segunda-feira, 15 de março de 2021

Ocaso

Imagem extraída de www.facebook.com/DFBTeam



O treinador Joachim Löw anunciou que deixará a Seleção Alemã neste ano após a Eurocopa. Foram quinze anos à frente da Mannschaft além de outros dois (2004 a 2006) trabalhando na Nationalelf como auxiliar de Jürgen Klinsmann. O comandante conquistou dois títulos durante sua extensa passagem (a Copa do Mundo de 2014 e a Copa das Confederações de 2017), encantou o mundo com seu futebol leve e sempre ousou nas convocações ao oferecer chances a garotos ou atletas pouco conhecidos.

Jogi sempre teve todo o respaldo e paciência de dirigentes da DFB (a federação de futebol alemã) a seu favor. O treinador colecionou muitos fracassos no banco da Alemanha, mas era visível que suas equipes tinham potencial para evoluir e, principalmente, demonstravam regularidade nas competições que disputava. Eu sempre dizia em tom de brincadeira que a Mannschaft conseguiria pelo menos um terceiro lugar.

A postura dos dirigentes mostrou-se mais do que acertada e a Alemanha, enfim, conquistou seu quarto título em copas do mundo no ano de 2014, aqui no Brasil. Jogi foi realizando ajustes ao longo dos anos. Manteve o futebol leve e de troca de passes, mas soube absorver influências de Jupp Heynckes e Jürgen Klopp, que demonstram que as características da escola alemã (força física, solidez defensiva, intensidade e jogo aéreo) ainda tinham espaço no esporte atual.

As ideias de Jogi, porém, foram se tornando manjadas e previsíveis. Seus adversários passaram a enxergar a Alemanha como "o time a ser batido" e elaboraram contramedidas. Ademais, o treinador cometeu o mesmo erro que a Itália em 2010 e a Espanha em 2014: se apegou em demasia àquela geração vencedora e não se preocupou em renovar o grupo.

Estava claro que os dirigentes da DFB erraram no timing e mantiveram o treinador tempo demais no comando. Löw acabou se desgastando e a imagem do técnico campeão ficou arranhada após o vexame na Rússia em 2018. Os resultados ruins na Liga das Nações apenas serviram para corroborar com tal teoria.



Imagem extraída de www.facebook.com/DFBTeam



Jogi terá a chance de se redimir de seus erros e fechar sua passagem pela Mannschaft com chave de ouro, conquistando o único título que falta em seu currículo que é justamente o da Eurocopa -o treinador foi vice-campeão em 2008 e parou nas semifinais (não há disputa pelo 3º lugar na competição) nas edições de 2012 e 2016. Löw sabe, porém, que há muito mais desconfiança do que otimismo com relação à Alemanha para o campeonato.

As recentes exibições ruins da Alemanha não tiram os méritos de Jogi. O treinador sempre demonstrou ousadia ao remar contra as tradições de seu país e adotar um futebol mais leve e técnico, ao passo que a Mannschaft sempre se notabilizou pelo jogo mais físico. O técnico também nunca teve medo de realizar experiências e sempre ofereceu oportunidades a jovens e atletas pouco conhecidos. Tais atitudes fizeram com que Löw ganhasse a admiração do blogueiro.

Há, porém, um momento em que precisamos de ideias novas. Tudo o que permanece muito tempo no mesmo se desgasta, envelhece, fica ultrapassado. Mesmo treinadores longevos como Sir Alex Fergusson e Arsène Wenger demonstravam que precisavam sair em algum momento visto que não conseguiam repetir o desempenho de décadas anteriores.

Ainda não se sabe quem irá substituir Jogi no comando da Mannschaft. Nomes como Jürgen Klopp, Julian Nagelsmann, Hansi Flick e Thomas Tuchel foram ventilados mas não passaram de especulações por parte da imprensa. Löw, por sua vez, estaria na mira do Real Madrid com o objetivo de renovar a equipe Merengue, mas isto não passa de outro rumor, por enquanto.

Eu gostaria de ver o grande Jupp Heynckes sucedendo Jogi. O ex-atacante revolucionou o Bayern com seu futebol vistoso, conquistou a Tríplice Coroa com os bávaros, tem boas ideias e não está comandando nenhum time no momento. O treinador, porém, está curtindo sua merecida aposentadoria aos 75 anos e não deve voltar a trabalhar a menos que seja uma emergência.

Fica a expectativa de como será o último compromisso de Jogi pela Alemanha. Será que ele conseguirá se redimir pelos erros recentes? Ou será que teremos um novo vexame? Saberemos na Eurocopa -se ela não for novamente adiada em virtude do coronavírus.



Imagem extraída de www.facebook.com/DFBTeam




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