sexta-feira, 12 de março de 2021

O Novo Velho Uruguai

Imagem extraída de www.facebook.com/aufoficial



Quando o Uruguai disputou a Copa 2018, eu não tinha muitas expectativas com relação à Celeste, afinal a equipe estava envelhecendo, seu jogo estava mais do que manjado pelos adversários, o desempenho havia caído e, mesmo assim, o treinador Óscar Tabárez insistia em manter a base que foi quarta colocada em 2010.

Os Charrúas, para a minha surpresa, foram à Rússia com um meio-de-campo totalmente renovado. Saíram Arévalo, Tota González, Egúren e Lodeiro. Entraram Stuani, Torreira, Nández e De Arrascaeta. A ênfase na marcação permanecia, mas os meias e volantes participavam muito mais do ataque. Pudemos ver um Uruguai bem mais fluido, ofensivo e agradável de se assistir.

O resultado da renovação apareceu em campo. O Uruguai fez uma primeira fase perfeita, com três vitórias em três jogos e muitos gols anotados. Os adversários não eram muito fortes, verdade seja dita, mas a Celeste teve méritos e convenceu nas partidas disputadas.



Imagem extraída de www.facebook.com/aufoficial



A prova de fogo se deu já nas oitavas-de-final diante de uma seleção portuguesa motivada pela conquista da Eurocopa em 2016. Os uruguaios, porém, se impuseram diante das Quinas e demonstraram um futebol que aliava segurança defensiva com ofensividade. 2x1 sobre a equipe de Pepe e Cristiano Ronaldo.

A alegria dos uruguaios, contudo, não duraria muito. A França, que venceria aquele mundial, eliminou a Celeste pelo convincente placar de 2x0. A equipe de Didier Deschamps contava com uma equipe com melhores opções e recursos, além de correr menos riscos em campo. Os Bleus foram muita areia para o caminhão do Uruguai. Ainda assim, o saldo para os Charrúas foi muito positivo com um desempenho muito acima do esperado e boas atuações individuais, em especial dos volantes Nahitan Nández e Lucas Torreira.

O treinador Óscar Tabárez, que eu via como ultrapassado e desgastado, me fez morder a língua após aquele Mundial. O Maestro surpreendeu ao renovar o meio-de-campo e mudar o estilo de jogo. E o treinador o fez coincidentemente após ser criticado pelo pragmatismo adotado na Copa América 2015. O técnico, na ocasião, até saiu em defesa de seu grupo e da postura adotada dizendo que "este sempre foi o estilo do Uruguai."



Maestro Tabárez (ao centro) surpreendeu ao renovar o meio-de-campo e adotar uma
postura mais ofensiva de jogo (imagem extraída de www.facebook.com/aufoficial)



O desafio para este ciclo, contudo, será ainda maior. Os remanescentes da geração 2010 (Suárez, Cavani, Godín e Muslera) são presenças constantes na Celeste mas já estão com mais de 34 anos e devemos questionar se ainda estarão em forma em 2022. Os mencionados jogadores são os grandes diferenciais do atual Uruguai, mas a parte física é essencial no futebol moderno onde movimentação, intensidade e recomposição são vitais para a obtenção dos resultados.

Isto não significa que Tabárez deve abrir mão de seus astros. Suárez, por exemplo, está voando no Atlético de Madrid e brilhando ainda mais sem a sombra de Lionel Messi. O treinador, contudo, precisa ter consciência de que suas estrelas estão envelhecendo e que em algum momento será necessário mudar o ataque, assim como ele fez com o meio-de-campo.

Será que Tabárez, caso consiga ir ao Catar, irá abraçar as suas convicções? Ou irá nos surpreender novamente com mais renovações na equipe, assim como fez na Rússia em 2018? Aguardem as cenas dos próximos capítulos...



Imagem extraída de www.facebook.com/aufoficial




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