quarta-feira, 23 de novembro de 2022

Equilíbrio (Não Tão) Distante

O Japão protagonizou uma virada improvável sobre a tetracampeã
Alemanha (imagem extraída de www.facebook.com/fifaworldcup).



A evolução do futebol japonês já vinha ocorrendo há alguns ciclos, tanto por parte do próprio país quanto por parte dos jogadores, sendo que muitos já vinham atuando com destaque na Europa. Ainda assim, os Samurais Azuis nem de longe eram favoritos a avançar no Grupo E, integrado pelas potências Alemanha e Espanha. A partida de hoje, porém, mudou drasticamente tais perspectivas.

A Alemanha foi a campo no seu bom e velho 4-2-3-1 mesclando atletas experientes (Müller, Neuer, Gündoğan, ...) com alguns novatos (Schlotterbeck, Musiala, Raum, ...). A Mannschaft, inicialmente, manteve o toque de bola típico de Joachim Löw mas foi acelerando as jogadas no decorrer da partida.

O Japão também entrou em 4-2-3-1. Os Samurais Azuis, porém, adotaram uma postura corajosa com marcação alta e muitas divididas, apesar dos alemães serem melhores na imposição física. Os japoneses contra-atacavam em velocidade principalmente pela direita com Ito e Sakai buscando o atacante Maeda, que quase abriu o placar se não fosse flagrado em impedimento. Kubo também tentava pela esquerda mas era facilmente anulado por Süle e Rüdiger.

A Nationalelf foi, aos poucos, tomando as rédeas da partida e passou a acelerar as jogadas, com muitas tabelas e infiltrações na área de Gonda. O arqueiro japonês acabou acertando uma joelhada em Raum e o juiz marcou pênalti, convertido por Gündoğan.



 
Ambos os times em 4-2-3-1. Alemanha troca passes e circula
a bola próximo à área de Gonda. Japão responde tentando
pressionar a zaga rival com a primeira linha ou com contra-
golpes pelas pontas (imagem obtida via this11.com).



O gol sofrido, porém, não desanimou o Japão que permaneceu corajoso diante da Alemanha. A partida permaneceu equilibrada com boas chances criadas pelos dois lados.

Hajime Moriyasu reorganiza  a defesa colocando o lateral/zagueiro Tomiyasu no lugar de Kubo e o Japão passou a sofrer um pouco menos com o ataque alemão.

Hansi Flick troca Gündoğan e Müller por Goretzka e Hofmann. A saída do camisa 21 foi alvo de críticas dos comentaristas da Sportv, mas o meio-campista deixou o campo visivelmente sentindo uma das pernas. Ademais, o grandão de camisa 8 deveria melhorar a imposição física da Alemanha.

Moriyasu respondeu com mais meias e atacantes aproveitando que a Alemanha estava com toda a marcação adiantada e contra-atacar às costas dos rivais. E os dois gol que decretaram a virada nipônica saíram em jogadas pela direita articuladas por Junya Ito e Asano.

A Alemanha foi para o tudo ou nada com mais atacantes (Füllkrug, Moukoko e Götze) mas o Japão conseguiu segurar. O goleiro Neuer tentou ajudar na frente durante os lances finais mas foi infrutífero.



A Alemanha adiantou as linhas para tentar "matar" o jogo, mas
Hajime Moriyasu, corajosamente, coloca diversos meias e
atacantes para jogar às costas dos alemães e buscar a virada
pela direita com Junya Ito e Asano (imagem obtida via this11.com).



Japão vê sua ousadia ser premiada com uma vitória surpreendente. Os Samurais Azuis foram corajosos do primeiro ao último minuto e não murcharam nem mesmo com a desvantagem no placar. Cabe lembrar que muitos deles atuam na Bundesliga e, portanto, eles tinham muito conhecimento dos adversários.

Alemanha é castigada por não "matar" o jogo quando teve chances. A Mannschaft não jogou mal mas encontrou um adversário que demonstrou muita força física e mental em campo, além de saber explorar os espaços deixados pelos alemães. Terá de buscar os pontos perdidos contra a Costa Rica e também contra a Espanha.

A surpreendente vitória do Japão mostra que equipes emergentes podem enfrentar gigantes de igual para igual, assim como a Arábia Saudita e a Austrália demonstraram ontem. É melhor os times se conscientizarem que só o peso da camisa não é suficiente para decidir jogos...



Imagem extraída de www.facebook.com/fifaworldcup




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