terça-feira, 16 de março de 2021

Olha o Gás!

Imagem extraída de www.facebook.com/Gremio



Copa Libertadores também é sinônimo de jogos na altitude andina. Equipes do Peru, Colômbia, Bolívia e Equador fazem de sua geografia um décimo-segundo jogador e as partidas na cordilheira tornam-se um verdadeiro martírio para os visitantes.

O Grêmio terá na noite de hoje seu primeiro teste de resistência na altitude andina. O Imortal enfrentará o Ayacucho no Estadio Olímpico Atahualpa, situado a quase três quilômetros de altura em relação ao nível do mar. A concentração de oxigênio no ar em tal ambiente é muito menor que em Porto Alegre e os gremistas irão sofrer com seus efeitos. É possível adaptar-se a tais condições mas isto leva um tempo que o Tricolor não dispõe.

Escrevo isto todo ano: nossos clubes sabem que sempre há confrontos na altitude andina onde a pressão parcial de oxigênio é menor e, mesmo assim, nunca há um preparo adequado dos atletas para resistirem a tais condições.

É como se os jogadores já estivessem conformados com um eventual resultado negativo nos Andes e, em caso de derrota, coloca-se a culpa na altitude. Não seria melhor preparar os atletas para lidar com tal situação e buscar uma vitória?

Nossos clubes, ainda que estejam passando por dificuldades financeiras, têm condições de preparar os jogadores para enfrentar as baixas concentrações de oxigênio. Que tal deixar os inúteis estaduais para os times sub-20 e fazer uma pré-temporada com os titulares na Colômbia, Bolívia ou qualquer outro país situado nos Andes? Ou, talvez, construir uma quadra de atmosfera controlada onde as condições da altitude poderiam ser simuladas e colocar os jogadores para treinar lá? E por que não investir em pesquisas científicas para se desenvolver treinos ou suplementos que possam ajudar os futebolistas a suportarem o ar rarefeito? Educação física e nutrição também são ciências.



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Eu já escrevi quase tudo isso em textos anteriores mas é inaceitável o conformismo de nossos clubes com relação à altitude. A Libertadores é disputada há mais de cinquenta anos, sempre houve confrontos na Cordilheira dos Andes, todos sabem que o "ar rarefeito" é quase um 12º jogador para as equipes andinas e, mesmo assim, nossos times nunca se preparam da maneira adequada.

Já houve tentativas de se proibir jogos na altitude andina, algo que sou contra, afinal os clubes têm o direito de mandar suas partidas onde estão sediados e onde vive a sua torcida. Se fosse assim, equipes como Mirassol, Novorizontino e Ferroviária deveriam ser impedidas de atuar em suas respectivas cidades no verão visto que a temperatura na região alcança facilmente os 40ºC.

O que os nossos times precisam aprender é jogar com as regras ao invés de ficar se lamentando e dar sempre as mesmas desculpas em caso de derrota. Para que os clubes possuem preparadores físicos, nutricionistas, médicos e departamento científico? Ciência e pesquisas científicas também existem para encontrar soluções neste sentido.

O Grêmio, felizmente, abriu o placar de 6x1 no jogo de ida e possui "gordura" para conseguir a vaga para a próxima fase. Mas que o Imortal não se acomode, pois os jogadores vão se cansar rapidamente com a baixa oferta de oxigênio além do desgaste em virtude da ausência de férias. E outros adversários com sede nos Andes estão à nossa espera, como Independiente del Valle, Bolívar, Junior Barranquilla, Strongest, LDU, ... 



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