quarta-feira, 24 de março de 2021

Emergência

Imagem extraída de www.facebook.com/futebolpaulista



O jogo entre Mirassol e Corinthians, válido pela 5ª rodada do Campeonato Paulista, foi realizado ontem em Volta Redonda (Rio de Janeiro) após dias de indefinição a respeito da continuidade ou não da competição. E a partida entre São Bento e Palmeiras deve ocorrer na noite de hoje caso não haja novas reviravoltas.

A Federação Paulista de Futebol (FPF), com apoio da CBF, lutou até o final para que a competição não fosse interrompida novamente em virtude da pandemia de COVID-19 -lembrando que todas as competições esportivas foram paralisadas entre março de 2020 até meados de julho do mesmo ano.

As justificativas foram os incontáveis prejuízos desencadeados pela paralização do futebol, sobretudo aos clubes considerados pequenos. A ausência de público e, consequentemente, da renda oriunda de bilheteria já estaria afetando severamente as instituições. A suspensão dos campeonatos causaria ainda mais danos com redução nas cotas de televisão e diminuição na exposição de patrocinadores. Já houve casos de cortes ou atrasos nos salários em virtude das diminuições nas receitas.

O futebol, por outro lado, não vive em uma realidade paralela e está inserido em nossa sociedade. Os casos de coronavírus vêm aumentando em proporções alarmantes e o país, tristemente, vem batendo recordes de óbitos causados pela doença. O esporte, ainda que seja uma profissão, não é um serviço considerado essencial como saúde ou segurança, e, portanto, não teria justificativa para continuar funcionando em meio à pandemia. Ademais, os deslocamentos e os contatos físicos realizados pelos profissionais envolvidos (atletas, comissão técnica, dirigentes e funcionários) poderiam disseminar ainda mais o patógeno.



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É legítimo que as federações e clubes lutem pelo direito de trabalhar visto que necessitam da renda gerada pelos jogos para manterem as finanças em dia, assim como é obrigação dos governantes zelar pela saúde de seus cidadãos e impedir que o vírus faça ainda mais vítimas. Não há exatamente heróis ou vilões nesta briga, embora eu, como formado em farmácia, tenha o dever de alertar a respeito dos riscos trazidos pelo vírus.

As partes envolvidas, principalmente os clubes, poderiam amenizar os prejuízos se administrassem suas receitas com mais responsabilidade. Não é raro ver instituições endividadas até o teto mas os seus dirigentes, mesmo assim, gastam o que não possuem e aumentam ainda mais o déficit das entidades.

Aquele dinheiro que foi gasto para trazer e manter aquele medalhão poderia ser economizado e utilizado em situações de emergência como esta. Ou aquele investimento milionário poderia ser utilizado para quitar dívidas, mas o torcedor exige reforços e os dirigentes adoram fazer média com os fãs.

Os próprios clubes, portanto, têm sua parcela de responsabilidade para a atual situação. Poderiam muito bem se preparar para enfrentar momentos de crise, mas preferem "investir" porque os resultados e os títulos são sempre mais importantes do que as finanças. Opta-se quase sempre pelo lucro a curto prazo a realizar um planejamento competente e que poderia, não apenas sanar as dívidas, como também tornar suas equipes competitivas durante muitos anos.

São justificáveis, portanto, os apelos da FPF e dos clubes paulistas pela manutenção do Campeonato Paulista. Seus respectivos posicionamentos são perfeitamente compreensíveis, mas tais entidades não podem se esquecer: também tiveram sua parcela de responsabilidade na crise econômica neste triste cenário.



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