quarta-feira, 9 de agosto de 2023

E Agora, Pia?

Imagem extraída de www.facebook.com/CBF



O fracasso da Seleção Feminina na Copa do Mundo 2023 foi um verdadeiro balde de água fria nas expectativas do brasileiro. Era visível a euforia com a treinadora sueca Pia Sundhage que possui um currículo vitorioso e que traria a desejada "modernidade europeia" ao futebol feminino. Emissoras e patrocinadores abraçaram o projeto da empolgada CBF de popularizar a modalidade e investiram milhões no campeonato que, infelizmente, terminou mais cedo para as nossas meninas.

A campanha abaixo das expectativas revoltou fãs, emissoras, patrocinadores e dirigentes que pediram a demissão sumária de Pia após o fracasso na Austrália. A eliminação em um grupo "acessível" (composto por França, Jamaica e Panamá), o nervosismo das jogadoras em campo e algumas decisões da treinadora (como a demora nas substituições e o corte da veterana Cristiane) pesam contra a permanência da sueca, cujo contrato vai até a metade de 2024 quando serão realizados os Jogos Olímpicos de Paris.

Podemos argumentar em defesa da sueca o fato da profissionalização do futebol feminino ser um fato recente no Brasil, tanto que os clubes só passaram a dar importância à modalidade durante os últimos 10 anos por imposição da CONMEBOL, que ameaçou excluir de suas competições os times que não investissem também nas mulheres. Ademais, temos de reconhecer que Pia tentou ao máximo acabar com a dependência de Marta e de Cristiane, algo que pouquíssimos treinadores tiveram a coragem de realizar a despeito da dupla estar com mais de 30 anos. Cabe, por fim, reconhecer que o Escrete Canarinho não era favorito ao troféu justamente pela sua falta de tradição no torneio.



Imagem extraída de www.facebook.com/fifawomensworldcup



Pia, segundo jornalistas, teria pedido à CBF para permanecer na Seleção através de uma carta. O presidente da confederação, Ednaldo Rodrigues, já afirmou que "não tomará qualquer decisão de cabeça quente" e vem conduzindo o assunto a banho-maria apesar das pressões para a demissão da sueca.

É necessário reconhecer que o Brasil ainda é uma nação emergente no futebol feminino enquanto países como Estados Unidos (que também já foram embora para casa), Japão, Suécia e França já se encontram em outro nível de desenvolvimento na modalidade. Interromper o trabalho de Pia neste momento seria justo pelo desempenho ruim no Mundial, mas também seria descontinuar o projeto de elevar a categoria a outros patamares afinal a sueca possui um currículo vitorioso, traz em seu DNA a tradição do esporte e ainda tem muito a nos ensinar sob diversos pontos de vista.

O desempenho de Pia no Mundial, por fim, também serve de alerta ao futebol masculino: mesmo um treinador estrangeiro e de currículo vitorioso não oferece garantia de títulos, sobretudo em um projeto a curto prazo. Ancelotti, Guardiola, Mourinho e tantos outros são vencedores mas também já cometeram erros no banco de reservas e já viram troféus escaparem entre seus dedos.

Há, portanto, argumentos prós e contra a permanência de Pia Sundhage na Seleção Feminina. Ela teve responsabilidade na eliminação precoce do Brasil mas a sueca ainda é a grande oportunidade de elevar o nosso futebol feminino a outros patamares a longo prazo. Que a decisão não seja tomada de "cabeça quente", como afirmou o presidente Ednaldo Rodrigues.



Imagem extraída de www.facebook.com/fifawomensworldcup




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