sexta-feira, 11 de agosto de 2023

Coração de Jogador

Imagem extraída de www.facebook.com/Riyad.Mahrez.RM26.7



Guardiola, enquanto comandou o Barcelona entre 2008 e 2012, sempre teve preferência pelo jogo mais técnico e cadenciado. Quase todos os seus jogadores possuíam baixa estatura e eram fisicamente fracos. E alguns deles como Xavi eram lentos, combinando com a filosofia de que "a bola é quem deve correr, não o atleta". Assim sendo, os times do catalão raramente se notabilizavam pela força ou pelo improviso.

Confesso que fiquei surpreso quando o Manchester City anunciou o atacante Riyad Mahrez em julho de 2018. O argelino, que havia se destacado na fantástica geração 2015-16 do Leicester City, não parecia combinar com o estilo de Guardiola à primeira vista. É um jogador de muito talento mas se destacava muito mais pelas arrancadas, pela recomposição e, principalmente, pela raça em campo.

O africano, porém, rapidamente caiu no gosto do exigente catalão, atuando pela direita do ataque e também quebrando o galho como lateral por aquele lado quando necessário. Sua experiência na Premier League permitiu uma rápida adaptação ao novo clube. Guardiola também contribuiu com a ambientação do argelino ao aceitar influências da Alemanha e da própria Inglaterra, onde o estilo físico e a intensidade fazem a diferença nos gramados. Os próprios números do atleta refletiram isso.



Imagem extraída de www.facebook.com/Riyad.Mahrez.RM26.7



O argelino não era um jogador útil ao City apenas pelo talento ou pela técnica. Ele sempre aparecia quando os Citizens necessitavam de improviso para furar retrancas intransponíveis aos passes. Ou quando o time enfrentava placares desfavoráveis e o grupo necessitava de alguém para botar a bola sob o braço e indicar o caminho. Se Kevin de Bruyne era o cérebro da equipe, Mahrez certamente era o coração.

Mahrez, porém, perdeu espaço para Bernardo Silva (que atua com mais leveza que o argelino e, portanto, possui características mais adequadas ao estilo de Guardiola) e também para De Bruyne (que foi improvisado na ponta direita em alguns jogos) durante a atual temporada. Aos 31 anos e amargando a reserva, o africano aceitou a proposta do Al-Ahli e foi obter a sua "independência financeira" com os petrodólares da Arábia Saudita.

Os torcedores talvez não sintam lá muita falta de Mahrez durante um primeiro momento visto que o africano sempre foi um jogador de pouco marketing fora de campo e, por isso, bastante subestimado. Dentro das quatro linhas, porém, sua ausência será bastante notada visto que era o argelino quem motivava os companheiros a não se renderem quando tudo parecia perdido.

Mahrez é a demonstração que mesmo os artistas do futebol também necessitam de improviso e, principalmente, de atitude em campo. Sua saída foi uma grande perda para o City, principalmente sob o ponto de vista anímico.



Imagem extraída de www.facebook.com/Riyad.Mahrez.RM26.7




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