sábado, 27 de março de 2021

A Fúria de Henry

Thierry Henry decidiu realizar uma "greve" em suas redes sociais
contra o ódio (imagem extraída de www.facebook.com/ThierryHenry)



O treinador e ex-atacante Thierry Henry anunciou ontem que irá desativar suas redes sociais (Facebook, Twitter, Instagram, ...) e não retornará enquanto seus administradores não tomarem atitudes mais enérgicas contra posts que pregam ódio -racismo, xenofobia, bullying, ... O francês reivindica que as plataformas ajam contra a intolerância com o mesmo rigor demonstrado contra infrações de copyright.

O francês, inclusive, já sofreu com o racismo em campo durante confronto do Arsenal (seu clube na época) contra o Valencia. Durante a partida, torcedores dos Murciélagos chamaram Henry de "macaco" mas o atacante deu uma resposta à altura: em meio aos insultos, Thierry se aproximou do definidor adversário, John Carew (que também é negro) e apontou para o norueguês, que desaprovou a atitude de seus próprios fãs -os vídeos do episódio foram removidos da internet.

Henry também sofreu insultos do falecido treinador Luis Aragonés que o chamou de "negro de m***" em 2004. A atitude do técnico gerou uma grande revolta exigindo o desligamento do comandante. O francês também foi um apoiador ativo do movimento "Black Lives Matter" e o ex-atacante sempre foi visto se ajoelhando, repetindo o gesto de outros esportistas e demonstrando solidariedade à causa.



Henry deu uma lição em torcedores racistas do Valencia ao lembrá-los que o seu atacante, John
Carew, também é negro (imagem extraída de www.facebook.com/classicfootballplayers01)
 


Henry, como pudemos ver, já sentiu na pele o que é o ódio. O ex-atacante, portanto, tem motivos de sobra para exigir que as redes sociais sejam mais tolerantes com seus frequentadores. O continente onde nasceu, a Europa, vem sofrendo com o crescimento de movimentos ultra-nacionalistas e que são declaradamente xenofóbicos. A Seleção Francesa, ironicamente, foi campeã nas copas de 1998 e 2018 graças a vários jogadores descendentes de estrangeiros, principalmente de africanos como Zidane (filho de argelinos), Mbappé (de origem marfinense) ou Vieira (imigrante do Senegal).

O francês tem plena consciência de sua força midiática -é o maior jogador da história do Arsenal e conquistou três títulos pelos Bleus, incluindo a copa de 1998. Henry decidiu, então, utilizar sua influência para protestar contra a intolerância. E sua atitude já ganhou adeptos, como os Gunners que já declararam apoio ao seu ídolo no Twitter.

Que Henry tenha êxito em sua luta e que sua atitude motive mais pessoas públicas a lutar contra o ódio, seja qual for: racismo, xenofobia, sexismo, intolerância religiosa, bullying, ... O francês já conseguiu chamar a atenção com seu protesto. Resta torcer para que a atitude do ex-atacante dê frutos.



O anúncio de Henry a respeito de sua saída das redes sociais
em protesto (reprodução www.facebook.com/ThierryHenry)




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