segunda-feira, 12 de junho de 2023

Cadê a Bia?

Reprodução www.instagram.com/biahaddadmaia



Faz algum tempo que não acompanho tênis mas chegaram aos meus ouvidos que a brasileira Bia Haddad havia alcançado as semifinais do torneio de Roland Garros durante a última semana. O feito fez com que a mídia esportiva entrasse em polvorosa e realizassem inclusive comparações exageradas com a lendária Maria Esther Bueno (falecida em 2018). E os patrocinadores também trataram de surfar no sucesso da tenista com muitas campanhas publicitárias.

A queda de Bia ante a polonesa Iga Świątek (atual número 1 no ranking da WTA), porém, foi um verdadeiro balde de água fria nas expectativas dos torcedores brasileiros. E os efeitos da eliminação da brasileira foram quase imediatos com o sumiço da tenista das manchetes em sites esportivos e também das campanhas publicitárias.

O "sumiço" de Bia não é algo incomum no Brasil. Tite e Vini Jr., que realizaram diversas campanhas publicitárias às vésperas da Copa do Mundo, também passaram a ser "escondidos" após a eliminação da Seleção Brasileira do Mundial. Nenhuma empresa quer ter seu nome vinculado a um derrotado, sobretudo quando há o sentimento de "decepção" envolvido.

A sensação transmitida, porém, é a de que Bia era "útil" à mídia e às empresas somente enquanto a tenista tinha possibilidade de títulos. Com a eliminação, mais parece que a esportista foi abandonada porque não conquistou o troféu que, cabe mencionar, ela desejava mais do que ninguém.



Reprodução www.instagram.com/biahaddadmaia



A atitude da mídia e dos patrocinadores nada mais é do que reflexo de nós, torcedores brasileiros. Sim, afinal quando o esportista ganha um troféu ele é o "máximo", um "gênio", um "herói", ... Em contrapartida, quando o atleta perde ele é um "pipoqueiro" ou um "fracassado". As empresas sabem que os fãs dificilmente consumiriam um produto relacionado a um derrotado, então simplesmente optam por "esconder" sua imagem.

A decepção dos fãs é compreensível, assim como a atitude das empresas que simplesmente desejam lucrar. Mas de nada adianta adotar discursos bonitos como "patriotismo em torcer pelo Brasil" ou "apoiar o esporte brasileiro" se não são colocados em prática. Virar as costa a Bia contradiz tais palavras, assim como fizemos com a Seleção Brasileira em dezembro.

O esporte não é só feito de vitórias. Os atletas que brilham nos dias de hoje tiveram de superar muitos obstáculos para chegar até onde estão. E todos os esportistas também passam por fases ruins. O Manchester City é um bom exemplo recente disto, afinal os Citizens quebraram a cara muitas vezes e fizeram algumas campanhas fracas até conseguirem sua desejada Champions.

É compreensível, portanto, o "sumiço" de Bia da mídia sob o ponto de vista financeiro visto que nenhum fã gostaria de consumir um produto relacionado a alguém derrotado. Mas o ato de torcer deveria ser muito mais do que apoiar os atletas apenas nas vitórias. Se fosse em outros países, provavelmente a tenista estaria sendo recebida como heroína pelo seu feito gigantesco nas quadras.



Reprodução www.instagram.com/biahaddadmaia




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