sábado, 20 de março de 2021

Coragem

Imagem extraída de www.facebook.com/AtleticodeMadrid



O ex-atacante Leivinha havia feito críticas ao Atlético de Madrid comandado por Diego Simeone durante entrevista em 2016 publicada pelo site da emissora ESPN. O brasileiro, que defendeu os Colchoneros entre 1975 e 1979, havia declarado que o time "não tem muita graça e nem muita técnica", embora reconhecesse que a equipe é "competitiva e inspira confiança".

Não sou mais um defensor ferrenho do futebol-arte mas fica difícil discordar de Leivinha ao analisarmos o desempenho do Atlético nas últimas duas edições da Champions League. Nas recentes eliminações, o Rojiblanco atuou totalmente recuado, como se estivesse com medo de seus adversários e parecia totalmente satisfeito em levar as partidas para uma prorrogação ou disputa de pênaltis. E os rivais não eram muito superiores que os Colchoneros, como o emergente Red Bull Leipzig (em 2020) e o instável Chelsea (2021).

A mentalidade adotada por Simeone é típica de treinadores que dirigem times na Copa Libertadores da América, onde técnicos que jogam com o regulamento costumam ter mais êxito do que os que propõem o jogo. Muito provavelmente o Cholo incorporou vícios do futebol sul-americano ao seu estilo.

Simeone, justiça seja feita, foi o grande responsável por elevar o patamar do Atlético de Madrid. O Cholo assumiu um time em crise na virada de 2011 para 2012. Sob o comando do argentino, os Colchoneros deixaram de ser coadjuvantes e passaram a brigar nas cabeças com o Barcelona e o Real Madrid. O ex-volante já conquistou um campeonato espanhol, duas Europa Leagues e uma Copa del Rey. Isso sem mencionar que o Atleti conseguiu chegar em duas finais de Champions League durante a década passada, 2014 e 2016.



Imagem extraída de www.facebook.com/AtleticodeMadrid



É preciso considerar, no entanto, que Simeone já está há quase dez anos à frente do Atlético de Madrid. O treinador já começa a apresentar sinais de desgaste, indicando que sua fórmula já não é mais tão efetiva quanto na década passada.

Podemos mencionar no caso específico da Champions League que vivemos uma situação excepcional desde a temporada passada. As partidas não têm público, algo que poderia fazer a diferença, e muitos times estão sendo obrigados a mandar seus jogos fora de seus domínios em virtude de restrições quanto à COVID-19. Não se observou, no entanto, alguma evolução entre 2020 e 2021, com o Atlético sendo eliminado da mesma maneira.

Simeone ainda pode retomar o fôlego com um eventual título em La Liga. O Atlético lidera com 63 pontos, sendo quatro de vantagem sobre o vice-líder Barcelona e faltando onze rodadas para o fim da competição. Isto, porém, não exime o treinador da necessidade de buscar outras maneiras de se jogar para que o time possa sonhar com voos mais altos.

O Atlético já não é mais um coadjuvante. O time possui muitos jogadores de qualidade (Oblak, Trippier, Giménez, Suárez, Koke, João Félix, Lemar, ...), tem condições de brigar de igual para igual com outras potências europeias e, não apenas pode, como também deve correr alguns riscos em prol de resultados melhores.

Não é errado jogar defensivamente e abrir mão da posse de bola, mas limitar-se a isso é condenável, sobretudo com os recursos que o Atlético possui. Simeone pode fazer sua equipe render mais mas, para isso, precisa sair de sua zona de conforto e ousar mais. Ou então, talvez seja melhor reconhecer que chegou ao limite e pedir o boné, para o bem do clube e do próprio treinador.

Leivinha concedeu aquela entrevista em 2016, ou seja, há cinco anos atrás e a leitura do ex-atacante tem se mostrado certeira, sobretudo com o desempenho do Atlético na Champions League. Simeone, portanto, deveria dar ouvidos aos conselhos do brasileiro se ainda planeja voos mais altos para seu time.



Imagem extraída de www.facebook.com/diegopablosimeoneoficial




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