sábado, 27 de março de 2021

A Culpa Será de Quem?

O Flamengo teve três treinadores durante a última temporada: Jesus, Dome e
 Ceni (foto acima- imagem extraída de www.facebook.com/FlamengoOficial)



A CBF definiu nesta semana limites para a contratação de técnicos para o Campeonato Brasileiro 2021. A nova regra institui que cada time poderá ter apenas dois treinadores (ou seja, uma troca) durante a competição e cada comandante pode treinar duas equipes no máximo. Caso um clube realize duas demissões, terá de utilizar um interino até o final de temporada.

A regra foi votada por dirigentes dos vinte clubes que disputarão a Série A em 2021 e sua aprovação se deu pelo placar de 11 X 9. Com isso, os cartolas terão de pensar muito bem antes de dispensar um treinador, enquanto técnicos terão de ser mais profissionais do que nunca visto que terão mais dificuldades em encontrar um novo time para treinar.

Demitir treinador não deixa de ser um artifício dos dirigentes para salvar seus mandatos, como já explicou o jornalista Leonardo Miranda em seu blog. A cada ano dezenas de técnicos perdem seus empregos por pressão de cartolas, de torcedores e, por vezes, da mídia. Os mandatários realizam tais dispensas com o propósito de transferir a responsabilidade por uma crise ao comandante.



O São Paulo, em 2015, teve quatro treinadores: Muricy, Osorio (acima),
Doriva e Milton Cruz (imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc)



Fica, contudo, o questionamento: por que a instituição da regra que, em teoria, prejudicaria os próprios cartolas? Teriam eles se conscientizado de que as constantes mudanças no comando apenas prejudicam os times, ou há algo por trás da mudança? Convém sempre pensar antes de concordar ou discordar.

A mudança, à primeira vista, é bastante positiva para o futebol. Dirigentes e treinadores terão de ser mais responsáveis com seus trabalhos porque terão menos margem de erro. Contratações e dispensas terão de ser realizadas com mais critério. Técnicos terão de ser mais profissionais com seus elencos e os jogadores estarão menos propensos a fazer "panelas" contra seus comandantes. É algo forçado mas que obrigará os clubes a agirem com mais racionalidade e menos passionalidade.

Os auxiliares fixos, como observaram jornalistas, também serão mais valorizados visto que eles deverão estar prontos caso os clubes tenham estourado o limite de demissões. Marcão do Fluminense, Cebola do Palmeiras e, mais recentemente, Alex do São Paulo serão de grande valia no cenário apresentado.

A nova regra causou muito mais desconfiança do que empolgação ao autos, mas acredito que irá somar muito ao nosso futebol e melhorar a qualidade dos jogos. E, claro, obrigará dirigentes a serem mais responsáveis em contratações ou dispensas de treinadores. Será mais difícil agora transferir a culpa para um técnico em caso de crise.



O trabalho do auxiliar técnico Cebola será ainda mais valorizado com a nova regra.



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Painel Tático- "Limite de técnicos não resolve problemas estruturais, mas obriga futebol brasileiro a se repensar": globoesporte.globo.com/blogs/painel-tatico/post/2021/03/25/limite-de-tecnicos-nao-resolve-problemas-estruturais-mas-obriga-futebol-brasileiro-a-se-repensar.ghtml

Blog do André Rocha: "'Jeitinho' vai driblar limite de técnicos. Norma deveria partir dos clubes": https://t.co/OVEsPasQBn?amp=1




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