sexta-feira, 7 de abril de 2023

Caça-Talentos

Imagem extraída de twitter.com/Azzurri



O treinador Roberto Mancini decidiu buscar por jovens atletas descendentes de italianos (ou oriundi) em outros países para renovar a sua equipe e também para compensar a falta de investimento dos grandes clubes da Itália em categorias de base. Assim, o técnico da Azzurra convocou o atacante Mateo Retegui (foto acima) que nasceu na Argentina e que atualmente defende o Tigre.

Retegui jamais havia atuado fora de seu país natal e sequer passou pelas categorias de base da Azzurra mas o jovem atacante prontamente aceitou ao chamado de Mancini. Mais do que isso, o atleta deixou uma ótima impressão em seus dois primeiros compromissos pela Itália, anotando um gol contra a Inglaterra e outro contra Malta, ambas partidas válidas pelas eliminatórias da Euro 2024. 

O desempenho de Retegui empolgou Mancini que considera convocar mais oriundi nascidos aqui na América do Sul para os próximos compromissos da Azzurra. Um dos nomes ventilados pela imprensa italiana foi o do meia Giuliano Galoppo do São Paulo, que está se recuperando de uma lesão neste momento. Além dele, mais três argentinos foram mencionados pela publicação.

Não é de hoje que a Itália lança mão de atletas naturalizados e/ou nascidos fora do país. Os casos mais emblemáticos foram os do atacante José Altafini (também conhecido como Mazzola e que foi campeão pelo Brasil na Copa de 1958) e do meia Mauro Camoranesi (nascido na Argentina e campeão da Copa 2006). Thiago Motta, Mudo Vázquez, Pablo Osvaldo, Jorginho, Rafael Tolói e Emerson Palmieri foram alguns dos oriundi que vestiram a camisa azzurra em tempos recentes. 



Imagem extraída de twitter.com/Azzurri



As escolhas de Mancini são totalmente justificáveis visto que o treinador necessita de material humano para renovar a sua equipe mas os grandes clubes da Itália ainda dão preferência a contratações em detrimento às categorias de base. Resta, então, ao técnico recorrer a jogadores nascidos fora do país para manter a competitividade da Azzurra que, cabe lembrar, ficou fora dos dois últimos Mundiais.

Mancini, por outro lado, acaba convocando jogadores com pouca ou nenhuma identificação com a Itália. Sob o ponto de vista financeiro e esportivo, é ótimo para um atleta ser convocado para uma grande seleção como a Azzurra visto que isto valoriza o futebolista no mercado e lhe abre as portas para grandes clubes na Europa.

Jogar por uma seleção, porém, diferente de atuar por um clube. O jogador está representando uma nação, um povo e uma cultura. O mero fato de algum atleta não falar o idioma do país que defende já demonstraria que ele não possui vínculo com a pátria. Basta lembrar o quanto Messi era criticado pelo seu próprio torcedor por não saber cantar o hino nacional da Argentina.

Mancini foi forçado a lançar mão dos oriundi devido a falta de apoio dos grandes clubes de seu país. A escolha do treinador pode até ser considerada discutível mas foi um claro recado aos times e também à Federação Italiana de Futebol: se os jovens formados na Itália não tiverem mais oportunidades, o comandante não terá escolha senão convocar jogadores naturalizados para manter a competitividade de sua seleção. O desempenho de Retegui apenas fortaleceu a posição do técnico.



Imagem extraída de twitter.com/Azzurri




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