terça-feira, 11 de abril de 2023

Chutão Também É Arte!

Imagem extraída de www.facebook.com/FlamengoOficial



Uma das críticas mais frequentes em relação ao treinador Vitor Pereira é de que seu time se vale demais da bola longa (ou dos "chutões" mesmo) ao invés de construir jogadas pelo meio-de-campo. Eu mesmo vi o Flamengo usar e abusar dos lançamentos contra o Palmeiras durante a Supercopa do Brasil apesar do Rubro-Negro dispor de Gerson e De Arrascaeta, dois meias que sabem tratar a redonda com carinho.

O mesmo tipo de crítica também era direcionada ao Palmeiras de Cuca em 2016, quando o Verdão usava três volantes para travar o meio-de-campo enquanto o ataque era abastecido com bolas longas vindas da defesa ou do goleiro. Alguns jornalistas até apelidaram o estilo ironicamente de "cucabol".

Eu concordo que jogo baseado em chutão é feio. É muito mais agradável ver um time tocando a bola ou jogando em velocidade pelo chão. Mais do que isso, o excesso de lançamentos demonstra pobreza de recursos técnicos ou de talento por parte das equipes. Os treinadores só costumam lançar mão de tais jogadas em momentos de puro desespero.

O próprio futebol moderno, contudo, tornou-se propício para os chutões. Sim, afinal muitos times costumam adiantar suas linhas ao atacar deixando um grande espaço às costas da zaga. Com atacantes bem posicionados, é possível contra-atacar com uma ligação direta atrás dos defensores rivais e deixar o definidor cara a cara com o goleiro adversário.



As linhas altas do adversário oferecem um grande espaço às costas
da zaga para um contra-ataque. Um chutão certeiro pode deixar o
atacante na cara do goleiro rival (imagem obtida via this11.com).



A ligação direta é bem menos cansativa do que um contra-ataque em velocidade visto que os jogadores precisam correr bem menos. Ademais, a pelota chega bem mais rápido ao atacante com um lançamento longo quando comparado à saída de bola com a zaga trocando passes, tática adotada por treinadores como Diniz, Ceni e Guardiola.

O próprio Guardiola já foi vitimado pelo chutão quando o seu City quis enfrentar o Chelsea com linhas altas e um lançamento do goleiro Edou Mendy encontrou Kai Havertz nas costas da zaga dos Citizens e totalmente livre para fazer o gol que sacramentou o bicampeonato dos Blues na Champions League.

Bolas longas têm suas desvantagens como ocorre com qualquer tipo de jogada. A menos que o treinador disponha de jogadores com ótima visão de jogo como Riquelme ou Modrić, chutões são jogadas imprecisas, inseguras e há grande risco de ceder a pelota para o adversário. Isso sem mencionar que são grandes as chances dos atacantes estarem em posição de impedimento.

Chutões são feios sob o ponto de vista artístico mas não há nenhuma regra que impeça os times de lançar mão do recurso. A marcação alta dos adversários torna o ambiente propício para este tipo de jogada e, o mais importante, geram oportunidades de gol aproveitando-se dos espaços às costas dos rivais.

Os treinadores são livres para utilizar qualquer recurso em campo desde que as regras permitam -e jogar feio não é proibido. É essencial, acima de tudo, adotar um estilo de jogo compatível com os jogadores disponíveis e também com o contexto da partida. O mais importante no esporte é competir mas só os resultados garantem os títulos ou sobrevivência dos times.



Imagem extraída de www.facebook.com/atletico




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