quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Vizinhos Ibéricos

Imagem extraída de www.facebook.com/EURO2024



O treinador Roberto Martínez ficou pouco tempo desempregado ao deixar a Bélgica após o fracasso dos Diables Rouges no Catar. O espanhol foi anunciado oficialmente no dia 9 deste mês pela Federação Portuguesa de Futebol como o substituto de Fernando Santos -alguns meios de comunicação já haviam antecipado o acerto ainda em 2022. O ex-volante assinou com as Quinas até 2030.

Martínez terá a missão renovar o grupo -sim, afinal Pepe, José Fonte, Cristiano Ronaldo, Moutinho e os demais já estão beirando os 40 anos- e também aproveitar a ótima safra de jovens que os portugueses têm à disposição -Rafael Leão, João Félix, Gonçalo Ramos, ...

Fernando Santos, que vinha sendo muito criticado por subaproveitar os jovens que tinha à disposição, havia feito uma boa Copa do Mundo após reconhecer que Ronaldo já não conseguia mais fazer a diferença como antes e sacar o seu capitão da equipe. A goleada que as Quinas impuseram sobre a valente Suíça foi a prova cabal disto. 

Martínez possui ampla experiência no futebol inglês, tanto como jogador, quanto como treinador. O espanhol é adepto do jogo mais físico e intenso, provavelmente devido aos seus muitos anos na Terra da Rainha. O ex-volante, quando dirigiu a Bélgica, teve méritos ao substituir o toque de bola modorrento de Marc Wilmots por mais dinamismo em campo, o que lhe rendeu um ótimo 3º lugar na Copa 2018. O técnico, porém, pecou em 2022 por se apegar demais àquele grupo e não reconhecer que muitos daqueles atletas já estavam em decadência.



Imagem extraída de www.facebook.com/PORTUGAL



Martínez quase sempre utilizou formações de três zagueiros (3-4-3 ou 3-5-2) durante seus seis anos à frente da Bélgica. A Seleção Portuguesa, por sua vez, quase sempre adotou esquemas com três atacantes (4-3-3 ou 4-2-3-1), algo que é quase tradição no país. Talvez seja necessário um período de adaptação para que equipe e treinador entrem em um consenso a respeito da escalação. 

O treinador ainda terá de lidar com Cristiano Ronaldo, cuja imagem saiu bastante chamuscada após as desavenças com seus próprios colegas durante o último Mundial. O atacante, em princípio, havia anunciado a sua aposentadoria das Quinas mas voltou atrás e se colocou à disposição para continuar representando o seu país. O camisa 7 não teria clima nem físico para continuar, mas sua influência ainda é muito grande no esporte mundial.

As exigências, ademais, serão maiores do que na Bélgica visto que as Quinas já conquistaram dois títulos recentemente (a Euro em 2016 e a Nations League em 2019) enquanto os Diables Rouges jamais ergueram algum troféu. Os torcedores e dirigentes, portanto, desejam que Martínez leve as Quinas a novas conquistas durante os próximos anos.

Martínez, por fim, terá de lidar com a desconfiança do próprio torcedor. Espanha e Portugal possuem uma grande rivalidade enraizada desde os tempos das Grandes Navegações quando disputaram territórios aqui na América Latina em busca de ouro. É um sentimento similar àquele existente entre Brasil e Argentina mas com origens mais profundas e que transcendem as quatro linhas.

A responsabilidade de Martínez, portanto, será muito maior do que na Bélgica. A confiança dos dirigentes, contudo, é grande visto que o espanhol assinou até 2030. Há um excelente material humano à disposição do treinador mas no futebol, como tudo o que envolve o fator humano, nunca há certezas.



Um novo bronze pode não ser suficiente para
Martínez se estabelecer em Portugal (imagem
extraída de www.facebook.com/BelgianRedDevils)...




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