sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Insider Gambling

Lucas Paquetá não foi convocado devido
às suspeitas de seu envolvimento com apostas
(reprodução www.instagram.com/lucaspaqueta).



Os sites de apostas são uma verdadeira mina de ouro no futebol mas também têm se tornado uma inesgotável fonte de controvérsias. Clubes, jogadores e árbitros já foram condenados por manipularem resultados no esporte -e tendo jogos de azar por trás de suas atitudes. E agora atletas estão sendo investigados acusados de apostarem em seus próprios times ou em si mesmos.

O primeiro caso de maior repercussão foi o de Kieran Trippier, divulgado em 2020. O lateral apostou em sua própria transferência do Tottenham para o Atlético de Madrid, sacramentada em 2019. A atitude do jogador, que atualmente defende o Newcastle United, lhe custou dez semanas de suspensão e uma multa de 70 mil Libras.

Um caso ainda mais grave foi o de Ivan Toney, que atualmente defende o Brentford. O atacante foi acusado de cometer 232 irregularidades envolvendo jogatina (todas admitidas pelo jogador) sendo que o atleta apostou 29 vezes em partidas envolvendo seu time, embora não haja comprovação de manipulação de resultados. O definidor inglês levou um gancho de 11 meses (pena atenuada por ter se confessado) e terá acompanhamento psiquiátrico/psicológico por alegar ser viciado em jogos de azar.

O caso que gerou mais repercussão no Brasil foi o de Lucas Paquetá, atualmente no West Ham. O meia está sendo acusado de ter cometido faltas propositais que teriam beneficiado apostadores. O armador ainda não foi julgado mas as suspeitas já lhe custaram uma transferência para o Manchester City (Guardiola pretendia repor a saída de Gündoğan com o brasileiro) e o atleta acabou fora dos jogos contra a Bolívia e contra o Peru devido às suspeitas.



Ivan Toney levou um gancho pesado por seu envolvimento
com apostas (reprodução www.instagram.com/ivantoney1).



Os sites de apostas dificilmente serão banidos, afinal sua participação no futebol aumentou exponencialmente durante os últimos anos e o negócio vem movimentando milhões de Dólares todos os anos. Até mesmo o Brasil, onde a jogatina era proibida por lei, realizou concessões e agora permite a veiculação de tais empresas nos meios de comunicação e também durantes as partidas (nos uniformes a nas placas de publicidade).

A jogatina, porém, já vem sendo alvo de restrições por parte das federações. A Serie A da Itália e La Liga na Espanha, por exemplo, não permitem mais que clubes sejam patrocinados por sites de apostas (o Real Madrid e o Milan já exibiram a logomarca da Bwin durante os anos 2000) e a Inglaterra deve seguir o mesmo caminho, segundo o blog Trivela.

Os jogadores, por sua vez, devem ter suas atividades cada vez mais monitoradas após os incidentes. A própria Inglaterra (onde os três casos citados neste texto ocorreram) proíbe atletas e seus familiares de realizarem apostas relacionadas ao futebol com o objetivo de preservar a integridade do esporte.

Os atletas, mais do que isso, possuem uma óbvia vantagem sobre os apostadores comuns ao realizarem jogatinas envolvendo futebol visto que eles podem controlar o desenrolar das partidas e têm acesso a informações privilegiadas no meio. Os próprios casos mencionados deixaram isto evidente. É como se fosse um insider trading, o que até poderia ser considerado crime dependendo da interpretação.

É muito tentador para um atleta se valer de sua profissão em jogatinas mas há leis e regras que impedem que jogadores obtenham vantagens injustas em relação aos demais apostadores. Mais do que isto, o esporte sempre deve ser limpo, justo e competitivo.



Kieran Trippier foi suspenso por dez semanas após
ter apostado em sua própria transferência
(reprodução www.instagram.com/ktrippier2).




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