, seja pelas raízes africanas. Sua velocidade e seus dribles encantavam este blogueiro que vos escreve, bem como sua versatilidade (ele pode atuar centralizado como um camisa 10 ou aberto pelo lado direito) e sua capacidade de infiltração/recomposição. Mas o talento do francês com a bola era igualmente proporcional ao seu talento de arrumar confusão. 

Comecei a acompanhar Nasri no começo de 2011 quando ainda defendia o Arsenal -ele foi revelado pelo Marseille e se transferiu para os Gunners em 2008. Vi sua polêmica transferência para o City no mesmo ano e sua consagração com a camisa dos Citizens, o que o credenciou para disputar a Euro 2012. Mal imaginava sua ruína começaria exatamente aí.



Imagem extraída de www.facebook.com/rsca.be/



De 2012 pra cá, o francês passou a ser mais lembrado pelas polêmicas do que pelo futebol. Durante a Euro daquele ano, por exemplo, o jogador teve um bom início mas envolveu-se em uma confusão com repórteres após a eliminação diante da Espanha nas quartas-de-final, o que lhe rendeu uma suspensão do selecionado de seu país.

Em 2014, após se recuperar das constantes lesões, o jogador voltou a ser convocado para a Seleção Francesa para alguns amistosos, mas acabou cortado da Copa 2014. Sua esposa publicou vários insultos ao treinador Didier Deschamps em uma rede social em resposta. O meia amenizou as palavras de sua companheira, mas anunciou que não mais defenderia o selecionado de seu país.

Durante a temporada 2016-17, Nasri, que não seria aproveitado pelo treinador Josep Guardiola, foi emprestado ao Sevilla. O francês teve muito destaque em campo e ajudou a equipe andaluz a chegar ao mata-mata da Champions League. Mas o jogador colocou tudo a perder durante uma das partidas válidas pelas oitavas-de-final, quando foi expulso e arrumou uma confusão em campo diante do Leicester City.

Em 2018, Nasri foi flagrado em um exame anti-doping enquanto defendia o Antalyaspor da Turquia, acusado de ter utilizado nutrientes por via intravenosa. O caso lhe rendeu outra suspensão, desta vez de seis meses após apelos do jogador e recursos da agência anti-doping.

Hoje Nasri defende o Anderlecht, um dos maiores clubes da Bélgica mas, definitivamente, pequeno para um jogador que tinha potencial para ser um dos melhores do mundo em todos os sentidos.

Minha admiração por Nasri não diminui apesar das polêmicas. Ainda vejo nele um craque capaz de desequilibrar uma partida com sua raça e seus lances geniais, mas admito que gostaria de vê-lo mais reconhecido pelo seu futebol do que pelas polêmicas.

Nasri está com 32 anos (completa 33 em junho deste ano). Poderia ajudar muito o seu país a conquistar mais alguma competição, sobretudo levando-se em conta que o atual meio-campo da França não é dos mais criativos, tendo apenas Pogba e Fekir como pensadores. Mas com tantos concorrentes jovens, a briga com o treinador Deschamps, atuando em uma liga pouco competitiva e com tantas polêmicas no currículo, jamais terei o prazer de assistir novamente este verdadeiro gênio da bola defendendo a seleção de seu país.



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