quinta-feira, 20 de abril de 2023

Lições para Ceni

Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc



Terminou mal a segunda passagem de Rogerio Ceni pelo banco de reservas do São Paulo. O treinador teve a demissão decretada pela manhã de ontem e o clube já anunciou Dorival Júnior que estava sem time. A pressão sobre o ex-goleiro já era grande devido aos problemas internos e a manutenção do técnico tornou-se praticamente insustentável após protestos das principais torcidas organizadas contra o comandante.

O desempenho teve peso na saída de Ceni mas não foi exatamente o principal motivo para o seu desligamento. O ex-goleiro, mesmo sem conquistar nenhum troféu, apresentou bons resultados para a realidade do clube que, verdade seja dita, luta no máximo pelo meio da tabela. O treinador foi vice do Campeonato Paulista em 2022, vice da Sulamericana também em 2022 e por pouco não chegou à Libertadores (terminou em 9º no Brasileirão do ano passado).

O seu time, ademais, foi bastante prejudicado pelas lesões neste ano. O São Paulo teve mais de onze atletas entregues ao departamento médico durante o Campeonato Paulista, o que tornou a tarefa de Ceni ainda mais árdua.

Ceni, porém, esqueceu-se de que a sua relação com o elenco agora é diferente dos tempos em que era goleiro e capitão do time. Ele não mais pode cobrar os jogadores com tanta rispidez sob o risco de ser derrubado pelos próprios atletas. O próprio treinador, aliás, já foi acusado de fazer "motim" contra Ney Franco em 2013.

O paranaense, não obstante, teria interferido em demasia nos assuntos administrativos do clube. Alguns jornalistas afirmam que Ceni recebeu "plenos poderes" de seus dirigentes para que o ex-goleiro assumisse a culpa por eventuais erros da diretoria e, com isso, servisse de "escudo" para seus chefes. O treinador, porém, teria se excedido no cargo e, com isso, descontentado alguns cartolas.



Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc



Ceni, por fim, conseguiu irritar o seu próprio torcedor e o elenco por realizar alterações no time sem necessidade. Em muitas partidas o treinador substituía atletas simplesmente porque queria "demonstrar que mexeu bem na equipe". O goleiro também vetava jogadores que atravessavam bons momentos sem justificativas plausíveis.

Rogério não deve ficar muito tempo desempregado apesar de ter deixado o São Paulo pela porta dos fundos. O treinador demonstrou potencial com a prancheta mas, visivelmente, ainda não está pronto para assumir o Tricolor Paulista (onde o seu passado ainda interfere demais em seu desempenho) ou times que brigam na parte de cima da tabela como o Flamengo. Talvez equipes emergentes e que ainda não lutam efetivamente por títulos fossem o ideal para o paranaense neste momento, como o Red Bull Bragantino ou o Athletico Paranaense.

Ceni, porém, terá de melhorar o trato com seus jogadores se quiser progredir em sua carreira como treinador. Seu perfil autoritário e seu ego minaram seus trabalhos desde que o técnico deixou o Fortaleza. O paranaense precisa baixar a bola e compreender que o seu relacionamento com o elenco é diferente dos tempos em que era goleiro.

Cabe por fim, mencionar que o problema no São Paulo não é treinador ou elenco, visto que jogadores e técnicos dos mais variados perfis já passaram pelo time sem muito sucesso. Os dirigentes, há anos, deixaram o profissionalismo de lado e passaram a administrar o clube com soberba e prepotência. Não obstante, seus cartolas demonstram uma enorme incompetência para isolar a equipe dos problemas políticos, o que explica o ambiente constantemente conturbado. As ações de Ceni, no fundo, foram reflexo das atitudes de seus chefes.



Imagem extraída de www.facebook.com/saopaulofc



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