Levando Desaforo para Casa

Imagem extraída de www.facebook.com/FCBayern

O Bayern München surpreendeu a todos e anunciou a demissão do treinador Julian Nagelsmann no dia 24 de março. O motivo seria a má relação do técnico com parte do elenco, em especial o capitão Manuel Neuer. O time fazia uma ótima campanha na Champions League com 100% de aproveitamento, mas uma derrota na Bundesliga para o Bayer Leverkusen (que custou aos bávaros a liderança da competição) seguida de uma entrevista polêmica do comandante (que criticou pesadamente o grupo após o revés) foram o "gatilho" para o desligamento.

Assumiu Thomas Tuchel (foto acima). Após a mudança, o Bayern reagiu bem e recuperou a liderança da Bundesliga ao superar o Borussia Dortmund pelo placar de 4x2. Os bávaros, porém, foram eliminados da DFB Pokal (ou "Copa da Alemanha") após perderem de virada por 2x1 para o Freiburg em plena Allianz Arena. Na sequência foram goleados por 3x0 para o Manchester City na Champions League durante esta semana e o clima no vestiário teria ficado quente após a derrota com Mané e Sané trocando agressões. O que poderia ser uma temporada histórica com chances de uma terceira Tríplice Coroa para o clube, agora pode terminar de forma melancólica com duas eliminações.

Ficou evidente que os dirigentes do Bayern temiam perder seu décimo título consecutivo na Bundesliga e, com isso, interromper a hegemonia que já dura nove temporadas. O comportamento dos cartolas bávaros foi muito semelhante ao do Palmeiras e do Flamengo na semana passada, ambos clubes que afirmam priorizar o Mundial de Clubes mas que, por medo de passar "vergonha" nos irrelevantes estaduais, pouparam jogadores na Libertadores e desperdiçaram pontos que podem fazer falta lá na frente.

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É obrigação dos clubes competirem (mas não necessariamente "vencerem") em todos os campeonatos que participam, algo que eu vivo repetindo aqui no blog. O Bayern, porém, praticamente jogou a temporada no lixo ao rasgar o planejamento e demitir Nagelsmann. A Bundesliga, que os dirigentes tanto valorizaram na hora de tomar tal decisão, agora será um mero prêmio de consolação caso a provável eliminação para o City se concretize na próxima semana.

A precipitação dos dirigentes bávaros serve de lição também para nós brasileiros, que adoramos pedir a cabeça de treinador ao primeiro sinal de crise. Toda equipe oscila durante uma temporada, seja por acomodação do elenco, seja por méritos dos rivais. Quando há mudança no comando em meio a alguma competição, o novo técnico pega o bonde andando, há pouco tempo para a implantação de uma nova metodologia e as consequências podem ser piores.

Talvez fosse impossível reatar o relacionamento entre Nagelsmann e o elenco mas ficou evidente que a troca no comando teve consequências ainda mais desastrosas para o clube. O Bayern não quis "passar vergonha" na Alemanha e acabou levando algo muito pior do que o desaforo para casa.

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