As Armadilhas do Mata-Mata

O São Paulo vacilou em casa diante do Sport mas avançou na Copa do
Brasil nos pênaltis (imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc).

Escrevi há algum tempo atrás um texto provando o quão é arriscado abrir mão do Campeonato Brasileiro (onde uma campanha ruim culmina no rebaixamento) com o intuito de se priorizar os mata-matas. As competições eliminatórias são vistas como "o caminho mais curto para a Libertadores", como disse Mano Menezes em 2007, e também são troféus mais valorizados pelo torcedor. Mas o desempenho dos times na Copa do Brasil durante a última semana demonstrou o outro lado da moeda.

O São Paulo, que havia construído a vantagem de 2x0 sobre o Sport na Ilha do Retiro, abaixou a guarda no Morumbi e viu o Leão devolver o placar. Menos mal que o goleiro Rafael defendeu uma das cobranças e garantiu o Tricolor nas quartas-de-final mas a partida deixou evidentes os riscos da competição.

O Internacional não teve a mesma sorte. Após perder por 2x0 para o América Mineiro no Independência, o Colorado devolveu o placar e levou a decisão para os pênaltis. Mesmo com o apoio de sua torcida no Beira Rio, os gaúchos perderam nas cobranças e foram eliminados em casa.

O Atlético Mineiro, após abrir 2x0 no jogo de ida, decidiu poupar jogadores importantes contra o Corinthians e se deu mal. Os paulistas devolveram o placar e a estrela do goleiro Cássio brilhou nos pênaltis. O treinador Chacho Coudet acabou responsabilizado pela eliminação e foi recebido com protestos em Belo Horizonte.

O Corinthians aproveitou a morosidade do Atlético Mineiro e ficou
com a vaga (imagem extraída de www.facebook.com/corinthians).

Os torcedores apreciam os jogos em mata-mata porque sabem que nestas partidas o psicológico pesa mais do que a técnica ou o talento e, com isso, uma equipe teoricamente mais fraca teria mais chances de surpreender um rival mais forte. E os fãs podem apoiar seus times fazendo pressão das arquibancadas.

As três partidas mencionadas, contudo, demonstraram que isto também pode se voltar contra as equipes. Jogos em mata-mata não admitem erros e uma derrota significa o fim da linha para um time na competição, ao contrário do que acontece nos pontos corridos. Ainda seria possível se redimir nos pênaltis mas isto nem sempre é viável.

Fica, portanto, o reforço para que os treinadores tenham cuidado ao apostarem tudo nos mata-matas. Há, de fato, menos jogos em disputa para os títulos e a vaga na Libertadores, mas este tipo de competição pune os erros com eliminação. Ademais, o prejuízo por uma campanha ruim nos pontos corridos (rebaixamento) é muito maior que em uma eliminatória (desclassificação).

O Internacional devolveu o placar sofrido na ida mas o América
Mineiro levou a melhor nos pênaltis em pleno Beira Rio
(imagem extraída de www.facebook.com/copadobrasilcbf).