quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

Segunda Chance

Imagem extraída de www.facebook.com/corinthians



A Associação Albanesa de Futebol (Federata Shqiptare e Futbollit -FSHF) anunciou o brasileiro Sylvinho como treinador de sua seleção até julho de 2024. O ex-lateral terá como auxiliares os também ex-jogadores Doriva e Pablo Zabaleta. O trio terá a missão de levar os Kuq e Zinjtë de volta à Eurocopa e repetir a façanha de Gianni De Biasi em 2016. Será a segunda aventura do ex-corinthiano no banco de reservas na Europa -ele teve uma passagem fraca pelo Lyon da França em 2019.

A Albânia apresentou um desempenho razoável durante o último ciclo conseguindo subir (e permanecer) na divisão B da Nations League e, por muito pouco, não foi à repescagem para a Copa do Mundo 2022 -ficou a apenas dois pontos da Polônia no Grupo I das Eliminatórias Europeias. Há, portanto, algum potencial na equipe dos Balcãs.

Sylvinho terá um bom material humano para trabalhar, sendo a maioria jogadores que se destacam ou se destacaram no futebol italiano: os goleiros Etrit Berisha e Thomas Strakosha; o lateral Elseid Hysaj; os zagueiros Marash Kumbulla e Berat Djimsiti; e o volante Kristjan Asllani. O treinador ainda pode receber reforços oriundos de outros países, incluindo outras nações da Península Balcânica (há muitos atletas de etnia albanesa nascidos no Kosovo e na Macedônia do Norte) e a Suíça (muitos albaneses-kosovares buscaram refúgio por lá durante a guerra em 1999).  

A missão para o ex-lateral também não parece impossível. A Albânia está no Grupo E das Eliminatórias da Euro 2024, composto por Polônia, República Checa, Ilhas Faroe e Moldávia. É possível até sonhar com a vaga direta (com o aumento de participantes a partir de 2016, um 2º lugar já é suficiente para a classificação), embora a repescagem seja algo mais plausível (é necessário realizar uma boa campanha como 3º colocado). Sylvinho, portanto, não precisaria realizar um grande feito pelos Kuq e Zinjtë para entrar para a história do futebol e se recolocar no mercado.



Imagem extraída de www.facebook.com/corinthians



Uma pena que algumas das referências do histórico time de 2016 já não estejam mais à disposição. O zagueiro e capitão Lorik Cana se aposentou naquele ano, enquanto o volante Taulant Xhaka deixou a Seleção Albanesa após desentendimentos com Gianni De Biasi.

Eu sempre busco avaliar pontos negativos nas decisões do futebol. Observei, contudo, poucos possíveis prejuízos a Sylvinho ou à Seleção Albanesa na contratação do brasileiro, visto que os Kuq e Zinjtë são azarões e o treinador pouco teria a perder visto que sua primeira experiência na Europa já foi ruim. O ex-lateral só sairia prejudicado em caso de resultados muito ruins ou se tiver desentendimentos com o grupo.

Sylvinho, por outro lado, terá de fazer uma campanha excepcional pela Albânia se quiser uma recolocação efetiva no mercado. Além de repetir o feito de De Biasi, o ex-lateral teria de superar o italiano levando os Kuq e Zinjtë pelo menos até às oitavas-de-final. Se tiver êxito, pode subir degraus em sua carreira e, quem sabe, voltar aos clubes do continente.

Um eventual sucesso do ex-lateral também significaria a possibilidade da Europa reabrir as portas aos treinadores brasileiros. O próprio Sylvinho havia sido o último técnico nascido no Brasil a receber uma oportunidade em um grande clube europeu mas sua passagem pelo Lyon foi fraquíssima e o ex-lateral foi demitido antes de completar seis meses no cargo.

Resta saber se Sylvinho terá êxito em sua missão. O caminho não parece muito complicado mas o futebol possui o fator humano envolvido e nem sempre os resultados são os esperados. Basta lembrar-nos da última Copa do Mundo quando o Marrocos surpreendeu e deixou para trás Bélgica, Espanha e Portugal. Ou quando a Alemanha, com um ótimo time no papel, caiu novamente já na fase de grupos.



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