quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Treta Estrangeira

Imagem extraída de www.facebook.com/FlamengoOficial



O Flamengo já contratou quatro treinadores estrangeiros desde a saída do português Jorge Jesus em 2020: o catalão/espanhol Dome, os também lusitanos Paulo Sousa e Vitor Pereira, e o argentino Jorge Sampaoli que está a frente do Rubro-Negro atualmente. E destes técnicos, três deles apresentaram problemas com os próprios jogadores.

Sousa entrou em rota de colisão com os próprios jogadores após uma crise que teve o goleiro Diego Alves como pivô. Pereira caiu porque utilizava seus atletas de maneira improvisada e fora de suas posições preferidas. Sampaoli, por fim, enfrentou o "caso Pedro" (que culminou na demissão de seu preparador físico) e ainda teve de lidar com o incidente envolvendo Gérson e Varela que saíram no braço.

Os treinadores estrangeiros, em especial os europeus, possuem muito mais autoridade em seus clubes. Já houve casos onde um técnico foi derrubado pelos próprios atletas no Velho Continente -os mais recentes foram o de Julian Nagelsmann no Bayern e o de Antonio Conte no Tottenham- mas, de modo geral, as instituições dão respaldo aos seus comandantes.

Pep Guardiola, por exemplo, não teve piedade em afastar Ronaldinho Gaúcho no Barcelona, Schweinsteiger no Bayern ou Hart no City a despeito dos jogadores serem ídolos em seus respectivos clubes. José Mourinho também encostou o capitão Iker Casillas no Real durante a temporada 2012-13. E em todos os casos mencionados, as instituições apoiaram as decisões dos técnicos.



Imagem extraída de www.facebook.com/FlamengoOficial



Os dirigentes brasileiros, em contrapartida, sempre preferem ficar ao lado dos atletas em situações de confronto com os técnicos. Primeiro porque os jogadores são "ativos" dos clubes e puní-los significaria desvalorizá-los acarretando em prejuízo para as instituições. E segundo porque é sempre mais fácil demitir um único funcionário (o treinador) do que vários (os futebolistas).

As quedas de Sousa e de Pereira do Flamengo, portanto, não foram motivadas apenas pelos maus resultados como também ambos foram considerados "intransigentes" pelo elenco e por alguns jornalistas. Sampaoli vem resistindo porque o Rubro-Negro já demitiu seis treinadores desde a saída de Jesus e o desligamento do argentino poderia enfraquecer a atual gestão, mas o técnico segue bastante contestado e ameaçado devido à instabilidade do time.

Os casos do Flamengo servem como alerta para os que desejam um treinador estrangeiro, seja nos clubes, seja na Seleção. O choque cultural é inevitável na maioria das vezes e nem sempre os resultados serão os esperados por mais talentosos ou vitoriosos que sejam os técnicos. A imensa maioria dos comandantes vindos de fora não está disposta a se curvar ante as "lideranças" do elenco e, tampouco, a aceitar palpites de "subalternos".

Sampaoli vem resistindo às criticas e à pressão por sua demissão, mas o time segue instável e o "caso Pedro" segue gerando ruídos no trabalho do argentino. Será que o treinador conseguirá quebrar a sina dos técnicos pós Jorge Jesus e prevalecer a despeito dos questionamentos? Ou terá o mesmo destino que Sousa e Pereira?



Imagem extraída de www.facebook.com/FlamengoOficial

 


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