quarta-feira, 23 de agosto de 2023

A Elitização do Futebol

Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague



Eu estava observando o chaveamento dos playoffs da Champions League desta semana e encontrei poucos jogos considerados "interessantes" visto que não há mais times da Alemanha, Inglaterra, Itália ou Espanha. As equipes destes países não participam mais da fase preliminar desde a edição 2018-19 da competição.

Já havia rumores a respeito de uma "Superliga Europeia" desde 2017 e a proposta veio à tona em 2021. Para quem não se lembra, foi uma competição sugerida pelos clubes mais ricos da Inglaterra, Itália e Espanha para rivalizar com a Champions League. A ideia do torneio foi prontamente rechaçada pela UEFA (inclusive com ameaças de punição às equipes participantes) mas, coincidentemente, os times destes países passaram a se classificar diretamente para a fase de grupos da Liga dos Campeões a partir da temporada 2018-19.

Os espectadores que consomem a Champions League, verdade seja dita, desejam acompanhar os times mais ricos da Europa onde também atuam os melhores jogadores do mundo. Com todo respeito às equipes dos outros países, poucos se interessariam em assistir a um "Maccabi Haifa X Young Boys" ou a um "Royal Antwerp X AEK". A UEFA e os próprios clubes perceberam isto e articularam mudanças nas competições.



Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague



As mudanças na Champions e a proposta de uma Superliga Europeia, portanto, atenderiam às demandas dos consumidores visto que uma competição apenas com "times ricos" teria maior apelo comercial. Tal ideia, por outro lado, acabaria com o mérito esportivo e criaria um torneio exclusivo -no sentido de "excluir"- dificultando a participação de "zebras".

É compreensível o lado financeiro das competições mas o mais importante do futebol deveria ser o mérito esportivo, e não o apelo comercial. Até porque os times mais ricos já possuem mais chances de vencer justamente por reunirem recursos para adquirir e manter os melhores jogadores do mundo.

O futebol é fascinante justamente porque envolve o fator humano e a lógica pode ser quebrada a qualquer momento. Por mais que o espectador queira ver os esquadrões estelares do Real Madrid ou do Paris Saint-Germain, é ainda mais extraordinário quando um Leicester City ou uma Atalanta conseguem surpreender nas competições a despeito de todas as discrepâncias técnicas e/ou financeiras. Admita que você se emocionou quando o "humilde" Marrocos, da mesma forma, contrariou as expectativas em 2022 e chegou a uma semifinal de Copa do Mundo.

Eu admito que é muito mais interessante assistir e analisar um confronto entre um City contra um Barcelona. A atitude da UEFA e a tentativa de se criar uma Superliga Europeia, porém, não levam em conta o mérito esportivo, apenas o potencial de um time para gerar audiência. E isto é uma enorme contradição visto que, desta forma, não participariam as melhores equipes da Europa, apenas as mais ricas.



Imagem extraída de www.facebook.com/ChampionsLeague




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